25 de fev. de 2012

Melhores de 2011: Agents of Mercy - The Black Forest


Não dá pra dizer que Roine Stolt, o líder do The Flower Kings, não seja um cara ativo. Entretanto, ele tem aparecido em projetos paralelos, como a banda Agents of Mercy, que lançou seu terceiro disco em três anos.

Como o último álbum de sua banda principal, The Sum of No Evil, foi lançado em 2007, e o progressivo sinfônico do Agents of Mercy é basicamente o mesmo do The Flower Kings , há especulações quanto ao futuro de uma das maiores bandas do estilo das últimas duas décadas. De qualquer forma, dos três discos da nova banda, The Black Forest, lançado no ano passado, é o mais regular e o melhor deles.

O novo álbum mostra uma banda mais entrosada em boas composições, que mesclam de forma efetiva passagens mais sinfônicas com outras que puxam mais para o pop, muitas vezes dentro de uma mesma música. A competência do guitarrista continua dando as caras, assim como a da banda em geral. Além disso, há vários momentos com melodias vocais que grudam na mente e que me agradaram bastante.

Tais melodias vocais poderiam ser ainda mais agradáveis se a banda contasse com um vocalista melhor. Definitivamente, o guitarrista, que é um cantor sofrível, usa critérios para a escolha de vocalistas que não batem com os meus. Apesar de afinado e melhor cantor que o próprio guitarrista, Nad Sylvan não tem uma voz muito comum e que não é bonita, pelo menos pro meu gosto.

Mesmo com este ponto negativo, o disco agrada. Não há uma música ruim no álbum, mas “Citadel”, “Freak of Life” e principalmente “Kingdon of Heaven” (este um musicaço!) se destacam. No todo, The Black Forest é um álbum legal de ouvir.

Até!

18 de fev. de 2012

Dica do Xaxim: Van Halen - A Different Kind of Truth (2012)


Eu comecei a ouvir rock em geral influenciado pelo boom provocado pelo primeiro Rock in Rio. Eu continuo ouvindo rock, e fiquei satisfeito em saber que uma das maiores bandas daquela época está de volta, com sua formação quase original depois de 28 anos.

Sempre curti pra caramba o Van Halen, sem fazer muita distinção entre a fase com o David Lee Roth ou com o Sammy Hagar nos vocais, que é mais uma daquelas discussões que levam a lugar nenhum. Considero apenas mais um exemplo de ótima banda que tem duas fases diferentes, ambas com suas qualidades.

Duas destas qualidades, comuns aos dois períodos, se sobressaem: o rock descompromissado, leve, irreverente e empolgante, dosado com maestria com momentos de alto apelo pop, que mostra uma banda que se diverte fazendo música; e a presença do excepcional Eddie Van Halen, que em minha opinião revolucionou o jeito de se tocar guitarra e que influenciou muita gente, o que o credencia como um dos três melhores que já ouvi.

Consta que, em 1984, David Lee Roth e o guitarrista quebraram o pau e depois disso não se falavam. Neste período, chegaram a gravar juntos duas faixas inéditas para uma coletânea; o guitarrista venceu um câncer. E vinte oito anos depois, voltaram a gravar juntos um disco inteiro, A Different Kind of Truth, que privilegia o estilo do famoso álbum que conta com “Panama”, “Jump” e outras pérolas (o que é ótimo!), mas incorpora algumas influências da segunda fase com o Sammy Hagar.

Embora a banda não apresente grandes mudanças em estilo, os efeitos da maturidade são claramente notados. Ao mesmo tempo em que a banda não se mostra tão irreverente (o que é esperado), ela também se mostra mais experiente, diria até que mais entrosada. Não me parece o caso de que o segundo efeito compense inteiramente o primeiro, mas o que chama a atenção é que, mesmo depois de tanto tempo, os caras são capazes de lançar um bom disco, aparentemente sem grande esforço.

Esta percepção leva a duas conclusões: primeira, a de que o disco é bom, mas poderia ser ainda melhor, conclusão esta reforçada pela presença de algumas faixas mais fracas entre as 13 do álbum, que poderiam ser limadas; segunda, a de que somente grandes bandas conseguem gravar um disco depois de tanto tempo que, mesmo que sem grandes novidades, ainda assim contém grandes faixas.

Falando sobre estas, curti desde a primeira audição “The Trouble with Never”, “She’s the Woman”, “You and Your Blues”, “Stay Frosty”, “Big River” e “Beats Workin’” (todas com grandes solos típicos do guitarrista). Mas a melhor de todas, disparado, é “Tattoo”, faixa que abre o álbum com todas as características de uma grande banda que está de volta!

12 de fev. de 2012

Dica do Xaxim: Frames - Mosaik (2010)


Não sou grande fã de discos instrumentais ou com ênfase em músicas sem partes cantadas, com uma ou outra exceção. Sinto que a falta de letras torna a música mais “pobre”, e por isso considero muito difícil que uma banda se saia bem ao apostar somente no instrumental.

Gosto, por exemplo, de vários discos do Return to Forever, para mim a expressão maior do fusion, ou de alguns discos do Steve Hackett, mas normalmente discos desse tipo me enjoam. De vez em quando, me deparo com um disco desses que me chama a atenção, de tão bem composto e executado. Mosaik, trabalho de estreia do quarteto alemão Frames, é um deles.

A maioria dos discos instrumentais lançados nos últimos tempos não varia muito da fórmula “rock com solos virtuosos e pitadas de fusion”. Em seu disco de estreia, a banda alemã mandou muito bem. Embora não apresente variações de estilo entre as músicas, todas as composições apresentam variações, progressões e regressões bem executadas. Assim, as músicas apresentam tons minimalistas e/ou climáticos com bom uso de teclados e trechos mais bombásticos, com guitarras pesadas na medida certa.

Há uma ou outra influência de progressivo, mas o gênero que predomina é o chamado post rock. A banda não apresenta solos virtuosos e claramente prefere dar mais ênfase aos arranjos. Nesse sentido, tanto o tecladista Manuel Schoenfeld quanto o baixista Greger Röhring se sobressaem, contribuindo efetivamente para os arranjos ricos em detalhes, notadamente nas passagens mais calmas.

Se você procura um disco moderno com algo diferente do rock alternativo ou de guitarras destorcidas demais, Frames é uma ótima escolha. Mais que isso: independentemente do estilo, o álbum apresenta arranjos cheios de detalhes, que se revelam a cada audição. O resultado é um disco instrumental que prende a atenção do ouvinte e que não serve apenas como música de fundo para se ler um bom livro.