2 de ago. de 2009
Dever cumprido?
Outro domingo estava almoçando num restaurante com música ao vivo a que costumo ir de vez em quando. Gosto de lá por causa do clima familiar. Sempre há casais, dentre eles muitos mais idosos, que dançam ao som de músicas populares de gêneros diversos.
Desta vez notei um casal que já tinha visto outras vezes, e eles estavam lá dançando e curtindo, pareciam de bem com a vida. Então fiquei pensando como seria legal ter a sensação de dever cumprido.
Esta é uma questão que me incomoda. Eu nunca tive essa sensação, apesar de ter conseguido conquistar coisas importantes ao longo da minha vida. Eu não posso reclamar de nada, mas nunca me senti plenamente realizado. Tenho como objetivo principal alcançar certa independência financeira, embora esteja certo de que nunca vou consegui-la.
Enquanto almoçava, esses pensamentos voltaram a me assombrar. Entretanto, foi a primeira vez que me ocorreu que se este meu objetivo é quase inalcançável, por que deveria ser meu objetivo principal? O fato de conquistar a independência financeira ser algo muito difícil de se realizar certamente não quer dizer que eu não deva continuar tentando, afinal minha família depende de mim para viver bem, mas esta foi a primeira vez em que percebi de forma tão clara que eu estou abrindo mão de uma série de coisas em nome de um objetivo que provavelmente eu nunca alcance. Em outras palavras, por que não estabelecer outros objetivos para minha vida?
Tenho certeza de que este é um processo lento e gradual. O fato de ter percebido tudo isso de forma mais clara agora não quer dizer que não tenha pensado nisso antes, nem que as coisas não podem ficam ainda mais claras no futuro. Fato é que percebi que nunca fico com a sensação de dever cumprido porque tracei um único objetivo para mim que é muito difícil de se atingir.
Ainda no almoço, pensei comigo que eu estava julgando o casal sem conhecê-lo. Sim, eles estavam curtindo o momento e o fazem com alguma freqüência, mas quem disse que por conta disso o dever deles estava cumprido? É razoável supor que ao longo dos anos nossos objetivos mudem, sejam eles substitutos dos que foram alcançados ou não. Mais que isso, em meu julgamento me baseei na ideia de que para se curtir a vida é necessário ter o dever cumprido, e esta foi a primeira vez em que percebi que essa ideia é completamente furada e que as duas coisas são independentes.
Com tudo isso, tenho pensado em curtir um pouco mais a vida, sem me esquecer de minhas obrigações. Tenho pensado em estabelecer novos objetivos simples e me dedicar para atingi-los da mesma forma como me dedico ao trabalho. Tenho pensado em dividir melhor meu tempo e fazer coisas que nunca fiz antes, como por exemplo escrever um blog, dançar no almoço de domingo, me apaixonar por uma peça de mobiliário e um bilhão de outras possibilidades que ainda não consigo imaginar.
E tenho pensado também que eu poderia parar de julgar as pessoas e passar a conhecê-las melhor...
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É Sergio, é por essas e outras que eu tenho prazer em comprar um gibi inédito de uma série que eu gosto, de gravar música com meus filhos, de manter amizades com pessoas como as do SAK, de conhecer um novo seriado , mesmo que ja´tenha acabado de passar na TV e estar fora de moda, mas que eu ainda possa achar muita graça.
ResponderExcluirQuem nao tem prazer nestas pequenas coisas do dia a dia , esta perdendo a única coisa que podemos ter de bom nessa vida.
abraços