31 de dez. de 2009
Feliz 2010!
Agradeço a todos os que visitaram o Rock do Xaxim em seu ano de estreia! Desejo um ótimo Ano Novo a todos e que 2010 seja o melhor ano de nossas vidas até agora!
Abraços,
Sergio
28 de dez. de 2009
Dica do Xaxim: Nemo - Barbares (2009)
O álbum que fecha a lista de melhores de 2009, Barbares, da banda francesa Nemo, foi lançado no começo do ano, mas não poderia ficar de fora da minha relação, porque é um baita disco.
Depois de lançar dois discos conceituais em torno da mesma estória, Si Partie I (2006) e Si Partie II: L’Homme Ideal (2007, um discaço), desta vez a banda optou por lançar um disco com formato padrão, embora a faixa título seja uma suíte de 25 minutos dividida em sete partes.
O grande mérito do quarteto está na qualidade da composição, uma vez que eles priorizam os arranjos, mas não deixam de mostrar bons solos. O que mais impressiona é a fluidez com que a banda varia em uma mesma música partes de heavy metal, outras com bom swing e outras mais delicadas, colocando sempre os timbres certos para cada momento e criando combinações interessantes, como guitarras bem distorcidas fazendo a base para dedilhados de piano.
Todas as faixas do álbum são boas, mas o grande destaque é mesmo a faixa-título, na maior parte instrumental (com temas que se repetem de vez em quando em diferentes arranjos). Ela tem um trecho que poderia estar em um álbum do Jethro Tull e tem um final daqueles que dá vontade de ouvir tudo de novo. Com Barbares, o Nemo lançou outro petardo e pra mim se estabeleceu definitivamente como um dos principais expoentes do rock progressivo moderno, mesmo com as letras em francês.
Até!
24 de dez. de 2009
Feliz Natal!
23 de dez. de 2009
Dica do Xaxim: Transatlantic - The Whirlwind (2009)
Depois de oito anos, eis que o genial Neal Morse (ex-Spock's Beard) resolveu abrir uma exceção em sua exclusiva carreira solo com temática religiosa e se reuniu aos aclamados Roine Stolt (The Flower Kings), Pete Trewavas (Marillion) e Mike Portnoy (Dream Theater, de quem Morse nunca se distanciou uma vez que é figura constante nos discos “prog gospel” do compositor) para lançar um disco inédito de um dos mais bem sucedidos supergrupos da história do rock progressivo: o Transatlantic.
A exceção aberta não foi lá muito radical, uma vez que as letras do novo disco continuam apresentando fundo religioso. A bem da verdade, o último disco dele com sua banda de origem (Snow, também de 2001), já continha mensagens religiosas.
The Whirlwind não apresenta grandes modificações em relação aos dois discos anteriores lançados pelo supergrupo, mas há algumas diferenças importantes. Primeiro, embora a maioria das músicas continue sendo obra do gênio do Neal Morse, os primeiros discos se pareciam mais com o Spock’s Beard, enquanto que este lembra mais sua carreira solo. Segundo, este disco cede mais espaço para composições do Roine Stolt que os anteriores, e ele aparece mais nos vocais.
As diferenças não param por aí. O disco apresenta uma única suíte de quase uma hora e vinte minutos, dividida em doze partes ao invés de apresentar duas faixas independentes de mais ou menos meia hora e outras poucas faixas menores como nos discos anteriores.
Embora o disco alterne grandes momentos com outros bons e outros nem tanto, o disco mantém o pique durante o tempo todo, mesmo sem trazer muitas novidades em termos musicais. A velha fórmula consagrada continua presente: alternar estilos que transitam pelo rock sinfônico, partes mais pesadas, influências de jazz e baladas pop, além de repetir linhas melódicas sob diferentes roupagens (no que o Neal Morse é mestre).
Por fim, queria comentar sobre outro destaque importante: este é o melhor disco da carreira do Pete Trewavas, que arrebenta no disco, além de cantar e compor alguma coisa. Eu acho sua performance no início do Marillion comum, mas é notável como ele vem melhorando de uns anos pra cá. É muito bom poder ouvi-lo cantar e se afirmar como um dos principais baixistas do cenário progressivo atual.
Até a próxima!
20 de dez. de 2009
Finalizando a lista de dicas dos melhores de 2009
Procuro priorizar em minhas dicas bandas que não sejam muito conhecidas, uma vez que há bastante leitura disponível por aí sobre os discos e artistas mais badalados.
Minha lista de melhores do ano inclui em sua maioria álbuns que também se enquadram em minha proposta original. Fato é que tenho me cansado um pouco da mesma fórmula (talvez exaurida) de medalhões do progressivo, e mesmo quando eles mudam alguma coisa, não são bem sucedidas na maioria das vezes.
