13 de jan. de 2013

Dica do Xaxim: Änglagård - Viljans Öga (2012)


Acho que já comentei por aqui que considero a gravação de discos instrumentais tarefa mais árdua que a de discos com voz. Não bastasse contar com boas músicas, os discos instrumentais precisam preencher a ausência das melodias vocais, com arranjos mais complicados.

Por este motivo, sinto que a maioria dos discos instrumentais fica devendo. Eu curto passagens instrumentais ao longo das músicas, mas a ausência de um bom cantor via de regra me faz pensar em como um determinado disco poderia ser melhor com a adição de letras às músicas, especialmente se interpretadas por um bom cantor. Em alguns raros casos, entretanto, esta ausência não se faz sentir tanto, como em Viljans Öga, lançado no ano passado pela banda sueca Änglagård.

Composto por quatro faixas de longa duração, a banda apresenta muita competência tanto nos arranjos quanto na execução das obras. Todas elas contêm variações que fazem com que o ouvinte não enjoe e curta a viagem, quase sempre alternando momentos mais “técnicos” com tempos intricados em que a cozinha rítmica se sobressai, e outros momentos com belas melodias, enfatizadas por ótimos arranjos de teclados, guitarras e flauta.

O disco também contém alguns momentos de fusion, também muito bem executados. A faixa que mais enfatiza o estilo é “Snårdom”, mas que conta com um interlúdio em que a banda apresenta ótima variação para um som progressivo, que mistura sinfônico, psicodélico e folk em grandes arranjos que culminam num ótimo final. É a minha preferida.

Sem contar com faixas ruins, Viljans Öga é daqueles discos que se destacam e apresenta uma banda madura que retorna após um longo período de inatividade, que é daquelas coisas que não dá pra entender. Para mim, um dos melhores discos de 2012.

Até a próxima!

22 de dez. de 2012

Dica do Xaxim: Big Big Train - English Electric (Part One) (2012)


Na relação de melhores discos do ano passado, incluí o primeiro disco solo de Sean Filkins (leia aqui), ex-vocalista da banda inglesa Big Big Train. Neste ano, a banda, que agora conta com os vocais de David Longdon, lançou English Electric (Part One).

Já com esta nova formação, a banda lançou em 2009 The Underfall Yard. Este trabalho já mostrou uma notável evolução no som do grupo, embora os motivos não fiquem claros dado que o antigo vocalista, mesmo não se tratando de um bom cantor, se mostrou um compositor de mão cheia em seu disco solo. Parece ser simplesmente um daqueles casos em que uma formação dá mais liga que a outra.

Se o disco anterior já é bom, o novo trabalho é ainda melhor, mesmo sem apresentar grandes mudanças no som. Os melhores resultados se devem a dois motivos: primeiro, a banda se mostra mais entrosada e mais segura de si, apresentando arranjos inspirados; segundo, neste novo trabalho não há longas suítes, o que passa a sensação de um álbum mais coeso. A maioria das músicas dura entre sete e nove minutos, todas com bons ou ótimos resultados.

O estilo da banda me lembra o do Genesis, mais precisamente o da época dos álbuns A Trick of the Tail e Wind & Wuthering, e essa sensação também se faz mais presente em English Electric do que nos trabalhos anteriores. Há também trechos que lembram o Pink Floyd, mas a banda não se restringe a emular suas influências; os caras são capazes de compor ótimas melodias características do jeito inglês mescladas com algo de folk, tudo acompanhado por progressões excelentes que mesclam passagens mais sinfônicas com outras mais roqueiras e outras mais delicadas.

Além dos bons arranjos, com trechos que chamam a atenção pelo uso do trompete (também usado no trabalho anterior), todos os músicos se mostram muito bem. Embora não conte com um baterista fixo, a banda acertou ao convidar mais uma vez o ótimo Nick D’Virgilio (ex-Spock’s Beard) para as baquetas.

Sobre as faixas de destaque, o disco começa bem com “The First Rebreather”, não apresenta músicas ruins ao longo de sua duração e se encerra de forma sensacional com duas pérolas, “A Boy in Darkness” e “Hedgerow”, daquelas que fazem a gente se perguntar porque um disco tão bom acabou tão rápido antes de apertar de novo o play. Este é um dos melhores discos do ano, gravado por uma das melhores bandas que ouvi nos últimos tempos!

Até!

24 de nov. de 2012

Dica do Xaxim: Ornithos - La Trasfigurazione (2012)


Depois de escrever a dica anterior sobre o disco de retorno do Locanda delle Fate, resolvi comentar sobre outro bom disco lançado neste ano por uma banda italiana. Trata-se do álbum La Trasfigurazione, trabalho de estreia do Ornithos e uma das boas novidades do ano.

A banda foi formada como um projeto paralelo do baterista e tecladista Diego Petrini, do baixista Federico Caprai e da flautista e saxofonista Eva Morelli, todos membros da banda Il Bacio della Medusa, que já lançou três discos com relativo sucesso no meio do rock progressivo. Estes projetos paralelos são comuns em bandas italianas e são vários os casos em que acabam resultando em bons discos.

La Trasfigurazione é um exemplo desses casos bem-sucedidos. O disco apresenta trechos que variam do rock psicodélico com passagens calmas a outros mais nervosos, com influências de hard rock ou de jazz, com bom uso de sax. O que chama a atenção e torna este álbum acima da média é que estas variações por vezes ocorrem em uma mesma música e fluem com naturalidade.

