29 de dez. de 2011

Dica do Xaxim: Supertramp - Even in the Quietest Moments... (1977)


Resolvi dar uma pausa nas dicas de melhores discos do ano para falar sobre mais um grande disco de uma banda do segundo escalão. OK, o Supertramp é bem conhecido por muita gente, mas não dá pra dizer que seja daquelas citadas por muita gente como uma banda top.

Quem conhece e curte a banda costuma relacionar os álbuns Crime of the Century e Breakfast in America como grandes discos, e têm razão em classificá-los desta forma. São mesmo dois discaços, embora com estilos um pouco diferentes. Entre os dois álbuns citados a banda lançou outros dois discos, sendo que Even in the Quietest Moments... é quase do mesmo nível dos mais famosos da banda, mas não é tão reconhecido sabe-se lá porquê.

Pra começar, o disco contém as famosas e excelentes “Give a Little Bit”, “From Now On” e “Fool’s Overture”, esta última talvez uma das três melhores músicas gravadas pelo grupo e que apresenta claras influências de rock progressivo (que não era a tônica do grupo). A questão é que todas as demais músicas do disco são boas. Tanto “Lover Boy” quanto “Downstream” e “Babaji” são deliciosas. E como não se apaixonar pelo folk rock da faixa-título, com uma progressão constante tão típica da banda?

Even in the Quietest Moments... é um grande disco, gravado por uma ótima banda que estava pra lá de inspirada. Pra mim, é um disco obrigatório pra quem curte boa música.

Até!

24 de dez. de 2011

Melhores de 2011: Man on Fire - Chrysalis


Não dá pra dizer que a banda americana Man on Fire seja comum. Já na estrada há um bom tempo, os caras sempre gravaram discos que misturam vários estilos e tendências. O problema é que a banda nem sempre acertou a mão, o que resultou em discos irregulares.

Já tinha ouvido os álbuns anteriores dos caras e sempre tive a impressão de que eles nunca tiveram medo de sair do lugar comum, mas como os resultados eram variados, minha opinião sobre eles era a seguinte: apesar de competente, a banda por vezes derrapa feio, mas quando acerta a mão, sai de baixo.

Em estilo, na maior parte do tempo a banda soa como uma mistura do groove do Jamiroquai com o rock do Faith No More, mas sem o acid jazz do primeiro e a voz forçada de pato do segundo. A este caldeirão a banda adiciona algumas pitadas de rock progressivo, mas eu não diria que é a principal influência da banda.

Em Chrysalis, o quarto disco do grupo lançado após seis anos, os caras mais acertam do que erram. O novo álbum repete a fórmula dos discos anteriores ao misturar (em ótima produção) rock com tendências modernas dos mais variados estilos, mas soa mais maduro. Além disso, a presença em algumas faixas de vocais femininos emprestados da soul music, o que não é algo original, conta com arranjos ficaram legais que casaram bem com o som da banda.

Entretanto, a principal característica da banda é a habilidade de compor músicas com arranjos complexos, modernos e que servem de suporte a ótimas melodias, por vezes com apelo pop. Esta característica, já demonstrada em algumas faixas nos discos anteriores, dá mais as caras no novo álbum, motivo pelo qual eu o considero o mais maduro do grupo até agora.

Neste sentido, a faixa “Gravity” se destaca ao encerrar o álbum com dez minutos variados, além de “A (Post-Apocalyptic) Bedtime Story”, esta uma faixa mais direta e apaixonada, com bons arranjos por vezes sinfônicos e ótima presença do vocalista Jeff Hodges, também responsável pelos teclados. Mas a grande música do disco é “Repeat It”, que abre o álbum: moderna, com um groove pegajoso e um refrão empolgante, é daquelas músicas deliciosas que a gente nunca consegue ouvir sem repetir.

O trocadilho, neste caso, é proposital. ;-)

18 de dez. de 2011

Melhores de 2011: Magenta - Chameleon


Depois de três anos, a banda galesa Magenta lançou seu novo disco, Chameleon. Já falei sobre eles várias vezes por aqui, e acho que não é novidade que se trata de uma de minhas bandas preferidas do cenário atual, apesar do grupo não apresentar uma proposta original.

Pelo que pude entender das entrevistas da banda, os caras tinham material para gravar dois discos de estilos um pouco diferentes, um mais calcado no progressivo sinfônico, estilo em que a banda se sente mais à vontade, e outro com músicas mais curtas que pendem mais pro pop. Eles acharam que era hora de dar uma variada e acabaram priorizando a segunda opção.

Essa tendência não chega a ser uma novidade no trabalho da banda. Pra começar, antes de que a vocalista Christina Booth e o tecladista Rob Reed formassem a banda, eles gravaram um EP sob o nome de Trippa, alcançando bons resultados. Além disso, o terceiro disco da banda, Home, também apresenta tal tendência e também alcança bons resultados.

Entretanto, Chameleon na média não alcança resultados tão bons. Isto acontece a meu ver porque a banda parece em alguns momentos ficar em dúvida entre gravar uma faixa pop, o que entendo geraria protestos de seus poucos fãs, e manter uma linha melódica mais sinfônica. Assim, o disco contém algumas faixas que são apenas razoáveis, casos de "Breathe" e "Raw".