Considero esse processo normal. Acho muito difícil para um artista ou conjunto manter o pique por tanto tempo criando coisas diferentes. A meu ver, isso acontece com todas as bandas em maior ou menor grau.
Entretanto, a lista de melhores discos de 2009, que já conta com oito lançamentos e será completada por mais dois álbuns até o final do ano, fugirá um pouco da minha proposta original. Afinal, nela consta também um álbum lançado por uma banda que dispensa apresentações, sobre o qual comentarei em alguns dias (se alguém quiser arriscar um palpite sobre qual será o disco, fiquem à vontade...)
A lista não contém, por exemplo, o disco The Incident do Porcupine Tree, mas isso não significa que eu não tenha gostado do disco. Na verdade, achei que o disco tem alguns grandes momentos mas na média é apenas razoável e por isso ele não está entre meus melhores do ano.
Bom, já excluí uma opção de seus palpites... ;-)
19 de dez. de 2009
Dica do Xaxim: Izz - The Darkened Room (2009)
A banda Izz, formada em Nova Iorque, é uma das grandes bandas do cenário progressivo americano atual, embora não tenha a mesma popularidade de outras bandas mais famosas. The Darkened Room, lançado neste ano, é mais um grande álbum desta promissora banda, que se junta aos também ótimos I Move (2002) e My River Flows (2005).
Formada em 1998 pelos irmãos John (que manda muito bem no baixo) e Tom Galgano (que também manda muito bem nos teclados e é o principal compositor, além de vocalista principal), a banda conta ainda com a boa vocalista Anmarie Byrnes, que na maior parte do tempo empresta sua voz a ótimos arranjos polifônicos, e que também aparece como vocalista principal em alguns trechos. Além deles, a banda conta com Paul Bremmer nas guitarras, Greg DiMiceli na bateria e Brian Coralian na percussão, que mandam muito bem em seus respectivos instrumentos.
O novo disco não apresenta lá grandes inovações em relação aos trabalhos anteriores, e isso é ótimo. Em linhas gerais, o som da banda apresenta linhas polifônicas vocais fortemente influenciadas pelos Beatles (e que portanto lembram alguns momentos do início da carreira do Yes), com estruturas que alternam entre o rock progressivo clássico (e que em alguns momentos lembram Yes e/ou King Crimson) e influências mais modernas, o que confere originalidade ao trabalho da banda.
Todas as músicas do disco são boas, mas merecem destaque a faixa de abertura, “Swallow Our Pride”, e a penúltima “23 Minutes of Tragedy”. O grande destaque do disco, entretanto, é a música “Can’t Feel the Earth”, dividida em três partes não sequenciais. Cada uma destas partes funciona bem tanto individuamente quanto quando ouvidas em sequência.
Pra mim, o disco do ano!
Até já!
22 de nov. de 2009
Dica do Xaxim: Steve Thorne - Into the Ether (2009)
Steve Thorne é um cantor e compositor oriundo de Southampton, Inglaterra, que gravou dois bons álbuns chamados Emotional Creatures (a parte 1 foi lançada em 2005 e a parte 2 em 2007). Talvez por este motivo e pelo fato de contar com músicos de nome do cenário progressivo atual o artista seja listado nos principais sites do gênero, mesmo que seu trabalho tenha ênfase nas canções com algumas nuances de rock progressivo.
Into the Ether, último trabalho do cara lançado neste ano, mantém a linha dos bons discos anteriores com doses um pouco maiores de progressivo (a faixa mais progressiva do disco é “Granite Man”, um musicaço). Além de ser um cantor bem razoável, daqueles que não se destacam muito, mas também não desafinam, ele é capaz de criar boas letras com melodias vocais bonitas, simples e eficientes, variando momentos mais agitados e baladas acústicas bacanas de se ouvir.
Acompanhado de ótimos músicos, como os baixistas Pete Trewavas (Marillion, Transatlantic, Kino), Tony Levin (King Crimson, Peter Gabriel) e John Giblin (Brand X, Fish), os bateristas Nick D'Virgilio (Spock’s Beard) e Gavin Harrison (Porcupine Tree), o tecladista John Beck (It Bites) e os guitarristas John Mitchell (It Bites) e Gary Chandler (Jadis), além do próprio artista nos vocais e violões, o disco apresenta ótima produção, com 11 músicas bem balanceadas em sequência correta, que agradam tanto aos fãs de progressivo quanto aos que querem simplesmente ouvir boa música.
Por fim, mais um detalhe. Apesar de ter gostado do disco desde a primeira vez que o ouvi, esta é uma daquelas obras que vai ficando melhor com o tempo, talvez por ter maiores influências de progressivo, mas que não descaracterizaram seu trabalho. No todo, Steve Thorne lançou seu terceiro bom disco e ainda mostra que evoluiu como artista. Para mim, um dos grandes discos deste ano.