O álbum tem algumas partes cantadas pelo baterista, que não é um grande cantor, e outras cantas pela vocalista Maria Giulia Carnevalini, que se sai melhor. A maior parte do disco, entretanto, enfatiza as faixas instrumentais com as características citadas acima, que é onde a banda se sai melhor. Dentre essas faixa, o grande destaque é “Salamandra: Regina di Psiche e di Saggezza“, que apesar de alguns trechos cantados, apresenta em sua maioria momentos instrumentais excelentes, com ótimos teclados e grandes solos de guitarra!

No todo, La Trasfigurazione é um disco que, apesar de apresentar influências clássicas do rock sem grandes novidades, apresenta uma enorme competência nas composições e que predem a atenção do ouvinte. Estará entre meus 10 melhores do ano, sem dúvida.

Até!

17 de nov. de 2012

Dica do Xaxim: Locanda delle Fate - The Missing Fireflies... (2012)


Já escrevi por aqui sobre a banda Locanda delle Fate, que gravou um de meus discos favoritos do rock progressivo italiano, o sensacional Forse le Lucciole non si Amano Più (link). Naquele post, comentei que era uma pena que a banda tivesse apenas esse disco daquela época.

Em 1999, a banda, menos o vocalista Leonardo Sasso, lançou Homo Homini Lupus, um daqueles retornos desastrados que merecem ser esquecidos. Neste ano, desta vez com o vocalista, o grupo fez nova tentativa com The Missing Fireflies... Utilizando músicas escritas na década de 70, o disco apresenta quatro novas faixas, além de três gravações ao vivo daquela época. Mesmo contando com obras que acabaram não sendo incluídas no álbum original, este novo disco apresenta alguns grandes momentos.

Das quatro novidades, duas são faixas mais longas e são bem legais. A primeira delas, “Crescendo”, tem o som típico da banda, com excelentes melodias, guitarras viajantes, belos arranjos para piano e teclados e a ótima voz do vocalista, marca registrada da banda, além de apresentar variações e um ótimo trecho instrumental.

A segunda faixa mais longa, “La Giostra”, segue a mesma linha, também com ótimas melodias e boas variações, mas apresenta uma melodia vocal mais empolgante, com grande interpretação do vocalista. Das duas, esta é a minha preferida. De fato, é tão boa que poderia tranquilamente ter feito parte do álbum da década de 70.

As faixas mais curtas também são boas, mas não agregam muito ao disco. “Sequenza Circolare” apresenta um piano interessante que mescla arranjos sinfônicos com rock, mas é muito curta. Já “Non Chiudere a Chiave le Stelle” é uma faixa acústica melhor resolvida, com bons vocais, mas que não atinge o mesmo impacto das faixas mais longas.

O disco seria ainda melhor se a banda tivesse optado por lançar mais faixas inéditas ao invés de incluir três faixas ao vivo com qualidade de gravação apenas razoável. Mesmo assim, The Missing Fireflies... é um bom disco, que resgata o som de uma grande banda e que não merece ser esquecido. Ao contrário: mesmo curto, o álbum apresenta muita coisa a ser apreciada.

Até a próxima!

2 de nov. de 2012

Dica do Xaxim: Producers - Made in Basing Street (2012)


Já faz um bom tempo que não comento sobre um bom álbum de pop rock e achei que era uma boa hora para falar sobre outros estilos que não o rock progressivo. Um bom disco lançado neste ano é Made in Basing Street, disco de estreia da banda inglesa Producers.

A banda é formada por veteranos e seu nome deriva do fato de que todos os integrantes trabalham na produção ou como músicos de estúdio de discos de outros artistas. O mais conhecido deles é Trevor Horn, ex-membro do Buggles e do Yes e que na produção já trabalhou com músicos de sucesso, como Grace Jones e o próprio Yes.

Além dele, o grupo é composto por: Lol Creme, que foi integrante do 10cc e participou com Trevor Horn no Art of Noise; Stephen Lipson, também produtor e engenheiro de som, responsável pela produção do disco Flowers in the Dirt do Paul McCartney; e pelo baterista Ash Soan, que participou de discos de gente famosa, como Adele, Seal e Lisa Stansfield.

Com tanta experiência reunida, o som dos caras soa natural. Não se trata de um disco em que o estilo seja forçado para aumentar as vendas, mas sim de um trabalho que tem um estilo acessível porque este é o desejo dos artistas, que apresentam talento e inspiração para compor boas músicas. O resultado é um álbum acima da média.

A maioria das dez faixas apresenta um pop rock bem trabalhado e melodias vocais agradáveis, com climas diversos que vão do rock mais agitado (caso de “Freeway”, que abre o álbum), passa por faixas mais climáticas que contam com boas variações (caso de “Your Life”) e algumas boas baladas (caso de “Man on the Moon”).

E como todo bom disco de pop rock, algumas faixas se destacam por apresentar melodias que grudam no ouvido. É o caso de “Watching You Out There” e “You & I”, que fecham bem este bom disco e que fazem a gente querer ouvir de novo sua música descompromissada, mas de qualidade.

Até!

13 de out. de 2012

Marillion em São Paulo (11/10/2012)


Depois de 15 anos, o Marillion voltou ao Brasil e se apresentou em São Paulo. Com disco recém-lançado (veja a dica anterior a este post), eu esperava que o set list privilegiasse as novas músicas, mas não foi bem isso o que aconteceu.

