24 de jul. de 2010

Dica do Xaxim: Kevin Gilbert - The Shaming of the True (2000)


A dica da semana passada me fez recordar de outro jovem e promissor artista que infelizmente morreu muito cedo e com pouco reconhecimento. Kevin Gilbert é conhecido por alguns por ter namorado a cantora Sheryl Crow, tendo inclusive ajudado a compor boa parte de seu disco de estreia (o bom Tuesday Night Music Club), e por ter colaborado na engenharia de som de artistas como Madonna e Michael Jackson.

Em seu próprio trabalho, entretanto, a praia do cara foi o rock progressivo moderno misturado com rock/pop. Dono de um enorme talento para compor melodias efetivas pra lá de agradáveis, além de bom cantor e bom multi-instrumentista, ele gravou dois discos com a banda Giraffe (*) e outro com o Toy Matinee, que nunca tiveram sucesso comercial, apesar de bons discos. Além disso, participou da mixagem dos dois primeiros do Spock’s Beard, desenvolvendo especial amizade com o baterista Nick D’Virgilio.

Em 1995, ele gravou também um disco solo, o bom Thud, e morreu em 1996, quando contava apenas 29 anos. Quatro anos mais tarde, o baterista do Spock’s Beard foi convidado a finalizar as gravações do que seria seu segundo disco solo, The Shaming of the True. Mesmo com todos os vocais do compositor (que ficaram muito bons), nota-se que o baterista empenhou-se em engrandecer o nome de seu amigo, porque o resultado é um discaço, talvez o melhor disco póstumo que já ouvi.

O álbum é conceitual e gira em torno da estória de Johnny Virgil, um jovem e talentoso músico que conhece o sucesso de uma hora pra outra, quando começa a enfrentar os problemas de quem passa por este tipo de situação (exageros, frustrações, até mesmo raiva e vergonha). Apesar da temática sombria, o disco alterna de forma magistral momentos de empolgação do personagem com outros mais raivosos e outras baladas mais introspectivas, sempre mesclando elementos de progressivo com pop de muita qualidade.

Musicalmente, as influências de Genesis, Gentle Giant (em algumas polifonias vocais) e David Bowie são nítidas, mas é importante dizer que o disco tem uma personalidade própria e a mistura é diferente das influências citadas. O disco tem vários destaques, mas cito como minhas favoritas as faixas “Parade”, “Water Under the Bridge”, “The Way Back Home” (esta, em especial, seria destaque em qualquer disco do Genesis da década de 80 em diante) e “Johnny’s Last Song”, que mostra de forma magistral o ocaso de um artista que não se arrepende de ter conhecido o sucesso, cometido exageros, largado tudo e voltado para casa.

Infelizmente, isso não aonteceu com o próprio compositor, que não conheceu tamanho sucesso sabe-se lá por que e voltou pra sua casa mais cedo do que imaginava.

(*) Informação corrigida graças ao João Affonso, fãzaço do Kevin Gilbert e quem me indicou o disco já há bastante tempo. Valeu!

20 de jul. de 2010

Um ano!



Ontem o blog completou um ano de existência e hoje chegou a 1000 visitas!

É muito mais do que eu imaginava quando resolvi criá-lo. Agradeço a todos os que passaram por aqui!

Abraços,
Sergio

18 de jul. de 2010

Dica do Xaxim: Jeff Buckley - Grace (1994)


Um grande amigo me comentou nesta semana que cada pessoa tem uma relação de discos que você ouve volta e meia, com o mesmo prazer sempre, e sabe que vai ser assim pra vida toda. Nestas relações há discos que você parece gostar mais do que a média.

Fiquei pensando nisso enquanto ouvia alguns dos discos que constam na relação deste meu amigo. Enquanto montava a minha própria lista, me lembrei de um disco que não é tão desconhecido, mas que em minha opinião merece reconhecimento muito maior que o que já tem, perfeito para constar no blog.

Grace é o único disco de Jeff Buckley, filho do famoso Tim Buckley, bom cantor do fim da década de 60 / começo da década de 70. Lamentavelmente, Jeff morreu afogado na época em que seu segundo disco estava no forno. Apesar da curta carreira, seu legado musical é enorme, por dois motivos. Primeiro, porque ele era um cantor excepcional, com grande amplitude e ótima afinação, além de ótimo intérprete. Segundo, porque seu disco é muito, mas muito bom.

É difícil classificar o estilo musical desse legado, de tão eclético. O estilo que predomina é o rock, com certeza, apesar de incursões em outros estilos, como em “Hallelujah”, brilhante regravação da música de Leonard Cohen com uma performance soberba do vocalista, e “Lilac Wine”, uma daquelas músicas melancólicas que remetem ao começo do século passado, cantada de um jeito tão legal que caberia perfeitamente na voz do Freddie Mercury. Sim, o cara era bom desse jeito.

Dentro do rock, o estilo que predomina é o alternativo, e dos bons, dando lugar de vez em quando a trechos inspirados em blues. As estruturas são padronizadas, com refrões bem definidos, riffs marcados e algo repetitivos, sempre com bons arranjos, além de algumas variações realçadas pelos sempre ótimos vocais. O que chama a atenção é como o vocalista consegue transitar tão bem entre estilos melancólicos e/ou suaves e outros mais agressivos, às vezes em uma mesma música.