Até a próxima!
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31 de out. de 2009
Dica do Xaxim: Black Bonzo - Guillotine Drama (2009)
Houve ao longo das últimas décadas várias bandas que tentaram tocar hard rock, mas não vingaram ou não duraram muito porque o estilo não está em voga faz tempo, embora muita gente ainda o ouça. Mesmo o Deep Purple, pra citar um exemplo de uma banda que ainda está na ativa, não tem a mesma pegada de antes, o que é normal. Por isso, a maioria das bandas novas de hard rock não me agrada tanto. Isso aconteceu até conhecer uma banda sueca chamada Black Bonzo.
Fiquei sabendo dessa banda em 2006 através de pesquisas em bons sites de rock progressivo, e ela consta em muitos lugares como sendo pertencente ao gênero. Não me parece o caso. O som que a banda faz é uma mistura dos sons dos ícones do hard rock dos anos 70: tem um pouco de Deep Purple, um pouco de Led Zeppelin, um ou outro trecho com arranjos vocais que lembram os do Queen, etc. A influência mais nítida, no entanto, é do Uriah Heep, que era mesmo a que mais flertava com o progressivo (e todas elas o fizeram), mas mesmo ela tinha como principal característica o som típico do hard rock inglês da época.
E o que esta banda sueca tem de especial, então? Bom, eles não estão nem aí se a música que eles tocam vai soar datada e parecem não se preocupar nem um pouco se alguém disser que eles não têm originalidade. Sabe por quê? Porque eles tocam muito e acertam muito mais do erram desde o primeiro disco, Lady of the Night, lançado em 2004.
Guillotine Drama, o terceiro disco da banda lançado neste ano, consegue ser ainda melhor que os anteriores. O álbum tem uma sucessão de pauladas muito bem executadas, vários solos "do cacique” tanto de guitarra quanto de órgão, cozinha rítmica pra lá de competente, além de um ou outro momento mais baladeiro que quase sempre acaba culminando em nova paulada.
O que mais me chamou a atenção neste novo disco é que ele varia um pouco mais entre as influências citadas (por exemplo, em “Because I Love You”, uma mistura de Deep Purple e Trapeze que ficou sensacional, e em “Zephyr”, que poderia constar em um disco do Queen da década de 70). O ótimo som do Uriah Heep ainda se faz presente (como em “Supersonic Man”, uma bela escolha para fechar o álbum), mas no geral achei este disco mais equilibrado que os anteriores.
Se você gosta de hard rock, acho que vai curtir este disco!
25 de out. de 2009
Dica do Xaxim: Wobbler - Afterglow (2009)
A dica da vez vai para o “novo” disco da banda norueguesa Wobbler, chamado Afterglow. A razão das aspas deve-se ao fato de que, embora tenha sido lançado neste ano, o disco contém cinco faixas antigas e inéditas compostas em 1999.
Apesar da curta duração (o disco tem 34 minutos), não se trata de um caça-níquel e é um prato cheio pra quem gosta de teclados. As duas faixas mais longas são bem variadas e experimentais, ora com riffs típicos da vertente mais pesada das bandas nórdicas, ora com trechos psicodélicos misturados com alguns momentos mais calmos. As músicas são recheadas de teclados tradicionais como órgão e Mellotron, e têm alguns trechos cantados que não acrescentam muito (por sorte a maior parte é instrumental).
Já as faixas mais curtas são acústicas, com ênfase no violão e um clima que puxa pro folk, o que confere uma certa variedade ao disco. Entre as faixas, a que mais me chamou a atenção foi "In Taberna", que tem um trecho de puro rock lá pelo oitavo minuto que ficou excelente.
Se você curte o chamado heavy prog, eis um disco que pode te interessar.
Até a próxima!
12 de out. de 2009
Dica do Xaxim: Parzivals Eye - Fragments (2009)
Parzivals Eye é o nome do projeto encabeçado pelo baixista Chris Postl, da banda alemã RPWL, que já gravou quatro discos bastante influenciados pelo Pink Floyd.
Neste projeto, o baixista montou uma banda com bons nomes do cenário progressivo: nos vocais, a banda conta com nada menos que Alan Reed (da banda Pallas) e a ótima Christina Booth (da banda Magenta), que se alternam entre as músicas e também cantam juntos em alguns momentos; para os teclados, o baixista chamou seu companheiro de banda Yogi Lang; e para as guitarras, o guitarrista Ian Bairnson, do Alan Parsons Project.