A casa não estava lotada, mas contou com um bom público. Eu esperava que o show abrisse com “Gaza”, primeira faixa do novo disco, mas a primeira música foi “Splintering Heart”, para mim uma grata surpresa. A progressão inicial foi tocada de forma perfeita, e os primeiros versos foram cantados pelo vocalista Steve Hogarth no balcão, e não no palco, surpreendendo a todos.

Depois dessa faixa inesperada, que ficou ótima ao vivo e que me lembrou do show deles por aqui em 1992, os caras tocaram outra música “improvável”: “Slainte Mhath”, que também ficou bem legal. Essas duas músicas sozinhas praticamente valeram o ingresso.

Depois do ótimo começo, os caras não conseguiram manter o mesmo pique. A próxima faixa, “You’re Gone”, até ficou legal ao vivo, embora sem o mesmo impacto das anteriores. Seguiu-se então a primeira música do disco novo, a faixa-título. Apesar de bem executada, a música não empolgou, especialmente quando comparada com as duas surpresas iniciais, e deu uma esfriada no público.

A partir daí, a banda tocou “Beautiful”, que fez sucesso por aqui na época de seu lançamento, seguida de “Power”, boa escolha do disco novo, que levantou um pouco o astral. Teve início uma série de baladas, incluindo a manjadíssima “Kayleigh” (que infelizmente não incluiu “Lavender”) e “The Sky Above the Rain”, outra boa escolha do novo disco, mas que também não empolgou muito.

As coisas melhoraram um pouco no final, com “Real Tears for Sale”, a melhor música do disco Happiness Is the Road, de 2008, seguida de “Afraid of Sunlight”, esta uma grande balada, e “Neverland”, que é ótima ao vivo com aquela parte cantada cheia de ecos no final.

Para o bis, a banda escolheu “The Invisible Man”, que trouxe o nível de volta ao do início do show, embora não esteja entre minhas preferidas. A última música foi “Sugar Mice”, mais uma ótima balada, com o guitarrista Steve Rothery inspirado (como em todo o show), mas que é uma música questionável para o encerramento.

No todo, o show foi legal, mas eu esperava mais. Acho que a banda poderia ter privilegiado músicas mais agitadas e tocado menos baladas. Quanto às escolhas do novo disco, achei que foram corretas. A banda esteve bem como um todo, exceto por uma falha no baixo de Pete Trewavas, com destaque também para o baterista Ian Mosley, preciso como sempre.

Até a próxima!

6 de out. de 2012

Dica do Xaxim: Marillion - Sounds that Can't Be Made (2012)


No começo da carreira, o Marillion era criticado por não mudar seu som. Com a mudança de vocalista (leia a dica aqui), a banda passou a explorar novas possibilidades. Em alguns casos, foi bem-sucedida, em outros nem tanto. E foi criticada por isso.

Sounds that Can’t Be Made é o novo disco do grupo, lançado no mês passado. Neste novo trabalho, a banda volta a apostar em mudanças em seu som, embora parte do novo álbum lembre nos arranjos o bastante elogiado Marbles, lançado em 2004. No todo, entretanto, mesmo contando com bons momentos, o novo trabalho não é tão bem sucedido.

Marbles mostrou os caras querendo estabelecer uma mudança definitiva em seu som, algo ensaiado desde os três discos anteriores, Radiation, Marillion.com e Anoraknophobia, todos trabalhos apenas razoáveis. Misturando de forma inspirada tendências modernas e batidas eletrônicas com as melodias que sempre foram características da banda, o disco duplo lançado em 2004 representa um marco na história do grupo ao mostrar que eles souberam mais uma vez se reinventar, desta vez com bons resultados.

É nesse aspecto que o novo trabalho se assemelha a Marbles. Nos anos posteriores, em Somewhere Else a banda mostrou uma tendência minimalista, até antenada com as tendências da época, mas com resultados questionáveis. Já em Happiness Is the Road, a banda enveredou novamente em um disco duplo e tentou recuperar algo de seu som característico, que contém alguns momentos legais, mas é apenas razoável em sua maior parte.

Já o novo disco mostra uma banda mais madura. Como já foi citado, os arranjos lembram em alguns momentos o disco de 2004, mas são diferentes. Para começar, a banda continua incorporando novas tendências ao seu som, com algumas passagens mais bombásticas. Há menos espaço para batidas eletrônicas e mais espaço para arranjos melódicos, com doses de rock progressivo.

Mas o que me chamou mesmo a atenção foram as mudanças nas melodias. O novo trabalho tem pouco das características históricas da banda. As novas melodias e os novos arranjos na maior parte do tempo são diferentes (e que em alguns casos poderiam ser melhor trabalhados), mas com trechos que continuam efetivos, em alguns momentos brilhantes.

A faixa de abertura, “Gaza”, conta com 17 minutos, mas não é uma nova “Ocean Cloud” (que é ótima), já que a nova longa faixa incorpora tendências mais modernas, influências de world music e temas políticos. Da mesma forma, “Power”, música destinada a single, apresenta tendências modernas como “You’re Gone” (que é muito boa), mas sem ênfase em batidas eletrônicas, privilegiando grandes melodias vocais.

As comparações entre os dois trabalhos não param por aí. Este novo trabalho apresenta também outros pontos a melhorar, sendo o principal que algumas faixas demoram a engrenar, começando de um jeito meio chato e melhorando muito da metade para o final. De qualquer forma, Sounds that Can’t Be Made é um trabalho honesto de uma banda madura, que se apresenta por aqui em breve após longa ausência. Falarei mais sobre minhas impressões do show.

Até!

