29 de ago. de 2010

Dica do Xaxim: La Máquina de Hacer Pájaros - La Máquina de Hacer Pájaros (1976)


Charly García é um dos grandes nomes da música contemporânea argentina. Compositor de mão cheia, ele teve suas músicas gravadas por muita gente, incluindo a rainha Mercedes Sosa. O que pouca gente sabe é que em meados da década de 70 ele montou um grupo de rock progressivo sinfônico chamado La Máquina de Hacer Pájaros.

O primeiro disco, que leva o mesmo nome da banda, foi lançado em 1976, e é um baita álbum. Ele tem montes de influências de rock progressivo dos bons, conta com ótimos músicos, apresenta músicas longas e curtas com variações e polifonias vocais com aquela típica levada destas bandas como charme, incluindo aí as letras em espanhol.

Mas talvez a característica que faça com que o disco seja tão bom é a fluidez natural com que a banda transita entre vários estilos, por vezes em uma mesma música. Trata-se daqueles discos em que se ouve uma música e se identifica claramente a influência (Genesis, Yes e Steely Dan me parecem as mais evidentes), mas a música vai mudando, vão se trocando as influências, vão se adicionando estilos (tem hard rock, um pouco de funk, um pouco de jazz), enfim, essa mistura faz com que a banda tenha personalidade própria.

O disco conta com sete músicas, todas bem legais. Minhas preferidas são “Boletos, Pases y Abonos” (com estilo mais elaborado) e “Rock and Roll” (com estilo mais simples e direto, embora tenha lá suas variações, todas elas deliciosas). Se quiser conferir um discaço da época de ouro do rock que seja um pouco diferente das bandas mais famosas, recomendo.

Até a próxima!

15 de ago. de 2010

Dica do Xaxim: Bacamarte - Depois do Fim (1983)


Imagino que os fãs brasileiros de progressivo conheçam bem o Bacamarte, e por isso relutei em escrever uma dica sobre eles. Entretanto, imagino que algum leitor que passe por aqui e que goste de outras vertentes do rock (às quais tenho dedicado mais espaço) pode não conhecer este bom disco que certamente está entre os melhores lançados por bandas daqui e que merece ser ouvido.

Então vamos lá. A banda foi formada no Rio de Janeiro em 1974, liderada por Mario Neto, multi-instrumentista e principal compositor. Após várias mudanças de formação ao longo dos anos, a banda ganhou algum destaque no começo da década de 80 graças à extinta Rádio Fluminense, que culminou na gravação e lançamento de Depois do Fim, em 1983.

Apesar de gravado na década de 80, quando o progressivo estava em declínio e os representantes do gênero miravam um público que ansiava por pop, este disco remete ao rock sinfônico da década anterior. E o resultado é muito bom. Os arranjos complexos estão presentes ao longo de todas as músicas, seja em momentos mais acústicos, com brilho realçado por flauta e por acordeão, seja em momentos em que o rock se faz presente, contando com boa cozinha rítmica e bons teclados.

A banda contou ainda com dois grandes destaques: primeiro, as guitarras com timbres graves e os violões do líder da banda; segundo, apesar de algumas faixas instrumentais, os vocais em português de Jane Duboc, cantora afinadíssima que depois viria a alcançar certo sucesso em carreira solo, abrilhantam o disco quando dão as caras.

Com relação às faixas, o grande destaque do disco para mim é “Último Entardecer”, um musicaço de nove minutos que sozinha vale o disco. Ela conta com arranjos sublimes e viajantes que casam perfeitamente com a ótima voz da vocalista, alternando lindas partes acústicas com outras em que a banda se mostra em toda sua plenitude, especialmente no solo de guitarra final.

Esta faixa em particular caberia em qualquer disco do Renaissance (e o fato de contar com um grande vocal feminino não é coincidência neste caso), com a diferença de que a banda brasileira adicionou também sons elétricos.

7 de ago. de 2010

Dica do Xaxim: Traffic - John Barleycorn Must Die (1970)


Traffic é uma das bandas do chamado segundo escalão que mais me agradam. É fato que muita gente já ouviu seus maiores sucessos ou já ouviu falar em Steve Winwood ou Jim Capaldi, até mesmo em Dave Mason ou Chris Wood, mas não são muitos os que procuram conhecer a banda de origem dos caras (ou da maioria deles, no caso desta dica) ou procuram conhecer mais coisas sobre a banda, o que é uma pena, porque eles foram ótimos.

Esses ingleses de Birmingham sempre primaram por ótimas melodias vocais e musicais, daquelas inspiradas. São várias as suas músicas que atingiram grande sucesso. Mas o que mais me impressiona é que a banda teve dois períodos bem distintos e ambos bem legais. O primeiro ocorreu no final da década de 60, quando a banda apresentava um rock psicodélico influenciado por folk; o segundo ocorreu no começo da década de 70, com predomínio de longas partes instrumentais com fortes influências de jazz.

John Barleycorn Must Die, lançado em 1970, é o disco de transição entre esses dois períodos, trazendo em um só álbum o melhor de cada fase. É difícil apontar um destaque do disco, já que todas suas faixas são bem legais. As que mais gosto são “Freedom Rider”, que aponta a mudança no som da banda com uso de sax (que viria a ser bastante utilizado nos discos seguintes), “John Barleycorn”, ótima faixa folk acústica com excelente uso de flauta, e “Every Mother's Son”, talvez a última grande faixa psicodélica gravada pela banda.

Esse início de mudança de rumo da banda para mim tem a ver com a saída do bom (mas temperamental) guitarrista Dave Mason, fato que deixaria muita banda perdidinha. Mas os três remanescentes resolveram seguir em frente e gravaram um disco ainda melhor que os anteriores e que tem como único defeito ser curto.

Por tudo isso, este é um daqueles discos que não me canso de ouvir. Aliás, deveria ouvi-lo mais vezes.

Até a próxima! ;-)