28 de ago. de 2009
Dica do Xaxim: Syzygy - Realms of Eternity (2009)
Você é fã do progressivo tradicional (aquele da década de 70) e sente falta de discos com músicas longas, divididas em várias partes?
Você curte também um som mais moderno e vibrou com o Spock’s Beard da década passada e suas músicas longas cheias de influências de bandas tradicionais misturadas com guitarras mais sujas típicas do grunge?
Se for seu caso, esta dica do Xaxim deve te interessar. E se não for seu caso, também. Passarei a publicar dicas de discos que considero candidatos às tradicionais relações de melhores do ano. Esta é a primeira.
Antes de começar, entretanto, é preciso dizer que existem duas bandas chamadas Syzygy: uma banda da Austrália classificada como prog metal e outra dos Estados Unidos classificada como crossover prog. Esta dica é sobre o álbum lançado este ano pelo quarteto americano, que convidou o vocalista Mark Boals para emprestar sua voz em algumas faixas.
Em linhas gerais, o disco apresenta algumas músicas mais pesadas e outros momentos mais progressivos. A ênfase é no bom e velho rock, bem executado, com boas viradas, bons solos e bons arranjos. Há alguns momentos mais delicados (caso da acústica “Echoes Remain”, influenciada por Jethro Tull), mas não são a regra. No geral, as músicas têm ótimos riffs que são verdadeiras pauladas na moringa, misturados com momentos mais progressivos que lembram Yes, Gentle Giant ou o progressivo mais típico americano, como Kansas. Em vários destes momentos, a banda lembra mesmo o Spock’s Beard, como no caso da parte instrumental de “Dreams”, a terceira faixa do disco que conta com dez minutos de duração.
As boas músicas não param por aí. A melhor composição do disco é “Dialectic”, que tem 16 minutos e apresenta melodias vocais e musicais repetidas sob diferentes roupagens no melhor estilo Neal Morse, apresentando as mesmas variações do grande compositor. A influência segue na suíte “The Sea”, dividida em 8 faixas que totalizam 28 minutos de duração e que certamente farão a alegria dos fãs de progressivo, com várias melodias bacanas intercaladas com ótimas viradas.
O disco não é perfeito e tem alguns poucos momentos apenas razoáveis, mas no geral se destaca muito em relação à média do que tem sido lançado por aí, e por isso estará na minha relação de melhores do ano.
Era isso. Até a próxima!
23 de ago. de 2009
Ciclos
Peço desculpas pelo sumiço, mas a semana que passou foi daquelas bem agitadas, atrapalhadas e marcantes. De vez em quando nos acontecem coisas que nos fazem pensar sobre a vida. Mais raramente, tem-se a sensação de que um ciclo está terminando e outro está começando.
É mais ou menos assim que me sinto agora. Durante os últimos meses, especialmente durante a semana passada, tenho me sentido em uma montanha russa. Ora sinto euforia, ora frustração, ora esperança, ora raiva, ora orgulho, ora tristeza. Admito que nem sempre consigo lidar com esses altos e baixos como acho que deveria, ou seja, encarando estas mudanças de estado de espírito como algo natural, mas sinto que durante esta semana eu pelo menos tentei fazê-lo. Comparado a outras épocas em que eu não fazia a menor idéia do que estava acontecendo, já é um baita avanço.
Em outro post escrevi sobre objetivos. Pois bem, um grande objetivo foi cumprido nesta semana: mudamos para um novo lar que é nosso (e de um banco) e estou deixando de pagar aluguel. Todo o processo para arrumar a documentação, obter financiamento e deixar nossa nova casa do jeito que a gente imagina é longo e demorado, por vezes frustrante, mas ficou tudo pronto. Claro que ainda falta muito a fazer, mas acho que posso me permitir sentir um pouco de orgulho.
Afinal, este é um grande passo, um marco em minha vida. Eu, que sou um cara que tinha um único objetivo e que tinha enormes dificuldades para me sentir com o dever “cumprido”, vou me permitir sentir orgulho e paz por ter cumprido um grande objetivo. Como escrevi no outro post, a partir de agora quero encarar objetivos menos complexos ou grandiosos, mas nem por isso menos importantes. De lá para cá, entretanto, percebi que mudar esse enfoque é algo complexo e difícil de se fazer. É complicado substituir velhos hábitos.
E é também esse objetivo que vou encarar junto com os demais.
Um novo ciclo se inicia...
8 de ago. de 2009
Dica do Xaxim: Moon Safari - A Doorway to Summer (2005)
Assim como na Itália, nos países nórdicos existem várias boas bandas de rock progressivo. Podem ser bandas que seguem um rock sinfônico como o The Flower Kings (já citado por aqui), outras que fazem neo-prog, outras que mandam bem no crossover prog, e por aí vai.
