23 de set. de 2012

Dica do Xaxim: Echolyn - echolyn (2012)


Faz já um tempo escrevi sobre o sensacional disco Mei, da banda Echolyn, que é pouco conhecida. Depois dessa obra-prima, os caras lançaram o bom The End is Beautiful em 2005, e desde então entraram em um longo período de inatividade, o que é uma pena.

Até agora. A banda está de volta com echolyn, que é bem legal, mas que vai trazer alguma confusão com o disco de estreia dos caras lançado em 1991 e que tem o mesmo nome, o que torna as comparações inevitáveis, mesmo levando-se em consideração tantos anos de diferença.

Desde o primeiro disco, os caras mostraram que tinham algo diferente. Donos de um estilo claramente influenciado por Gentle Giant, mas adaptado a um jeito mais americano de tocar música e com letras inteligentes, por vezes ácidas, seu álbum de estreia mostrou uma banda que sabia o que queria fazer. Mesmo sem grande produção, o ámbum não tem músicas ruins e apresenta em “The Velveteen Rabbit” uma faixa maravilhosa e irretocável.

O novo disco mantém um pouco do estilo do primeiro álbum, mas mostra uma banda muito mais madura. Ao longo de sua discografia, a banda foi gradativamente apresentando faixas mais leves, flertando com pop de bom gosto e com melodias influenciadas pelos Beatles. E é essa mistura que agrada no novo trabalho.

O disco é recheado de arranjos mais sinfônicos, com uso efetivo de cordas, lembrando em partes seu antecessor. O novo trabalho dosa melhor momentos mais roqueiros, em que a banda mostra toda sua competência, com outras baladas, que não chegam a ser novidade no repertório da banda. O que é diferente no novo disco é que ele é composto em sua maioria de faixas mais longas, com variações, progressões e regressões bem arranjadas, mesmo nas baladas.

Não se trata de um disco que agrada logo de cara. Precisei ouvi-lo algumas vezes, e a cada audição fui apreciando mais e mais o som. Assim como no primeiro disco do grupo, este novo álbum não tem músicas ruins e também conta com uma faixa irretocável chamada “Island”, mas é mais variado e mescla melhor os estilos dos principais compositores da banda, o vocalista Ray Weston e o guitarrista Brett Kull.

Outra faixa de destaque é “(Speaking in) Lampblack”, uma balada climática de 10 minutos, com melodias que tiram o fôlego, especialmente em sua progressão final que conta com ótimas polifonias vocais. Segundo o guitarrista, esta faixa foi influenciada pelo trabalho que ele fez com Francis Dunnery (ex-It Bites), que tem uma boa e desconhecida carreira solo e sobre o qual comentarei em breve. De fato, a música mostra um lado pop que é inspiradíssimo e raro!

De resto, a banda se mostra competente como sempre, com destaque para o ótimo baterista Paul Ramsey. Se a dica te interessou mas você ficou em dúvida sobre qual dos dois discos deve experimentar, este último ou o primeiro, eu sugiro que tente ambos!

Até!

13 de set. de 2012

Homenagem: Yes - Close to the Edge (1972)


Hoje, 13 de setembro, um grande disco faz 40 anos de idade. Lá em 1972, uma das maiores e mais inovadoras bandas de rock da história lançava com sua melhor formação aquele que seria seu melhor álbum, entre tantos grandes trabalhos. Isso não é pouca coisa.

Close to the Edge é o disco mais ousado de uma banda ousada. Embora outras bandas apresentassem a mesma proposta, ninguém levou o rock sinfônico com tanta competência quanto o Yes. Neste álbum, mesmo sem usar instrumentos sinfônicos propriamente ditos, a banda apresentou três faixas distintas com momentos capazes de fazer inveja a qualquer orquestra.

Alguns dirão que os trabalhos mais ousados da banda são os posteriores Tales from Topographic Oceans e Relayer. De fato, ambos contêm propostas mais ousadas, o primeiro por apresentar quatro longas faixas em um disco duplo e o segundo por conter mais influências de jazz, com resultados também impressionantes. Mas Close to the Edge foi o pioneiro em termos de ousadia, por três motivos.