Mesmo com estes pontos negativos, o disco tem suas virtudes. Destacam-se as faixas "Guernica", "Book of Dreams" e "Red", esta uma balada com ótimas melodias e que fecha o disco em grande estilo. Os ótimos arranjos também dão as caras, com boas presenças tanto do tecladista Rob Reed quanto do guitarrista Chris Fry.

E como não poderia deixar de ser, a vocalista Christina Booth mais uma vez é o grande destaque. Ela parece incapaz de cantar mal, seja qual for o estilo. Mesmo que as faixas do disco não estejam entre suas interpretações mais brilhantes, sua voz continua tornando as músicas melhores. Tão melhores que acabam fazendo com que Chameleon esteja entre os melhores discos do ano.

Até!

4 de dez. de 2011

Música do ano: Yes - We Can Fly


Vou abrir uma exceção aqui: não falarei sobre um grande disco, nem sobre um dos melhores discos do ano. Falarei sobre uma única música excepcional daquelas que fazem a gente ouvir de novo e de novo e de novo. Para mim a melhor música do ano, e que música!

Não pretendo babar ovo por aqui e se um disco não está entre os melhores do ano, entendo que ele não merece uma dica, mesmo no caso em que o lançamento seja de uma banda consagrada. Mesmo sendo do Yes, minha banda preferida. Como venho tentando ser cada vez mais eclético e minha preferência por eles continua imutável, isso não representa pouca coisa. Neste ano, os caras voltaram com a formação do ótimo Drama, sendo que Trevor Horn ficou responsável somente pela produção (na qual é um cara de indiscutível competência) e Benoit David assumiu os vocais.

O disco, na média, fica devendo. Os caras optaram por lançar uma suíte longa, dividida em partes, que apresenta altos e baixos. As demais músicas apresentam resultados irregulares, o que faz com que o disco esteja longe de ser um dos destaques da banda. Mas uma das partes da suíte representa o ponto alto do disco. Mais que isso, trata-se de um musicaço, que incorpora muitas das características que fazem do Yes minha banda favorita. E isso merece, sim, um comentário elogioso.

“We Can Fly” foi originalmente composta na época do Drama, o que por si só já é um atestado de qualidade. Sou daqueles fãs do Yes que venera o Jon Anderson, mas que reconhece o esforço da banda mesmo sem um de seus mentores. Isso acontece em meu caso porque entendo que, além do vocalista, a banda tem outro mentor, que atende pelo nome de Chris Squire. Em Drama, que conta com os também ótimos Alan White e Steve Howe, a banda superou a ausência do mítico vocalista e apresentou um ótimo disco de rock progressivo antenado com as tendências da época.

Pois bem, a banda teve a feliz ideia de lançar de forma oficial a faixa composta há mais de 30 anos, inserindo-a numa suíte. Questiono a decisão, porque a música se destaca muito em relação ao todo; por outro lado, aplaudo a decisão, porque a mesma desta vez recebeu o tratamento que merece em temos de produção. Composta por Trevor Horn e Geoff Downes, a música apresenta a ênfase em melodias que grudam no ouvido típicas dos Buggles. Também composta por Chris Squire, a faixa apresenta as progressões e regressões que fazem desta música especial.

Mais que isso, a música conta com os bons vocais de Benoit David, que emula o timbre do Jon Anderson sem deixar de imprimir sua personalidade. Mas é o baixista quem realmente se destaca, tanto ao apresentar suas características linhas inquietas quanto ao mostrar com a competência de costume os arranjos polifônicos, algumas vezes assumindo a voz principal, que é ótima!

O resultado final é uma música excelente, que mesmo não estando entre as principais da banda, mostram a competência de uma banda muito acima da média. Sozinha, esta música vale o disco!

Melhores de 2011: Anubis - A Tower of Silence


Uma das boas surpresas deste ano é o segundo disco da banda australiana Anubis. Interessei-me em ouvi-lo após ler vários elogios por aí. Embora minha experiência mostre que quase sempre os elogios são exagerados, neste caso isto aconteceu em menor grau.

Formada em 2004, a banda lançou seu primeiro álbum em 2009. Em seu segundo trabalho, A Tower of Silence, os caras apresentam um rock progressivo que mistura estruturas clássicas do gênero com outras mais características do neo-prog, fazendo uso por vezes de riffs um pouco mais pesados. A banda lembra em estilo os conterrâneos do The Third Ending (já indicados aqui), mas com menos ênfase em tons modernos e com menor brilho.

A primeira faixa, a suíte “The Passing Bell”, conta com 17 minutos de duração e demora um pouco para engrenar, o que acontece lá pelo décimo minuto. Daí em diante a música flui melhor, com as partes se alternando em bons arranjos e progressões que culminam em um ótimo solo de guitarra no final que parece ter sido gravado pelo David Gilmour. Além da suíte, a faixa-título também se destaca por apresentar uma boa balada com variações, mais uma vez melhorando na segunda metade e neste caso atingindo ótimos resultados.

Outro destaque do disco é a faixa “The Holy Innocent”. Trata-se de mais uma música um pouco longa (neste caso, quase 12 minutos) que demora pra engrenar, mas o final apresenta um bom solo de saxofone, que, embora não seja virtuoso, casa muito bem com apoteose imaginada pela banda. A faixa mais bem resolvida do disco é a última, “All That Is”, mais constante e que engrena logo do começo, apresentando ao longo de seus 11 minutos ótimos arranjos que resultam em uma música de primeira.

No todo, A Tower of Silence é um bom álbum de uma banda com potencial. Olho nos caras.

Inté!