Como resultado, o disco de estreia, Fragments, apresenta as citadas influências de Pink Floyd, mas o resultado é um pouco diferente da banda de origem do baixista. Há influências claras do citado Alan Parsons, dos Beatles (e essa influência é sempre uma coisa boa num disco), de neo prog em geral e uma boa dose de músicas mais básicas.
A primeira faixa, “Longings End”, conta com 13 minutos e mistura todas essas características citadas acima, com muitas variações e resultados muito legais. Além desta, a última, chamada "Another Day", tem quase 10 minutos e segue a mesma receita, com resultados também muito bons.
As demais músicas apresentam propostas mais diretas, sempre com bons resultados, e variam entre o rock/pop mais básico e/ou psicodélico (com destaque para “Disguise”, “Chicago” e “Through Your Mind”), o neo prog (“Meanings” e “Where Have Your Flowers Gone?” me agradaram mais), trechos mais pesados (caso da faixa-título) e arranjos mais trabalhados (casos de “Skylights” e “Wide World”).
Assim, esse disco pode não estar na relação dos melhores dos fãs mais xiitas de progressivo, o que não é meu caso. Se também não for o seu e se estiver a fim de ouvir boa música variada e com influências de progressivo, esse disco tem uma proposta honesta e que vale a pena conferir.
Por fim, não poderia encerrar esta dica sem um comentário sobre a vocalista Christina Booth. Apesar de não aparecer muito no disco, ela mais uma vez dá um show em “Chicago”. Além da bela voz que usa para cantar com uma facilidade assombrosa, ouvi-la em outra banda que não o Magenta mostra que ela está amadurecendo cada vez mais como intérprete. Pra mim, ela é a melhor vocalista do cenário progressivo atual.
Até a próxima!
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4 de out. de 2009
Um anjo que se vai...
Morreu Mercedes Sosa, em minha opinião uma das maiores cantoras que já existiu, senão a melhor.
Estou bastante chateado, mas o fato é que, mesmo sendo apenas intérprete, ela deixou um legado inigualável de música folclórica sulamericana, cantando de forma magistral e sem preconceitos músicas de várias partes do nosso continente com sua voz potente e incrivelmente afinada, mas que sabia ser também delicada. Mercedes Sosa ganhou um dom raro, muito raro, e soube utilizá-lo como poucos.
Tenho um disco dela gravado ao vivo em Buenos Aires na década de 80 que é daqueles álbuns essenciais e obrigatórios. A versão de “Gracias a La Vida” deste disco (aliás, esta música tem uma letra maravilhosa!) é daquelas coisas que não podem ser melhoradas, e a reação do público quando a música está chegando ao final é tão especial que quase não dá pra ouvir a cantora fazer malabarismos impressionantes com sua voz.
Descanse em paz, Mercedes. E obrigado!
20 de set. de 2009
Dica do Xaxim: Phideaux - Number 7 (2009)
Phideaux Xavier é um multi-instrumentista oriundo de Los Angeles que curte rock progressivo, especialmente do tipo psicodélico ou folk. Em 2003, ele resolveu colocar em prática suas idéias musicais, contando sempre com o baterista Rich Hutchins nas baquetas e um monte de outros músicos que variam a cada disco, lançando nada menos que sete álbuns durante esse período.
Number 7 é o último lançamento do cara, que junto com o baterista intitula a banda como Phideaux. De cara, duas surpresas. Primeiro, era esperado o lançamento da última parte de uma trilogia, que complementaria a história tocada, contada e cantada dos discos The Great Leap (2006) e Doomsday Afternoon (2007), este último um ótimo álbum em minha opinião e que merece uma dica específica a ser publicada no futuro.
Ao invés disso, entretanto, os caras resolveram que o material destinado a tal última parte ainda precisava ser mais trabalhado. Mais especificamente, durante as sessões os caras acabaram compondo outra estória que não tem a ver com a trilogia, mas acharam que dava um bom disco. Então, resolveram interromper a trilogia, com outro anúncio surpreendente: seu final está prometido para o fim deste ano e será intitulado 7 ½.
Voltando ao último lançamento, trata-se também de um álbum conceitual dividido em três partes, cada uma contando com pouco mais de 20 minutos. As três partes são divididas em trechos menores, que funcionam bem como obras individuais, mas que também se encaixam bem na obra como um todo. As letras são meio doidonas e cheias de figuras de linguagem, o que conferem ao disco um clima psicodélico, e o uso alternado de voz masculina (meio nasalada, mas que não compromete) e feminina (muito boa, por sinal) é um dos pontos fortes do disco.
Musicalmente, a principal influência é o Pink Floyd, mais orquestrado e com som e produção modernos. A segunda parte, entretanto, lembra o Jethro Tull do A Passion Play, também mais moderno, e é minha preferida, enquanto que a terceira tem um trecho cantado em italiano que lembra rock progressivo... italiano... (hehehe). Esse é o grande charme do disco: a banda conseguiu mais uma vez lançar uma obra baseada em influências bem conhecidas, mas sempre agregando sua marca.
