31 de dez. de 2010

Melhores de 2010: Steve Unruh - Challenging Gravity


Steve Unruh parece nome de jamaicano que toca reggae, mas não é bem o caso. O cara é um músico americano que toca vários instrumentos, principalmente acústicos, misturando na maior parte do tempo progressivo e folk. Apesar de já ter gravado vários discos, muitos deles bem legais e um que considero uma obra-prima, ele é praticamente desconhecido, o que é uma baita injustiça.

Challenging Gravity é seu nono álbum, e não decepciona. O disco mantém a linha de seus antecessores ao mesclar de forma original vários instrumentos acústicos, como violão, violino e flauta (o único instrumento por vezes elétrico é o contrabaixo). OK, a ideia de mesclar esses instrumentos não é original, mas usar flauta e violino em substituição aos teclados não é algo muito comum.

O que confere grande originalidade à carreira do músico, entretanto, é a forma como o cara arranja os instrumentos, alternando momentos folk, pop, sinfônicos e alguns momentos heavy metal, às vezes tudo isso em uma mesma música. Agora imagine combinar instrumentos acústicos como os citados numa batida rápida que por vezes conta com dois bumbos.

A novidade deste último trabalho em relação aos demais discos é a faixa instrumental “The Path to Alhambra”, que mescla de forma magistral tango, flamenco, clássico e rock e que culmina num arranjo sinfônico que deixaria Astor Piazzolla orgulhoso. Outra faixa de destaque é “Dissolve”, mas o álbum não se resume a isso, e os ótimos arranjos se repetem ao longo de todo o disco, com resultados muito bons.

Ah, sim, sobre o disco que considero sua obra-prima, vou manter o suspense para uma próxima Dica do Xaxim. Prometo que escrevo logo a respeito... ;-)

26 de dez. de 2010

Melhores de 2010: Moon Safari - Lover's End


Uma das primeiras dicas do Xaxim fala sobre o primeiro disco da banda sueca Moon Safari, A Doorway to Summer, que remete a um estilo de progressivo “light” (a dica pode ser acessada aqui). No último trimestre de 2010, a banda apresentou seu terceiro disco, em que mantém o mesmo estilo mas retorna ao formato de disco simples.

Considero a maioria dos álbuns duplos longos demais, o que não ocorre de forma tão explícita no trabalho anterior, o também bom [blomljud]. Ao contrário também do que ocorre em muitos casos, a volta ao formato de um único disco não fez com que o novo disco fosse melhor que o anterior. Lover’s End tem algumas ótimas canções que mostram todas as virtudes da banda (alto-astral em arranjos sinfônicos delicados, com ótimas polifonias vocais), motivo pelo qual está na lista de melhores de 2010, mas também tem alguns poucos momentos em que a banda não se mostra tão inspirada.

O disco é dividido em oito faixas, e na maior parte do tempo mostra evolução da banda nas composições. Enquanto o primeiro disco enfatiza mais violões acústicos e o segundo mostra a banda explorando trechos mais elétricos, o novo trabalho equilibra melhor os arranjos. Dá pra dizer que o novo disco é uma mistura dos dois anteriores, como, por exemplo, em “The World’s Best Dreamers”, que poderia constar no primeiro álbum, e em “Heartland”, que poderia constar no segundo.

Os melhores resultados, entretanto, são atingidos quando a banda mistura as ênfases no acústico e no elétrico em uma mesma música. Os destaques nesta linha são “A Kid Called Panic” e “Crossing the Rubicon”, não por acaso as faixas mais longas do disco e que variam os estilos de um jeito que impressiona, com boas performances de todo o grupo. A última, em especial, lembra o estilo do primeiro álbum da banda, mas é melhor que a média das faixas daquele disco justamente por contar com boas guitarras elétricas.

Embora no todo Lover’s End não seja tão impactante quanto os dois discos anteriores, o novo trabalho mostra a banda sueca tentando evoluir e mudar seu som, ainda atingindo bons resultados. Se mantiver este espírito e continuar mostrando talento, é possível que eles venham lançar uma obra-prima em breve. Olho nos caras.