23 de set. de 2012

Dica do Xaxim: Echolyn - echolyn (2012)


Faz já um tempo escrevi sobre o sensacional disco Mei, da banda Echolyn, que é pouco conhecida. Depois dessa obra-prima, os caras lançaram o bom The End is Beautiful em 2005, e desde então entraram em um longo período de inatividade, o que é uma pena.

Até agora. A banda está de volta com echolyn, que é bem legal, mas que vai trazer alguma confusão com o disco de estreia dos caras lançado em 1991 e que tem o mesmo nome, o que torna as comparações inevitáveis, mesmo levando-se em consideração tantos anos de diferença.

Desde o primeiro disco, os caras mostraram que tinham algo diferente. Donos de um estilo claramente influenciado por Gentle Giant, mas adaptado a um jeito mais americano de tocar música e com letras inteligentes, por vezes ácidas, seu álbum de estreia mostrou uma banda que sabia o que queria fazer. Mesmo sem grande produção, o ámbum não tem músicas ruins e apresenta em “The Velveteen Rabbit” uma faixa maravilhosa e irretocável.

O novo disco mantém um pouco do estilo do primeiro álbum, mas mostra uma banda muito mais madura. Ao longo de sua discografia, a banda foi gradativamente apresentando faixas mais leves, flertando com pop de bom gosto e com melodias influenciadas pelos Beatles. E é essa mistura que agrada no novo trabalho.

O disco é recheado de arranjos mais sinfônicos, com uso efetivo de cordas, lembrando em partes seu antecessor. O novo trabalho dosa melhor momentos mais roqueiros, em que a banda mostra toda sua competência, com outras baladas, que não chegam a ser novidade no repertório da banda. O que é diferente no novo disco é que ele é composto em sua maioria de faixas mais longas, com variações, progressões e regressões bem arranjadas, mesmo nas baladas.

Não se trata de um disco que agrada logo de cara. Precisei ouvi-lo algumas vezes, e a cada audição fui apreciando mais e mais o som. Assim como no primeiro disco do grupo, este novo álbum não tem músicas ruins e também conta com uma faixa irretocável chamada “Island”, mas é mais variado e mescla melhor os estilos dos principais compositores da banda, o vocalista Ray Weston e o guitarrista Brett Kull.

Outra faixa de destaque é “(Speaking in) Lampblack”, uma balada climática de 10 minutos, com melodias que tiram o fôlego, especialmente em sua progressão final que conta com ótimas polifonias vocais. Segundo o guitarrista, esta faixa foi influenciada pelo trabalho que ele fez com Francis Dunnery (ex-It Bites), que tem uma boa e desconhecida carreira solo e sobre o qual comentarei em breve. De fato, a música mostra um lado pop que é inspiradíssimo e raro!

De resto, a banda se mostra competente como sempre, com destaque para o ótimo baterista Paul Ramsey. Se a dica te interessou mas você ficou em dúvida sobre qual dos dois discos deve experimentar, este último ou o primeiro, eu sugiro que tente ambos!

Até!

13 de set. de 2012

Homenagem: Yes - Close to the Edge (1972)


Hoje, 13 de setembro, um grande disco faz 40 anos de idade. Lá em 1972, uma das maiores e mais inovadoras bandas de rock da história lançava com sua melhor formação aquele que seria seu melhor álbum, entre tantos grandes trabalhos. Isso não é pouca coisa.

Close to the Edge é o disco mais ousado de uma banda ousada. Embora outras bandas apresentassem a mesma proposta, ninguém levou o rock sinfônico com tanta competência quanto o Yes. Neste álbum, mesmo sem usar instrumentos sinfônicos propriamente ditos, a banda apresentou três faixas distintas com momentos capazes de fazer inveja a qualquer orquestra.

Alguns dirão que os trabalhos mais ousados da banda são os posteriores Tales from Topographic Oceans e Relayer. De fato, ambos contêm propostas mais ousadas, o primeiro por apresentar quatro longas faixas em um disco duplo e o segundo por conter mais influências de jazz, com resultados também impressionantes. Mas Close to the Edge foi o pioneiro em termos de ousadia, por três motivos.

Primeiro, porque foi a primeira vez em que a banda decidiu apresentar na faixa-título uma longa e complexa obra de quase 20 minutos, cheia de variações; ao também demonstrar em “Siberian Khatru” as influências de jazz em uma performance memorável; e ao trazer ao mundo “And You and I”, uma música épica e melódica que sintetiza a proposta da banda. Em resumo, foi o trabalho em que o grupo se mostrou mais inspirado e que mostrou seus melhores resultados.

Mais do que as ótimas composições, todos os integrantes se mostram em seu ápice. Começando com as melodias, Steve Howe, o guitarrista dos timbres diferentes, pega fogo neste disco, se fazendo presente em solos sensacionais e em arranjos belíssimos. Já o também virtuoso Rick Wakeman, o tecladista de capa, gravou um dos melhores solos de órgão da história na faixa-título e mostra grandes arranjos no resto do disco.

Além das melodias, toda boa banda que se preze tem uma cozinha rítmica que impressiona, e nenhuma dupla impressiona mais que o baixista e o baterista deste disco. Dono de uma imensa precisão para contrapartes herdada do jazz, Bill Bruford se mostra um baterista diferente, com arranjos fora do normal. E o que dizer de Chris Squire, provavelmente o baixista mais inquieto do rock? Neste disco, com seus tons graves e agudos que agregam tanto ao ritmo quanto à melodia, o grande baixista se reafirma como um dos expoentes do instrumento.