A única crítica que faço ao disco é que o final da terceira parte poderia trazer um clímax mais intenso, e o disco meio que acaba deixando o ouvinte na mão.
Se você gosta de rock progressivo com vários instrumentos em arranjos bem trabalhados e não se importa em ouvir uma obra com boas passagens instrumentais, mas com ênfase em sua estória em vez de praticar virtuoses musicais o tempo todo, é provável que curta este disco tanto quanto eu.
4 de set. de 2009
Dica do Xaxim: BeardFish - Destined Solitaire (2009)
Continuando as dicas sobre meus candidatos a figurar na relação de melhores de 2009, o disco em destaque desta vez é o último lançamento da banda sueca BeardFish.
A banda já tem uma sólida reputação estabelecida e é bem conhecida no meio do rock progressivo, uma vez que vem lançando ao longo do tempo discos bem produzidos com estilo eclético, por vezes meio maluco, sempre executado com muita competência. Destined Solitaire mostra que a banda mantém seu ápice, atingido no disco antecessor, Sleeping in Traffic: Part Two, lançado em 2008.
Não há grandes mudanças neste disco em relação ao que a banda está acostumada a fazer, o que é ótimo. Há vários estilos presentes no disco, desde rock sinfônico ou psicodélico, passando por pequenos trechos de prog metal, art rock, jazz, tango (é, tem até bandoneon na instrumental “Coup de Grâce”), até o que costumo chamar de música de boteco europeu, em que fico imaginando os caras mamados cantando músicas folclóricas típicas de lá.
Nesse sentido a terceira faixa, “Until You Comply / Entropy”, é uma obra-prima, mesclando trechos em que o rock rola solto, com outros mais calmos com piano, outros com órgão bem marcado, e por aí vai. O que mais chama a atenção na banda, entretanto, é que uma mesma música passa por essas combinações improváveis de estilos com uma fluidez impressionante.
Em outras faixas, o bom vocalista Rikard Sjöblom (responsável também pelos bons teclados) canta letras malucas e engraçadas, como em “In Real Life There Is No Algebra”. Apesar de curta, ela tem um swing bem marcado em que a banda flerta com jazz, com resultados muito bons.
Não há uma música ruim no disco e como resultado tem-se um álbum bem variado e moderno que diverte na maior parte do tempo e que dá vontade de ouvir de novo após seu término.
Até a próxima!
Aviso e pedido
Oi, pessoal,
Antes de publicar a próxima dica de bons discos lançados em 2009, acho importante esclarecer que as mesmas são publicadas em ordem aleatória, não representando qualquer ordem de preferência.
Além disso, seria legal saber se as dicas ajudaram ou atrapalharam. Assim, se já tiverem ouvido ou vierem a ouvir algum disco postado neste blog, peço por favor que comentem sobre o que acharam.
Desde já agradeço!
28 de ago. de 2009
Dica do Xaxim: Syzygy - Realms of Eternity (2009)
Você é fã do progressivo tradicional (aquele da década de 70) e sente falta de discos com músicas longas, divididas em várias partes?
Você curte também um som mais moderno e vibrou com o Spock’s Beard da década passada e suas músicas longas cheias de influências de bandas tradicionais misturadas com guitarras mais sujas típicas do grunge?
Se for seu caso, esta dica do Xaxim deve te interessar. E se não for seu caso, também. Passarei a publicar dicas de discos que considero candidatos às tradicionais relações de melhores do ano. Esta é a primeira.
Antes de começar, entretanto, é preciso dizer que existem duas bandas chamadas Syzygy: uma banda da Austrália classificada como prog metal e outra dos Estados Unidos classificada como crossover prog. Esta dica é sobre o álbum lançado este ano pelo quarteto americano, que convidou o vocalista Mark Boals para emprestar sua voz em algumas faixas.
Em linhas gerais, o disco apresenta algumas músicas mais pesadas e outros momentos mais progressivos. A ênfase é no bom e velho rock, bem executado, com boas viradas, bons solos e bons arranjos. Há alguns momentos mais delicados (caso da acústica “Echoes Remain”, influenciada por Jethro Tull), mas não são a regra. No geral, as músicas têm ótimos riffs que são verdadeiras pauladas na moringa, misturados com momentos mais progressivos que lembram Yes, Gentle Giant ou o progressivo mais típico americano, como Kansas. Em vários destes momentos, a banda lembra mesmo o Spock’s Beard, como no caso da parte instrumental de “Dreams”, a terceira faixa do disco que conta com dez minutos de duração.