Inté!

24 de dez. de 2010

Convite para a festa de hoje



Recebi o convite abaixo do meu amigo André, e achei a ideia muito bacana! Por isso, resolvi colocar aqui no blog.

O Rock do Xaxim deseja a todos vocês um ótimo Natal e que vocês tenham muita paz e saúde por muito tempo!

Valeu!

Melhores de 2010: Il Tempio delle Cressidre - Il Tempio delle Cressidre


Há algum tempo, quando publiquei a primeira dica do Conqueror, comentei que faltava ao blog dicas de bons álbuns lançados por bandas italianas. Além do novo disco da banda, outros dois lançamentos de lá figuram entre os melhores deste ano que está no fim.

O disco de estreia homônimo da banda Il Tempio delle Cressidre é o primeiro deles. O som é típico do rock progressivo italiano tradicional, que lembra mais especificamente o Museo Rosenbach, alternando passagens sinfônicas com outros momentos em que o hard rock rola solto, tudo isso com produção moderna. Embora não apresente novidades, as composições fluem naturalmente em ambos os estilos, com ótimas variações em uma mesma música.

Não por coincidência, o vocalista Stefano Galifi é o mesmo cantor da principal influência da banda, e vai muito bem em todas as músicas. Os outros integrantes da banda também mandam bem em seus instrumentos, com especial destaque para a tecladista Elisa Montaldo. Embora alguns poucos momentoa sejam apenas razoáveis, a maioria das faixas do disco é acima da média, com destaque para “Le Due Metà di una Notte” e “Il Centro Sottile”.

Em um ano em que não houve grandes novidades no cenário progressivo, é sempre bom descobrir bandas novas e competentes, mesmo que o som remeta ao estilo mais tradicional dos anos 70, que foi o ápice do estilo e que pode sim ser repetido com boas composições.

Até!

19 de dez. de 2010

Melhores de 2010: Unitopia - Artificial


Em maio deste ano, postei a dica do primeiro disco da banda Unitopia, More Than a Dream, lançado em 2005 (a dica pode ser acessada aqui). Após o lançamento do álbum de estreia, a banda chamou a atenção do selo InsideOut, famoso por lançar vários artistas de peso no cenário progressivo (como por exemplo a banda Transatlantic), o que os tornou mais conhecidos.

Depois de lançar em 2008 o bom álbum duplo conceitual The Garden, em que a banda dá mais ênfase ao progressivo sinfônico, a banda apresentou neste ano Artificial, seu terceiro trabalho. A volta a um álbum simples fez bem aos caras, que equilibram melhor as influências sinfônicas, de world music e de pop que o álbum anterior.

Também conceitual, as letras deste disco lidam com algumas sensações que a vida moderna nos traz quando comparada com tempos que estão num passado não muito distante, aquela típica sensação nostálgica que faz com que muitos de nós digamos a manjada frase “no meu tempo as coisas eram melhores”. Diferentemente do que se pode imaginar, o tom do disco não é depressivo e convida à reflexão, além de celebrar as conquistas modernas, principalmente relacionadas à tecnologia.

Apesar de contar com várias mudanças em sua formação desde o primeiro disco, a força criativa da banda composta pelo tecladista Sean Timms e pelo ótimo vocalista Mark Trueack continua a mesma ao longo de toda a obra. O grande destaque é a faixa “Nothing Last Forever”, em que a banda reflete a nostalgia propositalmente clonando o The Beatles e que conta com um trecho orquestrado que só não é melhor por ser muito curto.

Outra faixa de destaque é “The Great Reward”, que volta à mesma melodia inspirada nos Beatles e que progride para um final sublime, em que o ouvinte se dá conta de que os novos tempos também oferecem grandes oportunidades, e que aproveitá-las depende de cada um de nós.

Com seu terceiro bom disco, a banda Unitopia se afirma com uma das melhores do cenário progressivo atual.

