22 de jul. de 2012

Homenagem a Jon Lord (1941-2012)



Nesta semana, um grande músico nos deixou. Jon Douglas Lord, tecladista fundador do Deep Purple, uma das maiores bandas da história do rock, finalmente descansou da doença que o acometia. Contava 71 anos de idade e que parecem ter sido muito bem vividos.

Em 1968, o tecladista nascido em Leicester, Inglaterra, ajudou a formar a banda que sempre o caracterizou como um dos maiores em seu instrumento. Nos três primeiros discos, o Deep Purple ajudou a formar o rock progressivo que estava por vir, sem grande sucesso.

Nesta época, seu parceiro, o temperamental e genial guitarrista Ritchie Blackmore, tomou as rédeas do grupo, tornando-o um dos principais expoentes do hard rock. Mesmo depois disso, a contribuição de Jon Lord para o som da banda é imensa e digna de aplausos.

Em todos os grandes álbuns de diferentes estilos que o grupo lançou desde então, o tecladista sempre apresentou grandes contribuições com seu Hammond. Dono de um estilo inconfundível e vibrante, seus solos demonstravam influência de música clássica, mas sempre casavam perfeitamente com o que o hard rock do Deep Purple pedia.

Em minha opinião, a banda que ajudou a criar tem aquela qualidade rara de fazer o que quer ao vivo. Sempre que ouço o Faustão gritar de forma inconsequente seu bordão “Quem sabe faz ao vivo”, penso que o cara nunca ouviu Deep Purple e seu sensacional Made in Japan, que completará 40 anos em breve e que conta com a melhor dentre as inúmeras versões de “Smoke on the Water” que já ouvi. O motivo? O solo maravilhoso do tecladista no final, acompanhado de uma banda pra lá de inspirada!


São tantas as músicas em que o cara se destacou que a lista ficaria muito grande e eu poderia cometer alguma injustiça. Espero que ele esteja se divertindo seja lá onde estiver agora. Obrigado por tudo, Jon! Descanse em paz...

21 de jul. de 2012

Dica do Xaxim: Steve Unruh - Out of the Ashes (2004)


Na lista dos melhores discos de 2010, falei sobre Challenging Gravity (clique aqui), lançado pelo multi-instrumentista Steve Unruh. Naquele post, mencionei que o cara já tinha uma obra-prima, e que escreveria sobre a mesma. Demorei muito mais do que deveria.

Out of the Ashes, lançado em 2004, é daqueles discos que não têm músicas ruins. Neste caso específico, o disco apresenta uma grande novidade na carreira do artista, que é o uso deliberado de guitarras elétricas, que faz sentido na temática do álbum e amplia a dimensão de sua música, como se ele quisesse mostrar que é capaz de gravar um disco mais próximo do padrão a que estamos acostumados.

Segundo o artista, o disco fala sobre a violência moderna. Apresentando uma suíte de 40 minutos e carregada de letras ácidas, o artista expressa de forma veemente e ainda assim elegante sua indignação com o que ele julga ser algo a ser combatido, e é por isso que o uso de instrumentos elétricos e distorcidos faz sentido, pois demonstra por vezes raiva com a situação.

Mas não é só isso que torna o disco algo especial. Mesmo aflorando sentimentos destrutivos, os arranjos, por vezes complexos e por outros muito simples mas efetivos, são privilegiados. Não se trata de um disco de heavy metal, embora em alguns momentos o estilo chegue perto. As belas melodias acústicas com violões e violinos continuam presentes, bem como as variações dentro de uma mesma música, dando espaço até para o reggae!

Outro ponto positivo está na voz do artista. A temática dá lugar ao seu desejo de paz, interpretado de forma efetiva nos vocais. Mesmo sem ser um cantor brilhante, suas interpretações sempre afinadas e suas variações de estilo são bem pensadas e facilmente percebidas, alinhadas com o que a música pede.

Não é comum ouvir um disco conceitual que lide com um tema emocional e que seja tão bem sucedido ao mesmo tempo em que demonstre sua dose de originalidade. Além disso, há trechos brilhantes e inspirados, com lindos arranjos de cair o queixo, que fazem deste disco muito, mas muito acima da média!