Por fim, as melodias vocais de Jon Anderson fazem das músicas uma viagem completa. Muito criativo e apoiado por polifonias vocais maravilhosas e pra lá de inspiradas, o vocalista, embora não seja um grande um grande cantor, consegue se destacar em meio a tanta coisa boa rolando. O fato de que seja um dos mentores da banda só faz engrandecer sua genialidade.

Senhoras e senhores, eis o melhor disco de todos os tempos! Se você já o conhece, ouça-o de novo, e de novo, e de novo. Se você ainda não o conhece, ouça-o correndo! E de novo, e de novo, e de novo...

2 de set. de 2012

Dica do Xaxim: The Amber Light - Goodbye to Dusk, Farewell to Dawn (2004)


Não é muito frequente encontrar um bom disco de estreia de uma banda formada por garotos. Também é pouco frequente encontrar uma banda que conte com um cantor excepcional. Juntar as duas coisas é algo ainda mais raro, mais do que apropriado para uma dica.

Goodbye to Dusk, Farewell to Dawn foi lançado pela banda alemã The Amber Light em 2004. Naquela época, todos os quatro integrantes tinham por volta de 20 anos de idade, e seu trabalho de estreia apresenta boas composições que privilegiam o rock climático, com influências de pop e de progressivo, mas que não se restringem a isso.

A maioria das faixas do disco apresenta ótimas melodias, em sua maioria simples, mas muito efetivas. É daqueles álbuns que dão ênfase nos arranjos, que são todos excelentes e que prendem a atenção do ouvinte do início ao fim. Todos os instrumentos se encaixam bem nos arranjos e é difícil apontar um que se destaque. Quando isso acontece, tem-se um disco acima da média.

A banda também faz uso muito efetivo de progressões e regressões ao longo das músicas, quase sempre sobre uma mesma melodia que serve de base. Assim, apesar de não demonstrar grandes variações nos temas, os diferentes arranjos passam a clara impressão de que a banda soube o que estava fazendo, atingindo ótimos resultados.

Não bastasse tudo isso, a banda conta com o excelente Luis Gabbiani nos vocais. Também responsável pelos teclados, o cantor se apresenta muito afinado, além de ser ótimo intérprete, acompanhando os diferentes arranjos também com a voz em diferentes tons suaves ou fortes e até cantando um trecho em espanhol em uma das faixas. Como resultado, os versos se encaixam com perfeição aos já ótimos arranjos.

Toda vez que ouço este álbum fico impressionado com o fato de que uma banda tão jovem tenha conseguido compor e gravar um disco tão maduro e coeso. É uma pena que o segundo disco dos caras não chega nem perto de seu trabalho de estreia e que o vocalista tenha deixado a banda. Mesmo assim, Goodbye to Dusk, Farewell to Dawn já é um feito digno de aplausos.

Até!

18 de ago. de 2012

Dica do Xaxim: Ian Anderson - Thick as a Brick 2: Whatever Happened to Gerald Bostock? (2012)


Eis que Ian Anderson, o fundador e principal figura do Jethro Tull, ressurgiu neste ano de forma ousada com o lançamento do disco Thick as a Brick 2: Whatever Happened to Gerald Bostock?, continuação do lendário álbum lançado em 1972.

Entendo que apresentar uma continuação é uma decisão arriscada. É como se o artista ou banda forçasse as comparações, que já são normalmente feitas entre álbuns de suas discografias. Além disso, na maioria dos casos acho que nestas comparações as continuações não são tão boas quanto as obras originais. Thick as a Brick 2 não é uma exceção a esta regra, mas ainda assim é um bom disco.

Em termos musicais, o novo trabalho não tem tanto em comum com a obra original, o que se justifica naturalmente dada a diferença de 40 anos entre os discos. O som é aquele típico do Jethro Tull, que mistura folk com hard rock e progressivo, mas com arranjos mais modernos e que casam bem com as passagens de flauta características do artista.

A diferença fundamental entre os dois trabalhos está em suas estruturas. Enquanto a obra original apresenta duas longas suítes cheias de variações e que intercalam passagens cantadas com outras instrumentais, todas pra lá de inspiradas, o novo disco é composto por uma estrutura mais convencional, com faixas curtas.

A questão é que nem todas as faixas são inspiradas. A maioria do disco agrada, especialmente o final, em que se repete rapidamente o famoso tema da obra original, mas há alguns trechos dispensáveis, o que fica mais evidente com o uso de uma estrutura mais convencional, mesmo para um álbum conceitual. É este o motivo pelo qual considero que, na comparação, o novo trabalho não é tão bom quanto o álbum original.

Entretanto, se as comparações forem deixadas de lado, pode-se dizer que este é um dos melhores discos lançados neste ano, pelo menos até agora. Quem gosta de Jethro Tull encontrará em Thick as a Brick 2 vários momentos característicos da banda e o enorme talento do artista para compor rock progressivo com características que a tornam única. É daqueles discos que fazem a gente pensar no ditado popular: “quem sabe, sabe”.

Até!

4 de ago. de 2012

Dica do Xaxim: Jon Lord - Before I Forget (1982)


Ainda lembrando de Jon Lord, achei apropriado escrever sobre um de seus discos solo que não é muito conhecido. Fugi do óbvio Concerto for Group and Orchestra, execrado pela crítica mas que conta com ótimas passagens, e resolvi escrever sobre o bom Before I Forget.

