24 de jun. de 2011
Dica do Xaxim: Queen - Queen II (1974)
Quase todo mundo que ouve Queen (o que não é pouca gente) conhece a capa de Queen II, mas a relaciona ao vídeo “Bohemian Rhapsody”, figurinha carimbada em todas as listas de melhores músicas de rock, que mostra uma imagem como esta ao lado na parte da "ópera".
Fato é que essa música pertence a outro disco, e nem todos que conhecem a música se dão ao trabalho de ouvir o álbum em que a mesma foi gravada. Com isso, as pessoas acabam não conhecendo músicas sensacionais como “The Prophet Song” (do mesmo disco da famosa faixa que a imagem remete), o que é uma pena.
Esse raciocínio se aplica a todo o segundo disco da banda, gravado em 1974. Isto em minha opinião acontece por três motivos: primeiro, porque apenas "Seven Seas of Rhye", faixa que encerra o álbum, consta nas inúmeras coletâneas já lançadas pela banda (*); segundo, porque conforme os anos se passaram, a banda deixou de tocar suas faixas ao vivo; e terceiro, porque o álbum não tem o mesmo apelo comercial dos mais famosos da banda.
Não ter o mesmo apelo comercial não quer dizer que o disco seja ruim. Se você estiver se perguntando se o estilo da banda em seu início era diferente dos álbuns mais conhecidos que vieram depois, acho que a resposta é a seguinte: sim, a banda em seu início dava mais ênfase ao seu lado hard rock que flertava com o progressivo, com resultados por vezes meio malucos. Mas as características que tornaram a banda famosa já se apresentavam e é por isso que entendo que ignorar estes álbuns é um baita desperdício.
Vou além: o segundo disco da banda está entre os melhores que eles gravaram, se não for o melhor. Para mim, é tão seminal quanto o muito mais conhecido A Night at the Opera, que contém a citada “Bohemian Rhapsody”. Trata-se de uma obra-prima, obrigatória para qualquer fã de rock e que também apresenta pérolas que podem agradar àqueles que conhecem apenas os maiores sucessos da banda.
Para começar, Queen II apresenta notável evolução com relação a seu álbum de estreia, gravado um ano antes. Mais seguro de si, o grupo apresenta composições mais efetivas divididas em duas metades bem definidas: o chamado “lado branco”, com todas as músicas compostas por Brian May (à exceção de “The Loser in the End”, uma paulada composta por Roger Taylor), e o chamado “lado negro”, com todas as composições assinadas pelo gênio de Freddie Mercury.
Essa distinção mais clara entre os estilos só faz enfatizar as ótimas qualidades diferentes dos dois principais compositores da banda, o que contribui para tornar o álbum ainda melhor. O lado branco tem lá suas variações, com composições que variam do hard rock de ótimos resultados (como a fantástica “Father to Son”) a baladas que tinham apelo comercial (como “White Queen (As It Began)”, que acaba dando nome ao lado A do LP original). Nesta metade, os talentos de Brian May são mostrados em sua plenitude e abrilhantados pelas magníficas interpretações de Freddie Mercury, que já era um cantor excepcional.
A segunda metade também apresenta variações, do hard rock (um pouco mais pesado) a baladas com apelo comercial. Apresenta também um lado mais maluco, típico do vocalista, que neste disco se afirmou como o grande compositor que depois escreveu muitas das músicas mais famosas da banda. Todas as músicas são ótimas, mas “The March of the Black Queen”, que dá nome ao lado negro, é daquelas maluquices deliciosas, com uma interpretação soberba abrilhantada pelo magnífico trabalho de Brian May na guitarra.
Queen II é um álbum completo de uma banda de enorme talento, que depois atingiu o merecido estrelato. Trata-se de um disco que não pode ser ignorado, mas sim cultuado, porque apresenta variedade de estilos executados com enorme competência. É um dos meus discos de cabeceira. Se você ainda não conhece, corra e ouça.
Até!
(*) Meu texto original afirmava que nenhuma faixa do álbum constava nas várias coletâneas existentes, informação esta corrigida pelo amigo "Sempre Alerta" André nos comentários. Valeu pela correção!
