13 de out. de 2012

Marillion em São Paulo (11/10/2012)


Depois de 15 anos, o Marillion voltou ao Brasil e se apresentou em São Paulo. Com disco recém-lançado (veja a dica anterior a este post), eu esperava que o set list privilegiasse as novas músicas, mas não foi bem isso o que aconteceu.

A casa não estava lotada, mas contou com um bom público. Eu esperava que o show abrisse com “Gaza”, primeira faixa do novo disco, mas a primeira música foi “Splintering Heart”, para mim uma grata surpresa. A progressão inicial foi tocada de forma perfeita, e os primeiros versos foram cantados pelo vocalista Steve Hogarth no balcão, e não no palco, surpreendendo a todos.

Depois dessa faixa inesperada, que ficou ótima ao vivo e que me lembrou do show deles por aqui em 1992, os caras tocaram outra música “improvável”: “Slainte Mhath”, que também ficou bem legal. Essas duas músicas sozinhas praticamente valeram o ingresso.

Depois do ótimo começo, os caras não conseguiram manter o mesmo pique. A próxima faixa, “You’re Gone”, até ficou legal ao vivo, embora sem o mesmo impacto das anteriores. Seguiu-se então a primeira música do disco novo, a faixa-título. Apesar de bem executada, a música não empolgou, especialmente quando comparada com as duas surpresas iniciais, e deu uma esfriada no público.

A partir daí, a banda tocou “Beautiful”, que fez sucesso por aqui na época de seu lançamento, seguida de “Power”, boa escolha do disco novo, que levantou um pouco o astral. Teve início uma série de baladas, incluindo a manjadíssima “Kayleigh” (que infelizmente não incluiu “Lavender”) e “The Sky Above the Rain”, outra boa escolha do novo disco, mas que também não empolgou muito.

As coisas melhoraram um pouco no final, com “Real Tears for Sale”, a melhor música do disco Happiness Is the Road, de 2008, seguida de “Afraid of Sunlight”, esta uma grande balada, e “Neverland”, que é ótima ao vivo com aquela parte cantada cheia de ecos no final.

Para o bis, a banda escolheu “The Invisible Man”, que trouxe o nível de volta ao do início do show, embora não esteja entre minhas preferidas. A última música foi “Sugar Mice”, mais uma ótima balada, com o guitarrista Steve Rothery inspirado (como em todo o show), mas que é uma música questionável para o encerramento.

No todo, o show foi legal, mas eu esperava mais. Acho que a banda poderia ter privilegiado músicas mais agitadas e tocado menos baladas. Quanto às escolhas do novo disco, achei que foram corretas. A banda esteve bem como um todo, exceto por uma falha no baixo de Pete Trewavas, com destaque também para o baterista Ian Mosley, preciso como sempre.

Até a próxima!

6 de out. de 2012

Dica do Xaxim: Marillion - Sounds that Can't Be Made (2012)


No começo da carreira, o Marillion era criticado por não mudar seu som. Com a mudança de vocalista (leia a dica aqui), a banda passou a explorar novas possibilidades. Em alguns casos, foi bem-sucedida, em outros nem tanto. E foi criticada por isso.

Sounds that Can’t Be Made é o novo disco do grupo, lançado no mês passado. Neste novo trabalho, a banda volta a apostar em mudanças em seu som, embora parte do novo álbum lembre nos arranjos o bastante elogiado Marbles, lançado em 2004. No todo, entretanto, mesmo contando com bons momentos, o novo trabalho não é tão bem sucedido.

Marbles mostrou os caras querendo estabelecer uma mudança definitiva em seu som, algo ensaiado desde os três discos anteriores, Radiation, Marillion.com e Anoraknophobia, todos trabalhos apenas razoáveis. Misturando de forma inspirada tendências modernas e batidas eletrônicas com as melodias que sempre foram características da banda, o disco duplo lançado em 2004 representa um marco na história do grupo ao mostrar que eles souberam mais uma vez se reinventar, desta vez com bons resultados.

É nesse aspecto que o novo trabalho se assemelha a Marbles. Nos anos posteriores, em Somewhere Else a banda mostrou uma tendência minimalista, até antenada com as tendências da época, mas com resultados questionáveis. Já em Happiness Is the Road, a banda enveredou novamente em um disco duplo e tentou recuperar algo de seu som característico, que contém alguns momentos legais, mas é apenas razoável em sua maior parte.

Já o novo disco mostra uma banda mais madura. Como já foi citado, os arranjos lembram em alguns momentos o disco de 2004, mas são diferentes. Para começar, a banda continua incorporando novas tendências ao seu som, com algumas passagens mais bombásticas. Há menos espaço para batidas eletrônicas e mais espaço para arranjos melódicos, com doses de rock progressivo.

Mas o que me chamou mesmo a atenção foram as mudanças nas melodias. O novo trabalho tem pouco das características históricas da banda. As novas melodias e os novos arranjos na maior parte do tempo são diferentes (e que em alguns casos poderiam ser melhor trabalhados), mas com trechos que continuam efetivos, em alguns momentos brilhantes.

A faixa de abertura, “Gaza”, conta com 17 minutos, mas não é uma nova “Ocean Cloud” (que é ótima), já que a nova longa faixa incorpora tendências mais modernas, influências de world music e temas políticos. Da mesma forma, “Power”, música destinada a single, apresenta tendências modernas como “You’re Gone” (que é muito boa), mas sem ênfase em batidas eletrônicas, privilegiando grandes melodias vocais.

As comparações entre os dois trabalhos não param por aí. Este novo trabalho apresenta também outros pontos a melhorar, sendo o principal que algumas faixas demoram a engrenar, começando de um jeito meio chato e melhorando muito da metade para o final. De qualquer forma, Sounds that Can’t Be Made é um trabalho honesto de uma banda madura, que se apresenta por aqui em breve após longa ausência. Falarei mais sobre minhas impressões do show.

Até!