Entendo que não é fácil gravar um disco eclético porque os músicos se dão melhor em um determinado estilo, e quando tentam algo diferente, na maioria das vezes não obtêm grande êxito. Acho que é isso o que faz de Before I Forget um disco legal: neste trabalho, o tecladista foi competente ao apresentar estilos diferentes do hard rock que o fez famoso no Deep Purple, ainda mais levando em conta que há vários estilos diferentes no mesmo álbum.

Lançado em 1982, enquanto o tecladista estava no Whitesnake, o disco é daqueles bons trabalhos ecléticos que não tem músicas ruins e que mostram o talento do músico tanto na composição quanto na execução e arranjos, o que o torna acima da média. Em alguns momentos, as músicas chegam a ser ótimas e inspiradas, o que o torna bem acima da média.

O disco apresenta algumas boas baladas, como “Where Are You?”, que conta apenas com teclados e piano acompanhando o cantor numa progressão bem pensada, além de “Say It’s All Right”, balada inspirada no soul em que uma banda básica de rock com bons pianos acompanha uma ótima e desconhecida Vicki Brown nos vocais.

Alternando de forma efetiva as citadas baladas com outros momentos mais agitados, destacam-se também “Chance on a Feeling”, que abre o álbum com um rhythm & blues muito bacana, e “Bach Onto This”, faixa instrumental que casa muito bem a formação clássica do tecladista com um rock de primeira e que demonstra que Jon Lord foi um músico de mão cheia.

Até!

22 de jul. de 2012

Homenagem a Jon Lord (1941-2012)



Nesta semana, um grande músico nos deixou. Jon Douglas Lord, tecladista fundador do Deep Purple, uma das maiores bandas da história do rock, finalmente descansou da doença que o acometia. Contava 71 anos de idade e que parecem ter sido muito bem vividos.

Em 1968, o tecladista nascido em Leicester, Inglaterra, ajudou a formar a banda que sempre o caracterizou como um dos maiores em seu instrumento. Nos três primeiros discos, o Deep Purple ajudou a formar o rock progressivo que estava por vir, sem grande sucesso.

Nesta época, seu parceiro, o temperamental e genial guitarrista Ritchie Blackmore, tomou as rédeas do grupo, tornando-o um dos principais expoentes do hard rock. Mesmo depois disso, a contribuição de Jon Lord para o som da banda é imensa e digna de aplausos.

Em todos os grandes álbuns de diferentes estilos que o grupo lançou desde então, o tecladista sempre apresentou grandes contribuições com seu Hammond. Dono de um estilo inconfundível e vibrante, seus solos demonstravam influência de música clássica, mas sempre casavam perfeitamente com o que o hard rock do Deep Purple pedia.

Em minha opinião, a banda que ajudou a criar tem aquela qualidade rara de fazer o que quer ao vivo. Sempre que ouço o Faustão gritar de forma inconsequente seu bordão “Quem sabe faz ao vivo”, penso que o cara nunca ouviu Deep Purple e seu sensacional Made in Japan, que completará 40 anos em breve e que conta com a melhor dentre as inúmeras versões de “Smoke on the Water” que já ouvi. O motivo? O solo maravilhoso do tecladista no final, acompanhado de uma banda pra lá de inspirada!


São tantas as músicas em que o cara se destacou que a lista ficaria muito grande e eu poderia cometer alguma injustiça. Espero que ele esteja se divertindo seja lá onde estiver agora. Obrigado por tudo, Jon! Descanse em paz...

21 de jul. de 2012

Dica do Xaxim: Steve Unruh - Out of the Ashes (2004)


Na lista dos melhores discos de 2010, falei sobre Challenging Gravity (clique aqui), lançado pelo multi-instrumentista Steve Unruh. Naquele post, mencionei que o cara já tinha uma obra-prima, e que escreveria sobre a mesma. Demorei muito mais do que deveria.

Out of the Ashes, lançado em 2004, é daqueles discos que não têm músicas ruins. Neste caso específico, o disco apresenta uma grande novidade na carreira do artista, que é o uso deliberado de guitarras elétricas, que faz sentido na temática do álbum e amplia a dimensão de sua música, como se ele quisesse mostrar que é capaz de gravar um disco mais próximo do padrão a que estamos acostumados.

Segundo o artista, o disco fala sobre a violência moderna. Apresentando uma suíte de 40 minutos e carregada de letras ácidas, o artista expressa de forma veemente e ainda assim elegante sua indignação com o que ele julga ser algo a ser combatido, e é por isso que o uso de instrumentos elétricos e distorcidos faz sentido, pois demonstra por vezes raiva com a situação.

Mas não é só isso que torna o disco algo especial. Mesmo aflorando sentimentos destrutivos, os arranjos, por vezes complexos e por outros muito simples mas efetivos, são privilegiados. Não se trata de um disco de heavy metal, embora em alguns momentos o estilo chegue perto. As belas melodias acústicas com violões e violinos continuam presentes, bem como as variações dentro de uma mesma música, dando espaço até para o reggae!

Outro ponto positivo está na voz do artista. A temática dá lugar ao seu desejo de paz, interpretado de forma efetiva nos vocais. Mesmo sem ser um cantor brilhante, suas interpretações sempre afinadas e suas variações de estilo são bem pensadas e facilmente percebidas, alinhadas com o que a música pede.

Não é comum ouvir um disco conceitual que lide com um tema emocional e que seja tão bem sucedido ao mesmo tempo em que demonstre sua dose de originalidade. Além disso, há trechos brilhantes e inspirados, com lindos arranjos de cair o queixo, que fazem deste disco muito, mas muito acima da média!