O fato de que o autor compôs, gravou e arranjou tudo sozinho é algo que torna seu êxito ainda maior. Eis um artista para se aplaudir de pé, e o fato de que seja tão desconhecido é daquelas coisas que não dá pra entender! Se você gosta de boa música e quer ser surpreendido, compre este disco correndo!

Até a próxima!

14 de jul. de 2012

Dica do Xaxim: Squackett - A Life Within a Day (2012)


Não é todo dia em que dois ícones do rock se juntam para lançar um disco. Foi por isso que quando soube que os ótimos Chris Squire (baixo) e Steve Hackett (guitarras) estavam para lançar um trabalho sob o nome de Squackett, formei grande expectativa.

A Life Within a Day não é um disco brilhante, mas tem ótimos momentos em que os dois artistas mostram porque são ícones do gênero, como por exemplo na faixa-título que abre o álbum e que tem uma passagem instrumental em que guitarra e baixo são executados com enorme competência, como de costume no caso dos dois artistas.

O estilo do disco remete ao rock/pop mais característico dos últimos trabalhos do baixista misturado com sons mais acessíveis do trabalho recente do guitarrista, com doses de rock progressivo. Chama a atenção que este de fato é um trabalho em conjunto, em que se percebe claramente que os dois artistas contribuíram em todas as faixas, alternando bem também os vocais (no que o baixista é ótimo, diga-se de passagem).

A presença de Jeremy Stacey na bateria, que já tocou com Chris Squire no The Syn, mostrou-se uma escolha acertada. Dono de um estilo discreto mas muito efetivo, o baterista entrega arranjos na medida exata que as músicas pedem, o que é algo raro de se ouvir.

Contando com uma ordem correta, as faixas alternam climas mais agitados e outros mais calmos e a maioria delas agrada. Há alguns casos surpreendentes, em que faixas apenas razoáveis se tornam legais com os arranjos que os caras bolaram com seus estilos de tocar, que são inconfundíveis. É o caso, por exemplo, de “Divided Self”, uma canção comum, mas que tem intervenções do guitarrista que a tornam melhor e mais agradável.

Outro exemplo surpreendente é “Sea of Smiles”, composição típica do guitarrista, que, mesmo sem ser brilhante, tem resultados melhores com a presença do baixista, que adiciona, além de boas linhas de baixo, ótimos backing vocals.

A faixa que mais curti é “Perfect Love Song”, que encerra o álbum. Esta faixa sintetiza de forma brilhante os estilos dos dois músicos e tem como único defeito ser muito curta. No todo, A Life Within a Day é um trabalho honesto de dois senhores (abaixo) que se respeitam, e a impressão que passa é a de que um inspirou o outro.


9 de jul. de 2012

Dica do Xaxim: RPWL - Beyond Man and Time (2012)


Já comentei por aqui sobre o bom disco de estreia do Parzival’s Eye, projeto paralelo do baixista alemão Chris Postl. Neste ano ele retornou com sua banda de origem, chamada RPWL, que lançou novo disco neste ano depois de um tempo sem músicas inéditas.

A banda nasceu fazendo covers do Pink Floyd, então é natural que esta seja sua principal influência, demonstrada ao longo de toda sua carreira. Não é diferente no novo disco, mas o mesmo apresenta duas novidades que mostram que a banda não está presa a um mesmo estilo.

A primeira é que o som lembra muito a última fase do Floyd, mas adicionando trechos puxados pro pop. Os resultados são variados: na maioria as músicas neste estilo agradam mas não empolgam muito, a não ser pelas faixas “The Shadow” e “The Wise in the Desert”, que se destacam.

Não se trata de um disco brilhante e essa impressão é reforçada pela ordem das músicas. O disco demora a engrenar porque suas primeiras faixas, apesar de contarem com bons momentos, não empolgam. Parece que a banda resolveu guardar o melhor para o final, em que a coisa melhora bastante com as duas faixas citadas e culmina na segunda novidade.

Trata-se da presença de uma música mais longa, chamada “The Fisherman”, que é de longe a melhor do disco. Nesta faixa, a banda agrega ao caldeirão outros estilos, como o uso de sons orientais e outros mais roqueiros em variações bem pensadas, além de um trecho instrumental caprichado, mas sem espaço para virtuosismos. É certamente a melhor música que a banda já gravou e que sozinha vale o disco!

Na média, mesmo que Beyond Man and Time não seja brilhante, é um disco legal para experimentar e curtir.

Até!