Eu não curto muito esse monte de rótulos e me importo mais com a música em si e se a obra me agrada ou não. O certo é que vários discos vindos da Suécia e dos países vizinhos serão indicados por aqui, e resolvi começar pela banda Moon Safari.
A Doorway to Summer, lançado em 2005, é o disco de estreia dos caras, e impressiona. Composto por cinco boas faixas (e nenhuma ruim) que duram entre 7 e 25 minutos, a banda optou por fazer um som light, com belas melodias vocais e muita ênfase em instrumentos acústicos. Não há muitas guitarras e sobram violões, acompanhados por teclados bem marcantes, característicos do rock progressivo dos anos 70. O que impressiona mesmo é que todas as músicas são do mesmo nível e o álbum é muito equilibrado, ficando difícil apontar um destaque.
Para dar uma ideia um pouco mais precisa do som da banda, eu diria que a principal influência dos caras é o Yes, mais pelas lindas melodias vocais (algumas vezes polifônicas) e por algumas estruturas musicais com aquele clímax melódico no final, tão característico da banda que é um dos ícones do rock progressivo. Entretanto, o Moon Safari mostra uma personalidade própria ao não utilizar abordagens que primam pelo sinfônico (que até aparece em alguns momentos, mas não é a tônica do álbum), preferindo o uso acentuado do violão acústico misturado com bateria, baixo e teclados, sempre passando um clima de paz e alto astral, mas sem letras "místicas".
Em 2008, a banda lançou o duplo [blomljud], que também é muito bom. Mas essa será outra Dica do Xaxim... ;-)
Até!
2 de ago. de 2009
Dever cumprido?
Outro domingo estava almoçando num restaurante com música ao vivo a que costumo ir de vez em quando. Gosto de lá por causa do clima familiar. Sempre há casais, dentre eles muitos mais idosos, que dançam ao som de músicas populares de gêneros diversos.
Desta vez notei um casal que já tinha visto outras vezes, e eles estavam lá dançando e curtindo, pareciam de bem com a vida. Então fiquei pensando como seria legal ter a sensação de dever cumprido.
Esta é uma questão que me incomoda. Eu nunca tive essa sensação, apesar de ter conseguido conquistar coisas importantes ao longo da minha vida. Eu não posso reclamar de nada, mas nunca me senti plenamente realizado. Tenho como objetivo principal alcançar certa independência financeira, embora esteja certo de que nunca vou consegui-la.
Enquanto almoçava, esses pensamentos voltaram a me assombrar. Entretanto, foi a primeira vez que me ocorreu que se este meu objetivo é quase inalcançável, por que deveria ser meu objetivo principal? O fato de conquistar a independência financeira ser algo muito difícil de se realizar certamente não quer dizer que eu não deva continuar tentando, afinal minha família depende de mim para viver bem, mas esta foi a primeira vez em que percebi de forma tão clara que eu estou abrindo mão de uma série de coisas em nome de um objetivo que provavelmente eu nunca alcance. Em outras palavras, por que não estabelecer outros objetivos para minha vida?
Tenho certeza de que este é um processo lento e gradual. O fato de ter percebido tudo isso de forma mais clara agora não quer dizer que não tenha pensado nisso antes, nem que as coisas não podem ficam ainda mais claras no futuro. Fato é que percebi que nunca fico com a sensação de dever cumprido porque tracei um único objetivo para mim que é muito difícil de se atingir.
Ainda no almoço, pensei comigo que eu estava julgando o casal sem conhecê-lo. Sim, eles estavam curtindo o momento e o fazem com alguma freqüência, mas quem disse que por conta disso o dever deles estava cumprido? É razoável supor que ao longo dos anos nossos objetivos mudem, sejam eles substitutos dos que foram alcançados ou não. Mais que isso, em meu julgamento me baseei na ideia de que para se curtir a vida é necessário ter o dever cumprido, e esta foi a primeira vez em que percebi que essa ideia é completamente furada e que as duas coisas são independentes.
Com tudo isso, tenho pensado em curtir um pouco mais a vida, sem me esquecer de minhas obrigações. Tenho pensado em estabelecer novos objetivos simples e me dedicar para atingi-los da mesma forma como me dedico ao trabalho. Tenho pensado em dividir melhor meu tempo e fazer coisas que nunca fiz antes, como por exemplo escrever um blog, dançar no almoço de domingo, me apaixonar por uma peça de mobiliário e um bilhão de outras possibilidades que ainda não consigo imaginar.
E tenho pensado também que eu poderia parar de julgar as pessoas e passar a conhecê-las melhor...
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