As boas músicas não param por aí. A melhor composição do disco é “Dialectic”, que tem 16 minutos e apresenta melodias vocais e musicais repetidas sob diferentes roupagens no melhor estilo Neal Morse, apresentando as mesmas variações do grande compositor. A influência segue na suíte “The Sea”, dividida em 8 faixas que totalizam 28 minutos de duração e que certamente farão a alegria dos fãs de progressivo, com várias melodias bacanas intercaladas com ótimas viradas.
O disco não é perfeito e tem alguns poucos momentos apenas razoáveis, mas no geral se destaca muito em relação à média do que tem sido lançado por aí, e por isso estará na minha relação de melhores do ano.
Era isso. Até a próxima!
23 de ago. de 2009
Ciclos
Peço desculpas pelo sumiço, mas a semana que passou foi daquelas bem agitadas, atrapalhadas e marcantes. De vez em quando nos acontecem coisas que nos fazem pensar sobre a vida. Mais raramente, tem-se a sensação de que um ciclo está terminando e outro está começando.
É mais ou menos assim que me sinto agora. Durante os últimos meses, especialmente durante a semana passada, tenho me sentido em uma montanha russa. Ora sinto euforia, ora frustração, ora esperança, ora raiva, ora orgulho, ora tristeza. Admito que nem sempre consigo lidar com esses altos e baixos como acho que deveria, ou seja, encarando estas mudanças de estado de espírito como algo natural, mas sinto que durante esta semana eu pelo menos tentei fazê-lo. Comparado a outras épocas em que eu não fazia a menor idéia do que estava acontecendo, já é um baita avanço.
Em outro post escrevi sobre objetivos. Pois bem, um grande objetivo foi cumprido nesta semana: mudamos para um novo lar que é nosso (e de um banco) e estou deixando de pagar aluguel. Todo o processo para arrumar a documentação, obter financiamento e deixar nossa nova casa do jeito que a gente imagina é longo e demorado, por vezes frustrante, mas ficou tudo pronto. Claro que ainda falta muito a fazer, mas acho que posso me permitir sentir um pouco de orgulho.
Afinal, este é um grande passo, um marco em minha vida. Eu, que sou um cara que tinha um único objetivo e que tinha enormes dificuldades para me sentir com o dever “cumprido”, vou me permitir sentir orgulho e paz por ter cumprido um grande objetivo. Como escrevi no outro post, a partir de agora quero encarar objetivos menos complexos ou grandiosos, mas nem por isso menos importantes. De lá para cá, entretanto, percebi que mudar esse enfoque é algo complexo e difícil de se fazer. É complicado substituir velhos hábitos.
E é também esse objetivo que vou encarar junto com os demais.
Um novo ciclo se inicia...
8 de ago. de 2009
Dica do Xaxim: Moon Safari - A Doorway to Summer (2005)
Assim como na Itália, nos países nórdicos existem várias boas bandas de rock progressivo. Podem ser bandas que seguem um rock sinfônico como o The Flower Kings (já citado por aqui), outras que fazem neo-prog, outras que mandam bem no crossover prog, e por aí vai.
Eu não curto muito esse monte de rótulos e me importo mais com a música em si e se a obra me agrada ou não. O certo é que vários discos vindos da Suécia e dos países vizinhos serão indicados por aqui, e resolvi começar pela banda Moon Safari.
A Doorway to Summer, lançado em 2005, é o disco de estreia dos caras, e impressiona. Composto por cinco boas faixas (e nenhuma ruim) que duram entre 7 e 25 minutos, a banda optou por fazer um som light, com belas melodias vocais e muita ênfase em instrumentos acústicos. Não há muitas guitarras e sobram violões, acompanhados por teclados bem marcantes, característicos do rock progressivo dos anos 70. O que impressiona mesmo é que todas as músicas são do mesmo nível e o álbum é muito equilibrado, ficando difícil apontar um destaque.
Para dar uma ideia um pouco mais precisa do som da banda, eu diria que a principal influência dos caras é o Yes, mais pelas lindas melodias vocais (algumas vezes polifônicas) e por algumas estruturas musicais com aquele clímax melódico no final, tão característico da banda que é um dos ícones do rock progressivo. Entretanto, o Moon Safari mostra uma personalidade própria ao não utilizar abordagens que primam pelo sinfônico (que até aparece em alguns momentos, mas não é a tônica do álbum), preferindo o uso acentuado do violão acústico misturado com bateria, baixo e teclados, sempre passando um clima de paz e alto astral, mas sem letras "místicas".
Em 2008, a banda lançou o duplo [blomljud], que também é muito bom. Mas essa será outra Dica do Xaxim... ;-)
Até!
2 de ago. de 2009
Dever cumprido?