Até!

18 de dez. de 2010

Dica do Xaxim: Magenta - Live at Real World (2010)


Após pensar um pouco, resolvi não incluir álbuns gravados ao vivo na relação de melhores do ano, mas isso não impede que eu comente a respeito deles, até para que as pessoas fiquem sabendo de outros bons lançamentos.

Assim, resolvi postar a dica do disco Live at Real World, da banda galesa Magenta. Já comentei algumas vezes sobre essa boa banda e sua ótima vocalista Christina Booth, que lançou um disco solo neste ano já devidamente indicado (para ver a dica, clique aqui), mas nunca tinha postado uma dica de um disco da banda (e são todos pelo menos bons).

O trabalho foi gravado no final do ano passado, no estúdio Real World, de propriedade de Peter Gabriel, e contou com um pequeno público que acompanhou a gravação. Dado que a banda faz um som sinfônico, gravar um álbum acústico ao vivo, acompanhada de alguns instrumentos sinfônicos, parecia um passo natural para a banda. E foi exatamente o que eles fizeram, disponibilizando também um DVD.

O disco duplo é bem legal e apresenta músicas de todos os quatro discos da banda. Embora algumas músicas mais agitadas não tenham atingido grandes resultados (a exceção é o trecho escolhido para “Metamorphosis”, faixa-título do último disco da banda, que ficou ótima!), nos momentos mais sinfônicos e/ou calmos os arranjos ficaram excelentes, casando muito bem os instrumentos sinfônicos com os ótimos pianos e violões. Neste sentido, destacam-se “Children of the Sun” (um resumo da longa faixa originalmente gravada no primeiro disco da banda, Revolutions), “Moving On” e “Journey’s End” (do disco Home).

Finalmente, o fato de a maior parte do disco contar com arranjos delicados dá mais espaço para que a vocalista brilhe ainda mais. Outra vez sua performance é o ponto alto do disco, como demonstra o vídeo promocional do disco (abaixo). Se você ainda não conhece a banda, esta talvez seja uma boa opção para ter o primeiro contato. E se conhece, vale à pena conferir arranjos diferentes para grandes canções.

Inté!

11 de dez. de 2010

Melhores de 2010: Anima Mundi - The Way


Não é sempre que eu me deparo com um grande disco de uma banda que eu ainda não tenha ouvido, e confesso que não tinha muitas esperanças de encontrar uma grande novidade neste ano, por dois motivos: o ano começou devagar em lançamentos de rock progressivo (esquentou um pouco no segundo semestre) e os discos que mais me agradaram são de bandas que eu já conhecia.

Até que li comentários muito favoráveis sobre a banda Anima Mundi, que vem de Cuba. Eu nunca tinha ouvido nada de lá, e nem sabia que alguém da ilha do Fidel se dispunha a gravar rock progressivo. Esta é uma das maravilhas da internet, e resolvi conferir, apesar de muitas vezes me decepcionar com o que ouço. Desta vez, não me arrependi.

The Way é o terceiro disco da banda, com letras em inglês. É progressivo com “P” maiúsculo. Composto de quatro faixas, uma delas com 26 minutos, o disco apresenta todos os elementos que os fãs do progressivo tradicional procuram: muitas variações em uma mesma faixa, progressões que culminam em trechos sublimes e/ou sinfônicos, regressões para trechos acústicos, releituras de melodias vocais, longos trechos instrumentais com arranjos complexos em que se descobrem novos sons a cada audição, e por aí vai.

Na verdade, o álbum não apresenta novidades em termos musicais. Bandas como The Flower Kings e Spock’s Beard lançaram durante a década de 90 ótimos discos no mesmo estilo com produção moderna, isso sem falar nas bandas clássicas dos anos 70, cujas influências estão presentes ao longo de todo o disco. O que impressiona em The Way é a competência da banda. Há vários discos que apresentam o estilo tradicional do progressivo, mas poucos são tão bem-sucedidos.

