31 de out. de 2009
Dica do Xaxim: Black Bonzo - Guillotine Drama (2009)
Houve ao longo das últimas décadas várias bandas que tentaram tocar hard rock, mas não vingaram ou não duraram muito porque o estilo não está em voga faz tempo, embora muita gente ainda o ouça. Mesmo o Deep Purple, pra citar um exemplo de uma banda que ainda está na ativa, não tem a mesma pegada de antes, o que é normal. Por isso, a maioria das bandas novas de hard rock não me agrada tanto. Isso aconteceu até conhecer uma banda sueca chamada Black Bonzo.
Fiquei sabendo dessa banda em 2006 através de pesquisas em bons sites de rock progressivo, e ela consta em muitos lugares como sendo pertencente ao gênero. Não me parece o caso. O som que a banda faz é uma mistura dos sons dos ícones do hard rock dos anos 70: tem um pouco de Deep Purple, um pouco de Led Zeppelin, um ou outro trecho com arranjos vocais que lembram os do Queen, etc. A influência mais nítida, no entanto, é do Uriah Heep, que era mesmo a que mais flertava com o progressivo (e todas elas o fizeram), mas mesmo ela tinha como principal característica o som típico do hard rock inglês da época.
E o que esta banda sueca tem de especial, então? Bom, eles não estão nem aí se a música que eles tocam vai soar datada e parecem não se preocupar nem um pouco se alguém disser que eles não têm originalidade. Sabe por quê? Porque eles tocam muito e acertam muito mais do erram desde o primeiro disco, Lady of the Night, lançado em 2004.
Guillotine Drama, o terceiro disco da banda lançado neste ano, consegue ser ainda melhor que os anteriores. O álbum tem uma sucessão de pauladas muito bem executadas, vários solos "do cacique” tanto de guitarra quanto de órgão, cozinha rítmica pra lá de competente, além de um ou outro momento mais baladeiro que quase sempre acaba culminando em nova paulada.
O que mais me chamou a atenção neste novo disco é que ele varia um pouco mais entre as influências citadas (por exemplo, em “Because I Love You”, uma mistura de Deep Purple e Trapeze que ficou sensacional, e em “Zephyr”, que poderia constar em um disco do Queen da década de 70). O ótimo som do Uriah Heep ainda se faz presente (como em “Supersonic Man”, uma bela escolha para fechar o álbum), mas no geral achei este disco mais equilibrado que os anteriores.
Se você gosta de hard rock, acho que vai curtir este disco!
25 de out. de 2009
Dica do Xaxim: Wobbler - Afterglow (2009)
A dica da vez vai para o “novo” disco da banda norueguesa Wobbler, chamado Afterglow. A razão das aspas deve-se ao fato de que, embora tenha sido lançado neste ano, o disco contém cinco faixas antigas e inéditas compostas em 1999.
Apesar da curta duração (o disco tem 34 minutos), não se trata de um caça-níquel e é um prato cheio pra quem gosta de teclados. As duas faixas mais longas são bem variadas e experimentais, ora com riffs típicos da vertente mais pesada das bandas nórdicas, ora com trechos psicodélicos misturados com alguns momentos mais calmos. As músicas são recheadas de teclados tradicionais como órgão e Mellotron, e têm alguns trechos cantados que não acrescentam muito (por sorte a maior parte é instrumental).
Já as faixas mais curtas são acústicas, com ênfase no violão e um clima que puxa pro folk, o que confere uma certa variedade ao disco. Entre as faixas, a que mais me chamou a atenção foi "In Taberna", que tem um trecho de puro rock lá pelo oitavo minuto que ficou excelente.
Se você curte o chamado heavy prog, eis um disco que pode te interessar.
Até a próxima!
12 de out. de 2009
Dica do Xaxim: Parzivals Eye - Fragments (2009)
Parzivals Eye é o nome do projeto encabeçado pelo baixista Chris Postl, da banda alemã RPWL, que já gravou quatro discos bastante influenciados pelo Pink Floyd.
Neste projeto, o baixista montou uma banda com bons nomes do cenário progressivo: nos vocais, a banda conta com nada menos que Alan Reed (da banda Pallas) e a ótima Christina Booth (da banda Magenta), que se alternam entre as músicas e também cantam juntos em alguns momentos; para os teclados, o baixista chamou seu companheiro de banda Yogi Lang; e para as guitarras, o guitarrista Ian Bairnson, do Alan Parsons Project.
Como resultado, o disco de estreia, Fragments, apresenta as citadas influências de Pink Floyd, mas o resultado é um pouco diferente da banda de origem do baixista. Há influências claras do citado Alan Parsons, dos Beatles (e essa influência é sempre uma coisa boa num disco), de neo prog em geral e uma boa dose de músicas mais básicas.
A primeira faixa, “Longings End”, conta com 13 minutos e mistura todas essas características citadas acima, com muitas variações e resultados muito legais. Além desta, a última, chamada "Another Day", tem quase 10 minutos e segue a mesma receita, com resultados também muito bons.
As demais músicas apresentam propostas mais diretas, sempre com bons resultados, e variam entre o rock/pop mais básico e/ou psicodélico (com destaque para “Disguise”, “Chicago” e “Through Your Mind”), o neo prog (“Meanings” e “Where Have Your Flowers Gone?” me agradaram mais), trechos mais pesados (caso da faixa-título) e arranjos mais trabalhados (casos de “Skylights” e “Wide World”).
Assim, esse disco pode não estar na relação dos melhores dos fãs mais xiitas de progressivo, o que não é meu caso. Se também não for o seu e se estiver a fim de ouvir boa música variada e com influências de progressivo, esse disco tem uma proposta honesta e que vale a pena conferir.
Por fim, não poderia encerrar esta dica sem um comentário sobre a vocalista Christina Booth. Apesar de não aparecer muito no disco, ela mais uma vez dá um show em “Chicago”. Além da bela voz que usa para cantar com uma facilidade assombrosa, ouvi-la em outra banda que não o Magenta mostra que ela está amadurecendo cada vez mais como intérprete. Pra mim, ela é a melhor vocalista do cenário progressivo atual.
Até a próxima!
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4 de out. de 2009
Um anjo que se vai...
Morreu Mercedes Sosa, em minha opinião uma das maiores cantoras que já existiu, senão a melhor.
Estou bastante chateado, mas o fato é que, mesmo sendo apenas intérprete, ela deixou um legado inigualável de música folclórica sulamericana, cantando de forma magistral e sem preconceitos músicas de várias partes do nosso continente com sua voz potente e incrivelmente afinada, mas que sabia ser também delicada. Mercedes Sosa ganhou um dom raro, muito raro, e soube utilizá-lo como poucos.
Tenho um disco dela gravado ao vivo em Buenos Aires na década de 80 que é daqueles álbuns essenciais e obrigatórios. A versão de “Gracias a La Vida” deste disco (aliás, esta música tem uma letra maravilhosa!) é daquelas coisas que não podem ser melhoradas, e a reação do público quando a música está chegando ao final é tão especial que quase não dá pra ouvir a cantora fazer malabarismos impressionantes com sua voz.
Descanse em paz, Mercedes. E obrigado!
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