Outro domingo estava almoçando num restaurante com música ao vivo a que costumo ir de vez em quando. Gosto de lá por causa do clima familiar. Sempre há casais, dentre eles muitos mais idosos, que dançam ao som de músicas populares de gêneros diversos.
Desta vez notei um casal que já tinha visto outras vezes, e eles estavam lá dançando e curtindo, pareciam de bem com a vida. Então fiquei pensando como seria legal ter a sensação de dever cumprido.
Esta é uma questão que me incomoda. Eu nunca tive essa sensação, apesar de ter conseguido conquistar coisas importantes ao longo da minha vida. Eu não posso reclamar de nada, mas nunca me senti plenamente realizado. Tenho como objetivo principal alcançar certa independência financeira, embora esteja certo de que nunca vou consegui-la.
Enquanto almoçava, esses pensamentos voltaram a me assombrar. Entretanto, foi a primeira vez que me ocorreu que se este meu objetivo é quase inalcançável, por que deveria ser meu objetivo principal? O fato de conquistar a independência financeira ser algo muito difícil de se realizar certamente não quer dizer que eu não deva continuar tentando, afinal minha família depende de mim para viver bem, mas esta foi a primeira vez em que percebi de forma tão clara que eu estou abrindo mão de uma série de coisas em nome de um objetivo que provavelmente eu nunca alcance. Em outras palavras, por que não estabelecer outros objetivos para minha vida?
Tenho certeza de que este é um processo lento e gradual. O fato de ter percebido tudo isso de forma mais clara agora não quer dizer que não tenha pensado nisso antes, nem que as coisas não podem ficam ainda mais claras no futuro. Fato é que percebi que nunca fico com a sensação de dever cumprido porque tracei um único objetivo para mim que é muito difícil de se atingir.
Ainda no almoço, pensei comigo que eu estava julgando o casal sem conhecê-lo. Sim, eles estavam curtindo o momento e o fazem com alguma freqüência, mas quem disse que por conta disso o dever deles estava cumprido? É razoável supor que ao longo dos anos nossos objetivos mudem, sejam eles substitutos dos que foram alcançados ou não. Mais que isso, em meu julgamento me baseei na ideia de que para se curtir a vida é necessário ter o dever cumprido, e esta foi a primeira vez em que percebi que essa ideia é completamente furada e que as duas coisas são independentes.
Com tudo isso, tenho pensado em curtir um pouco mais a vida, sem me esquecer de minhas obrigações. Tenho pensado em estabelecer novos objetivos simples e me dedicar para atingi-los da mesma forma como me dedico ao trabalho. Tenho pensado em dividir melhor meu tempo e fazer coisas que nunca fiz antes, como por exemplo escrever um blog, dançar no almoço de domingo, me apaixonar por uma peça de mobiliário e um bilhão de outras possibilidades que ainda não consigo imaginar.
E tenho pensado também que eu poderia parar de julgar as pessoas e passar a conhecê-las melhor...
26 de jul. de 2009
Dica do Xaxim: The Butterfly Effect - Final Conversation of Kings (2008)
Embora eu tenha dito antes que o rock progressivo é meu estilo preferido de música, de vez em quando postarei dicas de bons discos de outros gêneros. Pode ser um disco de rock alternativo, de hard rock ou mesmo de outro estilo completamente diferente, como tango, se der na telha.
Esta dica é sobre o álbum Final Conversation of Kings, último trabalho da banda australiana de rock alternativo The Butterfly Effect, lançado em 2008. O álbum apresenta músicas curtas e diretas, com estruturas bem definidas e boas variações entre as estrofes e os refrões.
Com um total de 10 faixas, algumas delas comuns e sem nada que chame muito a atenção, o disco alterna momentos algo mais pesados e outros com boas melodias vocais que grudam na cabeça. As músicas com maior ênfase em boas melodias são as minhas preferidas, com destaque para "Worlds on Fire", "Final Conversation" e "...and the Promise of the Truth".
Quanto aos músicos, gostei do banda como um todo, com destaque para o baixista. Se alguém quiser conferir algumas faixas, basta acessar a página da banda no MySpace
Até a próxima!
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25 de jul. de 2009
Dica do Xaxim: Manning - Songs from the Bilston House (2007)
Guy Manning talvez seja mais conhecido por suas participações na banda progressiva The Tangent, que por sua vez contou no primeiro disco com gente do The Flower Kings, que é ainda mais conhecida. Mas o sujeito já gravou 10 discos solo ao longo de 10 anos, compondo a maioria das músicas e sempre recrutando bons músicos para apoiá-lo.
Oriundo de Leeds, Inglaterra, Manning é um cara claramente influenciado por Jethro Tull. A maioria de suas músicas tem elementos acústicos, como flauta, violão, piano, além de violino e sax que aparecem de vez em quando, misturados a outros elementos eletrônicos, como sintetizadores e guitarras. Até seu tom de voz lembra um pouco o do Ian Anderson.