Todas as faixas do disco agradam, mas meus destaques vão para a primeira, “Time to Understand”, que tem um final apoteótico e emocionante, e a última, “Cosmic Man”, que tem um longo trecho final que lembra em essência a obra-prima “Starship Trooper”, do Yes. No todo, esta banda é uma de minhas maiores descobertas dos últimos tempos, e vai ser difícil que algum outro álbum desbanque The Way como o disco do ano.

Até a próxima!

10 de dez. de 2010

Yes em São Paulo - 28/11/2010


Após onze anos, os fãs de progressivo foram brindados com o retorno de uns dos maiores ícones do gênero, o Yes. Banda seminal do rock independentemente do gênero, a vinda de Steve Howe, Chris Squire e Alan White por si só significam a presença nestas terras de três quintos de uma das mais representativas formações que já deram o ar da graça neste planeta.

Com casa cheia, o show estava incialmente marcado para as 21 horas, mas sofreu atraso de uma hora e meia, creditado a problemas no voo partindo de Florianópolis, por sua vez creditado a nossa sensacional Infraero. Como consequência, o show começou com o citado atraso e com o som algo embolado em “Siberian Khatru”, faixa de abertura dos shows do Yes desde a época de sua gravação no sensacional (e seminal) Close to the Edge.

Logo na faixa de abertura, a primeira grande surpresa do show. Apesar do andamento ainda mais lento que de costume e do som embolado (por não haver passagem prévia de som), o mestre Steve Howe mandou um solo fantástico no final da música, tocando com uma energia muito mais vibrante do que das vezes anteriores em que o vi, e que se repetiu ao longo de todo o show. Nota 10 pra ele!

A segunda faixa foi “All Good People”, clássico da banda gravado no The Yes Album, que pode ser vista no vídeo abaixo.



Após poucos o som foi entrando nos eixos, mas a banda claramente sofreu de cansaço e/ou falta de entrosamento, visto que eles estavam no estúdio e retomaram os shows ao vivo para uma pequena turnê pela América do Sul, e cometeu alguns erros. Mesmo assim, alguns momentos foram marcantes, como na sempre maravilhosa “And You and I”.



De surpresas (para quem não acompanha as notícias da banda), os caras mandaram bem em “Astral Traveller”, com um solo correto do Alan White, e em “Tempus Fugit”, faixa do álbum Drama que só pode ser incluída graças à substituição do Jon Anderson, que não participou da gravação original, pelo canadense Benoit David. O novo vocalista não brilhou, mas deu conta do recado, o que é uma tarefa bastante complicada, e seu timbre é tão parecido com o do Anderson que em dados momentos eu podia jurar que era o original cantando.

Sobre Oliver Wakeman, filho do melhor e mais mais carismático tecladista do Yes, achei-o burocrático e sem carisma. Ainda pode melhorar muito, mas me parece que a banda estava melhor servida com o tecladista que veio pra cá da última vez, o russo Igor Koroshev.

Por fim, Chris Squire continua dando seu show de sempre no baixo, ele que é um dos maiores baixistas que já vi tocar. Uma mostra do que ele ainda é capaz de fazer pôde ser vista e ouvida em "Starship Trooper", que encerrou o bom show.



Aproveito para agradecer os três vídeos bem legais que incluí no post (também disponíveis em HD), que passam uma ideia melhor do que rolou nessa grande noite. Estes vídeos gravados durante o show foram gentilmente cedidos pelo amigo Luciano “Fluid Man” Carneiro, ótimo tecladista da banda Dreamers (cover do Supertramp), e que estava a poucos metros de onde eu assisti ao concerto. Valeu, Luciano!

Até a próxima! :-)

Correria


Oi, pessoal,

peço desculpas pelo sumiço, mas final de ano é uma época bastante corrida para mim. Vou tentar tirar o atraso ao longo do mês, uma vez que ainda tenho que postar os demais discos que estão entre os melhores deste ano, além de minhas impressões sobre um grande evento que aconteceu por aqui. ;-)

Abraços!