O fato de que o autor compôs, gravou e arranjou tudo sozinho é algo que torna seu êxito ainda maior. Eis um artista para se aplaudir de pé, e o fato de que seja tão desconhecido é daquelas coisas que não dá pra entender! Se você gosta de boa música e quer ser surpreendido, compre este disco correndo!

Até a próxima!

14 de jul. de 2012

Dica do Xaxim: Squackett - A Life Within a Day (2012)


Não é todo dia em que dois ícones do rock se juntam para lançar um disco. Foi por isso que quando soube que os ótimos Chris Squire (baixo) e Steve Hackett (guitarras) estavam para lançar um trabalho sob o nome de Squackett, formei grande expectativa.

A Life Within a Day não é um disco brilhante, mas tem ótimos momentos em que os dois artistas mostram porque são ícones do gênero, como por exemplo na faixa-título que abre o álbum e que tem uma passagem instrumental em que guitarra e baixo são executados com enorme competência, como de costume no caso dos dois artistas.

O estilo do disco remete ao rock/pop mais característico dos últimos trabalhos do baixista misturado com sons mais acessíveis do trabalho recente do guitarrista, com doses de rock progressivo. Chama a atenção que este de fato é um trabalho em conjunto, em que se percebe claramente que os dois artistas contribuíram em todas as faixas, alternando bem também os vocais (no que o baixista é ótimo, diga-se de passagem).

A presença de Jeremy Stacey na bateria, que já tocou com Chris Squire no The Syn, mostrou-se uma escolha acertada. Dono de um estilo discreto mas muito efetivo, o baterista entrega arranjos na medida exata que as músicas pedem, o que é algo raro de se ouvir.

Contando com uma ordem correta, as faixas alternam climas mais agitados e outros mais calmos e a maioria delas agrada. Há alguns casos surpreendentes, em que faixas apenas razoáveis se tornam legais com os arranjos que os caras bolaram com seus estilos de tocar, que são inconfundíveis. É o caso, por exemplo, de “Divided Self”, uma canção comum, mas que tem intervenções do guitarrista que a tornam melhor e mais agradável.

Outro exemplo surpreendente é “Sea of Smiles”, composição típica do guitarrista, que, mesmo sem ser brilhante, tem resultados melhores com a presença do baixista, que adiciona, além de boas linhas de baixo, ótimos backing vocals.

A faixa que mais curti é “Perfect Love Song”, que encerra o álbum. Esta faixa sintetiza de forma brilhante os estilos dos dois músicos e tem como único defeito ser muito curta. No todo, A Life Within a Day é um trabalho honesto de dois senhores (abaixo) que se respeitam, e a impressão que passa é a de que um inspirou o outro.


9 de jul. de 2012

Dica do Xaxim: RPWL - Beyond Man and Time (2012)


Já comentei por aqui sobre o bom disco de estreia do Parzival’s Eye, projeto paralelo do baixista alemão Chris Postl. Neste ano ele retornou com sua banda de origem, chamada RPWL, que lançou novo disco neste ano depois de um tempo sem músicas inéditas.

A banda nasceu fazendo covers do Pink Floyd, então é natural que esta seja sua principal influência, demonstrada ao longo de toda sua carreira. Não é diferente no novo disco, mas o mesmo apresenta duas novidades que mostram que a banda não está presa a um mesmo estilo.

A primeira é que o som lembra muito a última fase do Floyd, mas adicionando trechos puxados pro pop. Os resultados são variados: na maioria as músicas neste estilo agradam mas não empolgam muito, a não ser pelas faixas “The Shadow” e “The Wise in the Desert”, que se destacam.

Não se trata de um disco brilhante e essa impressão é reforçada pela ordem das músicas. O disco demora a engrenar porque suas primeiras faixas, apesar de contarem com bons momentos, não empolgam. Parece que a banda resolveu guardar o melhor para o final, em que a coisa melhora bastante com as duas faixas citadas e culmina na segunda novidade.

Trata-se da presença de uma música mais longa, chamada “The Fisherman”, que é de longe a melhor do disco. Nesta faixa, a banda agrega ao caldeirão outros estilos, como o uso de sons orientais e outros mais roqueiros em variações bem pensadas, além de um trecho instrumental caprichado, mas sem espaço para virtuosismos. É certamente a melhor música que a banda já gravou e que sozinha vale o disco!

Na média, mesmo que Beyond Man and Time não seja brilhante, é um disco legal para experimentar e curtir.

Até!

23 de jun. de 2012

Dica do Xaxim: Astra - The Black Chord (2012)


Já falei por aqui sobre alguns discos mais recentes que remetem ao rock da década de 70 (para mim, o ápice do gênero) e que, embora não tragam novidades em termos de estilo, são tão bem compostos e produzidos que acabam resultando em trabalhos acima da média.

É o caso de The Black Chord, segundo trabalho da banda americana Astra, lançado neste ano. Em seu novo álbum, a banda continua apresentando um som que remete aos grandes nomes do passado, com muita competência. A banda mistura de forma efetiva hard rock e progressivo em seis faixas com climas variados e bacanas de ouvir.

Com predomínio de sons mais roqueiros, o disco apresenta faixas instrumentais que não enjoam e outras mais complexas com algumas partes cantadas, que misturam alguns trechos mais calmos com alguns teclados viajantes e que conferem um tom psicodélico ao trabalho. Além disso, o uso de sons de órgãos típicos dos anos 70 dão um charme especial ao disco.

