18 de jul. de 2010

Dica do Xaxim: Jeff Buckley - Grace (1994)


Um grande amigo me comentou nesta semana que cada pessoa tem uma relação de discos que você ouve volta e meia, com o mesmo prazer sempre, e sabe que vai ser assim pra vida toda. Nestas relações há discos que você parece gostar mais do que a média.

Fiquei pensando nisso enquanto ouvia alguns dos discos que constam na relação deste meu amigo. Enquanto montava a minha própria lista, me lembrei de um disco que não é tão desconhecido, mas que em minha opinião merece reconhecimento muito maior que o que já tem, perfeito para constar no blog.

Grace é o único disco de Jeff Buckley, filho do famoso Tim Buckley, bom cantor do fim da década de 60 / começo da década de 70. Lamentavelmente, Jeff morreu afogado na época em que seu segundo disco estava no forno. Apesar da curta carreira, seu legado musical é enorme, por dois motivos. Primeiro, porque ele era um cantor excepcional, com grande amplitude e ótima afinação, além de ótimo intérprete. Segundo, porque seu disco é muito, mas muito bom.

É difícil classificar o estilo musical desse legado, de tão eclético. O estilo que predomina é o rock, com certeza, apesar de incursões em outros estilos, como em “Hallelujah”, brilhante regravação da música de Leonard Cohen com uma performance soberba do vocalista, e “Lilac Wine”, uma daquelas músicas melancólicas que remetem ao começo do século passado, cantada de um jeito tão legal que caberia perfeitamente na voz do Freddie Mercury. Sim, o cara era bom desse jeito.

Dentro do rock, o estilo que predomina é o alternativo, e dos bons, dando lugar de vez em quando a trechos inspirados em blues. As estruturas são padronizadas, com refrões bem definidos, riffs marcados e algo repetitivos, sempre com bons arranjos, além de algumas variações realçadas pelos sempre ótimos vocais. O que chama a atenção é como o vocalista consegue transitar tão bem entre estilos melancólicos e/ou suaves e outros mais agressivos, às vezes em uma mesma música.

O grande destaque do disco, entretanto, é o rock / pop mostrado em toda sua plenitude em “Last Goodbye”. É daquelas músicas que grudam no ouvido, com um riff bacana e um vocal emocionante, variado na medida certa, perfeito. Apesar de não fechar o disco, o título é curioso dados os acontecimentos trágicos que vieram depois. Apesar de Grace ser o único e último adeus deste artista que tinha tudo para ser brilhante, seus resultados por si só justificam tal reconhecimento.

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