O grande destaque do disco, entretanto, é o rock / pop mostrado em toda sua plenitude em “Last Goodbye”. É daquelas músicas que grudam no ouvido, com um riff bacana e um vocal emocionante, variado na medida certa, perfeito. Apesar de não fechar o disco, o título é curioso dados os acontecimentos trágicos que vieram depois. Apesar de Grace ser o único e último adeus deste artista que tinha tudo para ser brilhante, seus resultados por si só justificam tal reconhecimento.

11 de jul. de 2010

Dica do Xaxim: The Gourishankar - 2nd Hands (2007)


Não sou lá grande fã de discos que misturam progressivo com fusion. Eles tendem a me enjoar na terceira ou quarta música, seja porque há algumas músicas intermináveis, seja porque os temas meio que se repetem, seja porque na maioria dos casos a virtuose se sobrepõe à melodia.

Isso não acontece com 2nd Hands, que como o nome sugere, é o segundo disco da banda russa The Gourishankar. Primeiro, porque o disco é equilibrado e o fusion se torna apenas uma influência ao ceder espaço ao rock progressivo moderno, e dos bons. Segundo, porque ao equilibrar os estilos, há mais espaço para melodias. E terceiro, os caras não deixam de mostrar virtuosismo em seus instrumentos.

O disco abre com a instrumental “Moon7”, que conta com dez minutos de duração, uma salada de estilos que varia os temas de forma frenética. Tem trechos pesados, outros “swingados”, outros mais melódicos em que os teclados se destacam, outros mais lentos com melodias sinfônicas lindas de se ouvir. A música é uma viagem, daquelas que prendem a atenção do início ao fim.

A fórmula se repete ao longo de todo o disco, com muitas variações de estilos em uma mesma música (até um curto trecho de reggae entra na jogada) e a adição de sons eletrônicos. Apesar dos vocais de Vlad MJ Whiner serem apenas razoáveis, as melodias vocais são agradáveis e não comprometem em nada o álbum.

Poucas faixas não são boas, mas estão longe de desagradar e mantêm o pique do disco durante toda sua duração. As que eu mais gosto são a já citada “Moon7” (que pode ser conferida na íntegra neste link), “Endless Drama”, “Syx” (esta também instrumental) e "...End".

Em resumo, 2nd Hands é um bom álbum que mostra uma banda madura, competente e criativa. Vale a pena ficar de olho nesses caras.

4 de jul. de 2010

Dica do Xaxim: Christina Booth - Broken Lives & Bleeding Hearts (2010)


Como já comentei, de vez em quando topo com um bom disco pop. Neste caso específico, a audição do primeiro disco solo lançado pela Christina Booth, vocalista da banda galesa Magenta, era obrigatória.

Escrevi na dica do disco de estreia do Parzivals Eye que achei muito boa a participação da vocalista, uma vez que a considero a melhor vocalista da atualidade. Ela tem uma voz pra lá de agradável e afinadíssima tanto em tons altos quanto em baixos, além de ser boa intérprete. Por isso, aguardei ansiosamente o lançamento de Broken Lives & Bleeding Hearts.

Eu já esperava por um disco pop, com muito pouco de rock e ainda menos de progressivo. Na verdade, ela já mostrou esse lado antes no disco do Trippa, sua primeira colaboração com o parceiro Rob Reed (tecladista e principal compositor do Magenta), que também ajuda na produção e nos teclados do primeiro disco solo da vocalista.

Responsável por todas as composições, ela se mostra muito segura ao longo de todo o disco, que apresenta estruturas simples em estilos variados, que vão de baladas acústicas ao pop/rock de rádio, passando por músicas com batidas mais eletrônicas, por vezes até dançantes. Como destaques, cito a faixa de abertura, “Free”, que tem uma melodia daquelas que grudam na cabeça, “Hanging by a Thread”, que tem um swing muito legal, e a versão eletrônica de “Deep Oceans”, que encerra o disco.

Em seu disco solo, Christina Booth se afirma como uma grande intérprete. Além da bela voz, me impressiona o fato de que ela se sai muito bem em estilos tão diversos como o pop eletrônico dançante e o rock progressivo. Enfim, é uma vocalista de mão cheia que certamente merece reconhecimento muito maior que o que tem.

Até!

Nova categoria


Diferentemente do ano passado, em que postei uma série de dicas restrita aos melhores do ano, desta vez resolvi criar uma nova categoria chamada “Melhores de 2010”, e que começará a ser postada em breve.

O motivo pelo qual não tenho postado dicas de bons discos de rock progressivo lançados recentemente, infelizmente, se deve também ao fato de que não tenho ouvido muitos bons discos lançados neste ano.

De qualquer forma, resolvi criar a nova categoria para facilitar a procura e para poder postar outras dicas de bons discos, sem a necessidade de reservar uma série ininterrupta de postagens. Em outras palavras, como escrevi desde o primeiro post, não quero que este blog tenha compromissos ou regras.

Dito isso, daqui a pouco publico outra dica. ;-)

Abraços!