Os destaques não se restringem aos teclados. Como toda boa banda de rock, a cozinha rítmica é efetiva e as guitarras também se apresentam bem, com solos sem grandes virtuosismos mas bem encaixados nas músicas. A banda enfatiza os arranjos entre os instrumentos melódicos, ora combinando-os, ora opondo-os, com resultados bem legais.

O que chama a atenção, entretanto, é a regularidade do disco. Mesmo com climas variados, é difícil apontar uma faixa que se destaque, embora a faixa-título seja daquelas que a gente repete após o final. No todo, The Black Chord é um bom álbum, daqueles que fazem o ouvinte se lembrar de suas origens e dos motivos porque o rock é um gênero de música tão legal.

Até a próxima!

15 de jun. de 2012

Dica do Xaxim: Family - BBC Radio 1 Live in Concert (1973)


Faz tempo que não escrevo sobre uma boa banda do segundo escalão. Embora seja relativamente conhecida, a banda Family, natural de Leicester, nunca é muito citada ou elogiada. Mesmo com curta duração (de 1967 a 1973), deixou sua marca.

Os caras apresentavam um estilo irreverente e eclético, que inclui folk, blues, rock ’n’ roll, psicodélico e algumas pitadas de progressivo. O que chama a atenção na discografia da banda é a competência de todos os integrantes, capazes de compor músicas que agradam a todos os gostos.

A irreverência se deve principalmente às letras e à voz de Roger Chapman, um cara que não tinha grande voz, mas um carisma enorme. O tom forçado com que cantava faz cair por terra aquelas opiniões de que Axl Rose era um cara original; já tinha gente fazendo isso 20 anos antes que ele aparecesse.

Resolvi escolher o disco ao vivo BBC Radio 1 Live in Concert para indicar. Lançado em 1973, o álbum mostra ótima performance de toda a banda, com um belo e variado set list. Todas as faixas são bem legais, mas eu destaco “Burlesque”, “Rockin’ Pneumonia and Boogie Woogie Flu” e “Weaver’s Answer”, esta uma paulada na moringa com grandes solos de teclado e guitarras.

Se você não conhece a banda, acho que é um bom ponto de partida.

Inté!

2 de jun. de 2012

Dica do Xaxim: Anathema - Weather Systems (2012)


Anathema é uma banda inglesa surgida na década de 90, quando tocava doom metal. Não sei bem os motivos que levaram os caras a mudar radicalmente o estilo, mas posso dizer que é das bandas mais legais e surpreendentes que descobri nos últimos tempos.

Já tinha pensado em escrever uma dica sobre o bom álbum We’re Here Because We’re Here, lançado em 2010. Saiu há pouco o novo trabalho dos caras, Weather Systems, que é tão bom quanto o anterior. É daqueles discos que agrada de primeira e vai ficando ainda melhor com o tempo.

O estilo dos discos que citei não tem nada de doom metal, nem de heavy metal. O som que predomina é uma mistura de post rock com alguns trechos sinfônicos e outros mais introspectivos e acústicos, sempre acompanhados de lindas melodias vocais, com vozes masculinas e femininas alternadas e por vezes polifônicas.

Além da mistura pra lá de interessante, a banda tem um talento enorme para compor, usando de forma muito efetiva progressões e regressões em ótimos arranjos que, aliadas aos trechos sinfônicos, caracterizam o som como um progressivo moderno, muitas vezes empolgante. Como o som se baseia no post rock, há pouco espaço para solos e a banda prioriza tais arranjos.

Há uma única faixa dentre as nove do álbum que não me chamou a atenção. Todas as demais são pelo menos boas, o que torna o disco muito acima da média atual. Mas fato é que o álbum começa matador, com a faixa “Untouchable”, dividida em duas partes, sendo a primeira mais agitada e a segunda mais sinfônica, com ótimos resultados. É o grande destaque deste bom disco, que mostra uma banda competente e que não receia experimentar.

Até!

20 de mai. de 2012

Dica do Xaxim: Paul Cusick - P'Dice (2012)


Outro gênero de música que tenho curtido mais nos últimos tempos é o chamado crossover prog. Trata-se de mais um daqueles rótulos criados para tentar classificar um tipo de som que mistura vários estilos, neste caso o rock moderno com pitadas de progressivo.

Já comentei por aqui que não curto muito estes rótulos, que servem somente para indicar o tipo de som, ainda mais nestes casos em que a definição é um tanto quanto vaga. Como em todos os gêneros, há muita coisa medíocre e algumas coisas legais. De vez em quando acontece de encontrar algumas coisas legais.

É o caso do disco P’Dice, lançado neste ano por um inglês chamado Paul Cusick. Trata-se de segundo trabalho do cara, que pelo que pude entender resolveu trabalhar de forma independente, sem pertencer a uma banda. Seu primeiro álbum, Focal Point, teve resultados apenas razoáveis, mas o novo álbum me pareceu mais consistente.

Como o rótulo sugere, a tônica do disco é o rock mais pensado, com algumas passagens climáticas e algumas faixas de durações mais longas. O resultado, na média, agrada: misturando bem os climas mais agitados com outros mais calmos, o disco prende a atenção do ouvinte, mesmo sem mostrar nada excepcional.

Dentre as melhores faixas, destaco “Tears” e “You Know”, que demonstram maior maturidade, principalmente se comparadas com o disco de estreia. Fica aqui a torcida para que essa evolução se mantenha no próximo trabalho do artista.

Abraços!