31 de out. de 2010

Melhores de 2010: Karnataka - The Gathering Light


No começo do ano escrevi duas dicas sobre a banda galesa Karnataka, nas quais especulei também sobre as bandas que derivaram de seu fim e que em minha opinião não atingiram o mesmo patamar (as dicas podem ser encontradas aqui). Eis que, para minha surpresa, o baixista Ian Jones, único remanescente da banda original, resolve lançar depois de seis anos um novo disco da banda com uma formação completamente diferente.

O resultado, The Gathering Light, é um disco bem legal. Como se trata de uma formação quase que inteiramente nova, é natural que o disco apresente mudanças em relação à formação original. Mais progressivo e elétrico que os anteriores, a “nova banda” mostra por vezes um som mais antenado com as tendências atuais, casos de “Your World” (com uma boa levada pop) e “Tide to Fall”. Em outras faixas, há uma influência maior de rock sinfônico, como na instrumental “State of Grace”, além da faixa-título, que também tem algo de música celta.

Mais do que poder ouvir um bom disco de rock progressivo misturado com pop, entretanto, é que dois fatos que o cercam chamam a atenção. Primeiro, a capacidade do baixista, que não é nada de outro mundo, de reunir gente competente a seu lado. Todos os músicos se saem bem ao longo do álbum, especialmente a boa vocalista Lisa Fury, também dona de um timbre algo grave e que não fica devendo muito à grande Rachel Jones.

Segundo, o fato de que outra boa formação como essa dura pouco. Pouco depois do lançamento do disco, a vocalista e mais dois integrantes decidiram deixar a banda, sem revelar os motivos, como da outra vez. Respondendo às minhas especulações, a melhor banda que derivou do Karnataka foi o... Karnataka. Mas esta também já não existe mais, o que me leva a especular se o baixista não tem também a mania de destruir as belas coisas que ajuda a criar.

22 de out. de 2010

Dica do Xaxim: Renaissance - A Song for All Seasons (1978)


Já faz um tempo que não posto uma dica de um bom disco de uma banda conhecida que não seja tão reconhecido. Não que a banda inglesa Renaissance seja muito conhecida do público em geral, mas muita gente que curte o progressivo sinfônico conhece.

A Song for All Seasons, gravado em 1978, apresenta duas mudanças no som da banda. Em seu segundo disco lançado por uma grande gravadora, nota-se claramente a tentativa de apresentar um som mais acessível ao público em geral, tanto que “Northern Lights”, talvez a música mais conhecida do grupo, foi tema de um seriado de TV na época.

Tal tentativa tem bons resultados em algumas faixas, como na citada “Northern Lights” e em “Closer Than Yesterday”, que não diferem muito das músicas mais curtas de discos anteriores. Em outras, entretanto, o resultado não é tão bom, principalmente devido à segunda mudança no som da banda: o competente baixista Jon Camp assume com mais freqüência os vocais principais. Ele até tem uma voz correta, mas não é páreo para a magistral Annie Haslam.

Mesmo com algumas críticas, o disco é bom, por dois motivos: primeiro, porque conta com a excepcional vocalista. Eu poderia escrever um livro elogiando essa moça, mas vou resumir dizendo que nunca ouvi alguém tão afinado com tamanha amplitude vocal, o que para mim só pode ser explicado como sendo um dom.

Segundo, porque o grupo se mostra em toda sua plenitude nas duas faixas mais longas do disco, “Day of the Dreamer” e a faixa-título. Ambas não fazem feio frente às obras mais conhecidas da banda e por si só já valem o álbum. A última, em especial, é uma das melhores performances do Renaissance, com sua marca registrada que apresenta o rock sinfônico e acústico, em arranjos sublimes acompanhados de uma voz angelical.

Até a próxima!

16 de out. de 2010

Dica do Xaxim: Carol of Harvest - Carol of Harvest (1978)


Durante a década de 70, algumas bandas procuraram misturar rock e folk, com variáveis doses de rock progressivo. Poucas delas alcançaram grande sucesso, como Led Zeppelin e Jethro Tull, ou tiveram algum reconhecimento, como Renaissance e Fairport Convention.

Há várias outras, entretanto, que passaram despercebidas. É o caso da banda alemã Carol of Harvest, que lançou um único álbum de mesmo nome em 1978 e que não teve reconhecimento algum. Não se sabe direito onde foram parar os membros da banda, e esse disco em sua versão original atualmente é item de colecionador. Não à toa, porque se trata de um álbum acima da média.

Contando com a boa vocalista Beate Krause, que por vezes lembra a Annie Haslam do Renaissance, a banda apresenta um som acústico, com bons violões sempre abrilhantados pela vocalista (caso de “Treary Eyes”). Em algumas faixas, entretanto, a banda se solta e mostra um rock competente, com boas guitarras e teclados, embora com menos brilho por parte da vocalista (casos de “Put on Your Nightcap” e “Try a Little Bit”).

Carol of Harvest é um bom e desconhecido disco gravado no final da década de ouro do rock. Por sorte ele foi relançado em CD com algumas faixas ao vivo, que não constam na versão original. Apesar do som destas faixas não estar lá dos melhores, o simples fato de disponibilizar um álbum legal e raro já é digno de aplausos.

3 de out. de 2010

Melhores de 2010: David Minasian - Random Acts of Beauty


David Minasian é um músico americano conhecido por produzir DVDs de bandas de rock progressivo. Seu trabalho mais elogiado é o vídeo Coming of Age, da banda Camel (que dispensa apresentações). Neste ano, ele resolveu mostrar suas músicas e lançou Random Acts of Beauty, gravando quase todos os instrumentos exceto guitarras.

O álbum não apresenta novidades em termos musicais, mas dá pra dizer que o cara foi muito bem-sucedido. A principal influência é o citado Camel, com aquelas progressões sinfônicas lentas e constantes recheadas de ótimos solos de guitarra e teclados (o disco conta inclusive com a participação do ótimo Andrew Latimer na faixa que abre o disco, a ótima “Masquerade”). Também podem ser percebidas influências de Pink Floyd em alguns momentos.

As músicas que mais se destacam são a já citada “Masquerade”, “Blue Rain”, “Frozen in Time”, música instrumental de quase 15 minutos que alterna passagens com arranjos delicados e outras mais bombásticas, contando inclusive com algumas guitarras um pouco mais distorcidas, e “Summer’s End”, que tem melodias bem legais e que impressionam.

Aproveito para agradecer mais uma vez meu amigo André, que foi quem me indicou este bom disco que consta na minha relação de melhores de 2010. Ele também escreveu um comentário sobre o álbum no blog Alerta Geral, que ficou muito bom e que pode ser acessado aqui. Recomendo tanto o blog quanto os textos que ele publica por lá.

Até a próxima!