12 de fev. de 2011

Dica do Xaxim: The Third Ending - The Third Ending (2006)


Estive revisitando o ótimo disco de estreia (e por enquanto o único) da banda australiana The Third Ending, e me lembrei de que em 2007 escrevi uma resenha sobre o disco no site ProgBrasil, cujo link pode ser encontrado na seção de bons sites do lado direito da página.

Como minhas opiniões sobre o álbum continuam essencialmente as mesmas e a banda ainda é pouco conhecida, o que se encaixa no perfil das Dicas do Xaxim, resolvi republicar o texto por aqui, em itálico e com uma ou outra edição. Como sempre, espero que vocês curtam mais esta dica!

A grande maioria das principais bandas que fizeram sucesso no mundo progressivo a partir do fim da década de 80 e início da década de 90 derivaram seus sons de outras bandas progressivas, adicionaram elementos não chamados de progressivos até então e criaram seu próprio som.

Citarei aqui três exemplos. O Dream Theater misturou o power metal do fim da década de 80 a composições longas e estruturas típicas do progressivo tradicional dos anos 70 com o uso de teclados, o que, aliado à extrema competência de seus músicos, fez com que a banda se tornasse o principal expoente do chamado prog-metal.

O Porcupine Tree se influenciou do prog psicodélico do Pink Floyd e o misturou com o som mais depressivo do Radiohead, o que, aliado a belas melodias vocais, a um som típico do metal moderno e à extrema competência de Steven Wilson e seus comparsas, fez com que a banda se transformasse no principal expoente do progressivo atual.

O Spock's Beard em vários momentos lembra as estruturas de bandas clássicas do progressivo dos anos 70 (Gentle Giant, Genesis e Yes me parecem as influências mais evidentes), misturando todas essas características numa banda única, o que, aliado a guitarras distorcidas típicas do grunge do início dos anos 90 e à extrema competência e carisma do Neal Morse, fez com que a banda se transformasse em uma das principais responsáveis por mais um renascimento do progressivo tradicional.

Não se pretende aqui incluir uma tese sobre o desenvolvimento do progressivo atual ou enaltecer as bandas citadas e outras que não foram citadas. O que se pretende demonstrar é o que está descrito no primeiro parágrafo, ou seja, que bandas são influenciadas por outras e que, se forem bastante competentes, acabam criando sua própria identidade.

De qualquer forma, você que lê esta humilde resenha deve estar se perguntando o motivo de eu citar estas três bandas que derivam de outras. Eu devolvo a pergunta: independentemente de concordar ou não com minhas opiniões, consegui despertar sua atenção ao citar estas três bandas? Se consegui, é provável que esta resenha seja de seu interesse.

The Third Ending, disco de estreia de mesmo nome da banda australiana (mais precisamente da Tasmânia), é um álbum que deriva de outras bandas. Mais especificamente, do som do Dream Theater, ao incluir alguns trechos de prog-metal (caso da ótima instrumental "Tungsten Blues" e de trechos da suíte final); do som do Porcupine Tree, ao incluir sons mais eletrônicos, progressões com belos solos e melodias mais depressivas (casos de "Eleven", "Back Home", "Can You Hear Me?" e de trechos da suíte final).

E do som do Spock's Beard, ao incluir órgão e belas melodias vocais que grudam na cabeça aliadas ao som de pianos e violões em arranjos muito bem pensados (caso de "Can You Hear Me?"); ao incluir uma suíte dividida em várias partes (caso da suíte final, cuja estrutura remete a "The Healing Colours of Sound", que vai de "Fingerprints" até "Fingerprints (reprise)", e que conta com um refrão revisitado em outro arranjo); isso sem falar nas ótimas melodias vocais e no timbre do vocalista Nick Storr.

O que chama muito a atenção no disco é que essas derivações são evidentes e mesmo assim o resultado final é excelente, assim como nos discos das bandas das quais o The Third Ending deriva. Isso acontece ao meu ver por um motivo quase óbvio: a banda mistura suas várias influências em uma mesma música, o que parece simples, mas raramente isso é executado com tamanha competência porque exige enorme esforço de composição para não se tornar meramente derivativo, e é isso o que confere à banda uma identidade própria, exatamente como feito anteriormente pelas grandes bandas que a influenciaram.

Não há uma única música neste disco que não seja no mínimo boa, e por isso é difícil encontrar destaques, o que é um ótimo sinal. Este álbum é daqueles que deixam o ouvinte viajando e querendo mais, o que é um enorme feito para um disco de estreia. Fica aqui a torcida para que esses caras mantenham esse nível nos discos seguintes, porque o primeiro já é um disco de gente grande e talentosa.

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