15 de ago. de 2010

Dica do Xaxim: Bacamarte - Depois do Fim (1983)


Imagino que os fãs brasileiros de progressivo conheçam bem o Bacamarte, e por isso relutei em escrever uma dica sobre eles. Entretanto, imagino que algum leitor que passe por aqui e que goste de outras vertentes do rock (às quais tenho dedicado mais espaço) pode não conhecer este bom disco que certamente está entre os melhores lançados por bandas daqui e que merece ser ouvido.

Então vamos lá. A banda foi formada no Rio de Janeiro em 1974, liderada por Mario Neto, multi-instrumentista e principal compositor. Após várias mudanças de formação ao longo dos anos, a banda ganhou algum destaque no começo da década de 80 graças à extinta Rádio Fluminense, que culminou na gravação e lançamento de Depois do Fim, em 1983.

Apesar de gravado na década de 80, quando o progressivo estava em declínio e os representantes do gênero miravam um público que ansiava por pop, este disco remete ao rock sinfônico da década anterior. E o resultado é muito bom. Os arranjos complexos estão presentes ao longo de todas as músicas, seja em momentos mais acústicos, com brilho realçado por flauta e por acordeão, seja em momentos em que o rock se faz presente, contando com boa cozinha rítmica e bons teclados.

A banda contou ainda com dois grandes destaques: primeiro, as guitarras com timbres graves e os violões do líder da banda; segundo, apesar de algumas faixas instrumentais, os vocais em português de Jane Duboc, cantora afinadíssima que depois viria a alcançar certo sucesso em carreira solo, abrilhantam o disco quando dão as caras.

Com relação às faixas, o grande destaque do disco para mim é “Último Entardecer”, um musicaço de nove minutos que sozinha vale o disco. Ela conta com arranjos sublimes e viajantes que casam perfeitamente com a ótima voz da vocalista, alternando lindas partes acústicas com outras em que a banda se mostra em toda sua plenitude, especialmente no solo de guitarra final.

Esta faixa em particular caberia em qualquer disco do Renaissance (e o fato de contar com um grande vocal feminino não é coincidência neste caso), com a diferença de que a banda brasileira adicionou também sons elétricos.

2 comentários:

  1. Sergio. Um ponto negativo e muito negativo é a qualidade sonora de péssima qualidade, que nao fizeram jus a tentativa heroica deles.
    Edu Garcia

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  2. Oi, Edu,

    é verdade, a qualidade de gravação não é das melhores. Mas a música é ótima... ;-)

    Abraços,
    Sergio

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