11 de jun. de 2011
Dica do Xaxim: Heather Findlay - The Phoenix Suite [EP] (2011)
Heather Findlay é uma cantora conhecida dos fãs de rock progressivo por ter feito parte da banda inglesa Mostly Autumn, que atingiu certo sucesso com bons discos lançados desde o fim da década de 90 até a metade da passada, e depois deixou a peteca cair.
Após deixar a banda há não muito tempo, o que foi um choque pra muita gente, ela lançou um EP solo neste ano. Apesar de não ter uma voz de grande destaque, ela é uma intérprete competente e afinada, além de responsável por algumas das melhores composições de sua banda de origem, caracterizada por mesclar folk e rock progressivo com timbres modernos.
Foi por isso que fiquei curioso quando soube do lançamento do novo EP, que se mostrou uma agradável surpresa. Ao invés de repetir a fórmula já bastante desgastada de sua banda anterior (o que fez com que a mesma fosse perdendo sua popularidade gradativamente), a vocalista optou por um rock/pop direto, sem grandes firulas, mas muito competente.
Composto por cinco faixas que totalizam pouco mais de vinte minutos de duração, o mini-álbum é bem legal de ouvir, e não tem nada de progressivo nem de folk. Todas as músicas apresentam o mesmo estilo, ora em ritmos mais agitados, ora em ritmos mais calmos, e chama a atenção que a cantora adota de forma apropriada um estilo de interpretação diferente do que sempre a caracterizou, menos suave e mais marcante, na medida certa que cada música pede.
Das cinco músicas, minhas preferidas são as duas últimas, “Seven” e “Mona Lisa”. Espero que ela lance um álbum inteiro logo. Se ela mantiver este pique e a inspiração que parece ter voltado, certamente será um disco acima da média.
Até!
5 de jun. de 2011
Dica do Xaxim: Caravan - Cunning Stunts (1975)
Algumas bandas reconhecidas do movimento progressivo têm uma fase marcada como sendo a principal, mas seus discos subsequentes são ignorados por muita gente, mesmo se tratando de bons álbuns. É o caso de Cunning Stunts, do Caravan.
O texto em inglês a seguir foi retirado da página da banda no Progarchives, talvez o site com maior número de informações sobre o rock progressivo. "Cunning Stunts" (1975) marked the beginning of a series of mediocre releases and lineup changes, eventually leading to the reunion of the original members on "Back to Front".
O disco sucedeu o aclamado For Girls Who Grow Plump in the Night, gravado dois anos antes, e realmente não é tão bom quanto seu antecessor, mas tá longe de ser medíocre. O álbum dá mais ênfase ao lado “soft jazz” que a banda sempre apresentou e deixa o rock progressivo irreverente e viajante um pouco de lado, mas este não desaparece por completo. Pra mim, este é o motivo pelo qual muita gente torce o nariz para este álbum, o que não lhe faz justiça.
Mais que isso, os teclados e o violino continuam dando as caras, mas este último de forma mais comedida. A primeira faixa, “The Show of Our Lives”, é uma delícia de ouvir, com sua melodia suave num rock bem comportado arranjado com muito bom gosto. Além dela, também curto “Stuck in a Hole”, um rock também comportado (mas nem tanto) e “Welcome the Day”, outro exemplo de composição bem construída.
Mas o grande destaque do disco é a última música, “The Dabsong Conshirtoe”, em que a banda apresenta em toda sua plenitude as características que os fizeram únicos (e famosos) nos discos anteriores. Contando com 18 minutos e muitas variações em seus primeiros treze, a música vai do rock irreverente a progressões sinfônicas misturadas com o tal soft jazz, coisa que a banda sabia fazer com maestria. No final, o trecho de cinco minutos com um riff de guitarra bem roqueiro, simples e eficiente faz a base para vários instrumentos e ruídos serem adicionados alternadamente numa viagem que não deve nada aos principais sucessos do grupo.
Só esse musicaço já vale o disco. Se você já conhece a banda mas nunca o ouviu porque o mesmo não tem muitos comentários positivos, acho que pode estar perdendo um bom álbum.
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