Essa mistura não é novidade, mas é executada com grande competência, e sua obra não se resume a uma simples cópia. O cara já lançou discos conceituais (que fizeram a alegria dos mais fanáticos pelo progressivo) e outros com propostas mais simples, quase sempre mostrando boas melodias vocais. Todos seus discos são bons de ser ouvidos, mas Songs from the Bilston House, lançado em 2007, me parece ser seu disco mais equilibrado.
Curiosamente, a faixa que abre o disco e empresta o título ao álbum é a menos representativa. Não é uma música ruim, mas não apresenta uma grande melodia vocal. A coisa esquenta a partir da segunda faixa, "The Calm Absurd", o que é ainda mais curioso dado seu título. Duas pérolas se sucedem, tanto "Lost in Play" quanto "Understudy" estão entre as melhores canções já gravadas pelo compositor.
As demais músicas também são legais, mas "Icarus & Me" e "Pillars of Salt", além das duas já citadas, se sobressaem em relação às demais. Entre discos conceituais e outros nem tanto, fico com este que não tem proposta tão ambiciosa mas que ainda assim apresenta trechos de rock progressivo com influência consagrada e uma produção moderna que agrada à maioria dos fãs do gênero.
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19 de jul. de 2009
Apresentação
Olá! Seja bem-vindo(a)!
Já faz um tempo em que estou pensando em criar um blog. Não tenho idéia se alguém lerá estas humildes linhas...
Meu objetivo principal é o de registrar minhas opiniões, dúvidas ou pensamentos. A princípio minha idéia era a de postar somente dicas de bons discos de rock, mas não me restringirei a este assunto. Tem muita coisa rolando por aí que merece uma postagem.
O nome do blog surgiu a partir de seu objetivo original. Eu gosto muito de rock, em especial do rock progressivo, e venho escutando bastante coisa há três ou quatro anos. Como o gênero não é lá muito popular, passei a resenhar alguns discos para listas de discussão para passar dicas de bons discos que encontrei.
Claro que nem sempre todo mundo concorda, e nem é esse o objetivo. Em certa ocasião, um amigo meu não concordou com minha opinião e disse em tom de brincadeira que quem gostava de determinada banda ou sub-gênero (haja classificação!) tinha a sensibilidade de qualquer coisa que não fosse humana. Então eu respondi também brincando que a minha devia ser similar à de uma samambaia e passei a intitular minhas resenhas como “Dicas do Xaxim”.
Como eu ia dizendo, a ideia inicial do blog era a de disponibilizar as Dicas do Xaxim a outras pessoas que porventura venham parar por aqui e fazer uma visita. Tive o apoio dos amigos das listas de discussão, mas a falta de tempo adiou sua criação. Continuo sem muito tempo para me dedicar ao blog, mas tenho pensado que seria legal se eu pudesse dedicar uma pequena parte do meu tempo escrevendo sobre meu hobby ou sobre qualquer outro assunto. Tem acontecido muita coisa ultimamente e sinto que preciso organizar as idéias. O blog me pareceu uma boa maneira de conciliar tudo isso.
Assim, o primeiro nome desta página foi "Blog do Xaxim". Dias depois de criá-lo, pesquisei o nome no Google a fim de verificar se esta página já constava por lá e descobri que já havia outro blog com o mesmo nome, embora com endereço diferente (com bons textos que podem ser conferidos aqui). Como esta página surgiu antes da minha, resolvi trocar o nome do meu blog.
Recebi várias boas sugestões, mas quase todas elas também já existiam. Eu mesmo pensei em vários nomes, mas não gostei tanto de nenhum deles, certamente devido ao contexto que me fez criá-lo. Então, resolvi manter a ideia original, trocando apenas uma palavra.
Pretendo postar aqui com alguma freqüência. As Dicas do Xaxim serão uma constante no blog e espero que possam ajudá-los a curtir boa música que não é muito conhecida. Não pretendo aqui ser o dono da verdade e não quero levar o blog muito a sério, quero que seja uma experiência divertida!
Mas acho que cabe aqui um aviso: o blog estará aberto a comentários e críticas, que serão bem-vindos desde que sejam escritos com respeito e educação. É impressionante a quantidade de comentários ofensivos que leio por aí, mas aqui eles não serão permitidos. Por isso, resolvi começar o blog com os comentários moderados. Discutir um assunto apresentando outros argumentos contrários ou não aos meus é muito saudável. Ofender, não.
Por fim, quero agradecer a você que visitou este blog e espero que você curta comigo esta experiência!
Até já!
(editado em 30/07/2009 devido à troca do nome do blog)
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