Primeiro, porque foi a primeira vez em que a banda decidiu apresentar na faixa-título uma longa e complexa obra de quase 20 minutos, cheia de variações; ao também demonstrar em “Siberian Khatru” as influências de jazz em uma performance memorável; e ao trazer ao mundo “And You and I”, uma música épica e melódica que sintetiza a proposta da banda. Em resumo, foi o trabalho em que o grupo se mostrou mais inspirado e que mostrou seus melhores resultados.

Mais do que as ótimas composições, todos os integrantes se mostram em seu ápice. Começando com as melodias, Steve Howe, o guitarrista dos timbres diferentes, pega fogo neste disco, se fazendo presente em solos sensacionais e em arranjos belíssimos. Já o também virtuoso Rick Wakeman, o tecladista de capa, gravou um dos melhores solos de órgão da história na faixa-título e mostra grandes arranjos no resto do disco.

Além das melodias, toda boa banda que se preze tem uma cozinha rítmica que impressiona, e nenhuma dupla impressiona mais que o baixista e o baterista deste disco. Dono de uma imensa precisão para contrapartes herdada do jazz, Bill Bruford se mostra um baterista diferente, com arranjos fora do normal. E o que dizer de Chris Squire, provavelmente o baixista mais inquieto do rock? Neste disco, com seus tons graves e agudos que agregam tanto ao ritmo quanto à melodia, o grande baixista se reafirma como um dos expoentes do instrumento.

Por fim, as melodias vocais de Jon Anderson fazem das músicas uma viagem completa. Muito criativo e apoiado por polifonias vocais maravilhosas e pra lá de inspiradas, o vocalista, embora não seja um grande um grande cantor, consegue se destacar em meio a tanta coisa boa rolando. O fato de que seja um dos mentores da banda só faz engrandecer sua genialidade.

Senhoras e senhores, eis o melhor disco de todos os tempos! Se você já o conhece, ouça-o de novo, e de novo, e de novo. Se você ainda não o conhece, ouça-o correndo! E de novo, e de novo, e de novo...

2 de set. de 2012

Dica do Xaxim: The Amber Light - Goodbye to Dusk, Farewell to Dawn (2004)


Não é muito frequente encontrar um bom disco de estreia de uma banda formada por garotos. Também é pouco frequente encontrar uma banda que conte com um cantor excepcional. Juntar as duas coisas é algo ainda mais raro, mais do que apropriado para uma dica.

Goodbye to Dusk, Farewell to Dawn foi lançado pela banda alemã The Amber Light em 2004. Naquela época, todos os quatro integrantes tinham por volta de 20 anos de idade, e seu trabalho de estreia apresenta boas composições que privilegiam o rock climático, com influências de pop e de progressivo, mas que não se restringem a isso.

A maioria das faixas do disco apresenta ótimas melodias, em sua maioria simples, mas muito efetivas. É daqueles álbuns que dão ênfase nos arranjos, que são todos excelentes e que prendem a atenção do ouvinte do início ao fim. Todos os instrumentos se encaixam bem nos arranjos e é difícil apontar um que se destaque. Quando isso acontece, tem-se um disco acima da média.

A banda também faz uso muito efetivo de progressões e regressões ao longo das músicas, quase sempre sobre uma mesma melodia que serve de base. Assim, apesar de não demonstrar grandes variações nos temas, os diferentes arranjos passam a clara impressão de que a banda soube o que estava fazendo, atingindo ótimos resultados.

Não bastasse tudo isso, a banda conta com o excelente Luis Gabbiani nos vocais. Também responsável pelos teclados, o cantor se apresenta muito afinado, além de ser ótimo intérprete, acompanhando os diferentes arranjos também com a voz em diferentes tons suaves ou fortes e até cantando um trecho em espanhol em uma das faixas. Como resultado, os versos se encaixam com perfeição aos já ótimos arranjos.

Toda vez que ouço este álbum fico impressionado com o fato de que uma banda tão jovem tenha conseguido compor e gravar um disco tão maduro e coeso. É uma pena que o segundo disco dos caras não chega nem perto de seu trabalho de estreia e que o vocalista tenha deixado a banda. Mesmo assim, Goodbye to Dusk, Farewell to Dawn já é um feito digno de aplausos.

Até!