31 de dez. de 2010

Melhores de 2010: Steve Unruh - Challenging Gravity


Steve Unruh parece nome de jamaicano que toca reggae, mas não é bem o caso. O cara é um músico americano que toca vários instrumentos, principalmente acústicos, misturando na maior parte do tempo progressivo e folk. Apesar de já ter gravado vários discos, muitos deles bem legais e um que considero uma obra-prima, ele é praticamente desconhecido, o que é uma baita injustiça.

Challenging Gravity é seu nono álbum, e não decepciona. O disco mantém a linha de seus antecessores ao mesclar de forma original vários instrumentos acústicos, como violão, violino e flauta (o único instrumento por vezes elétrico é o contrabaixo). OK, a ideia de mesclar esses instrumentos não é original, mas usar flauta e violino em substituição aos teclados não é algo muito comum.

O que confere grande originalidade à carreira do músico, entretanto, é a forma como o cara arranja os instrumentos, alternando momentos folk, pop, sinfônicos e alguns momentos heavy metal, às vezes tudo isso em uma mesma música. Agora imagine combinar instrumentos acústicos como os citados numa batida rápida que por vezes conta com dois bumbos.

A novidade deste último trabalho em relação aos demais discos é a faixa instrumental “The Path to Alhambra”, que mescla de forma magistral tango, flamenco, clássico e rock e que culmina num arranjo sinfônico que deixaria Astor Piazzolla orgulhoso. Outra faixa de destaque é “Dissolve”, mas o álbum não se resume a isso, e os ótimos arranjos se repetem ao longo de todo o disco, com resultados muito bons.

Ah, sim, sobre o disco que considero sua obra-prima, vou manter o suspense para uma próxima Dica do Xaxim. Prometo que escrevo logo a respeito... ;-)

26 de dez. de 2010

Melhores de 2010: Moon Safari - Lover's End


Uma das primeiras dicas do Xaxim fala sobre o primeiro disco da banda sueca Moon Safari, A Doorway to Summer, que remete a um estilo de progressivo “light” (a dica pode ser acessada aqui). No último trimestre de 2010, a banda apresentou seu terceiro disco, em que mantém o mesmo estilo mas retorna ao formato de disco simples.

Considero a maioria dos álbuns duplos longos demais, o que não ocorre de forma tão explícita no trabalho anterior, o também bom [blomljud]. Ao contrário também do que ocorre em muitos casos, a volta ao formato de um único disco não fez com que o novo disco fosse melhor que o anterior. Lover’s End tem algumas ótimas canções que mostram todas as virtudes da banda (alto-astral em arranjos sinfônicos delicados, com ótimas polifonias vocais), motivo pelo qual está na lista de melhores de 2010, mas também tem alguns poucos momentos em que a banda não se mostra tão inspirada.

O disco é dividido em oito faixas, e na maior parte do tempo mostra evolução da banda nas composições. Enquanto o primeiro disco enfatiza mais violões acústicos e o segundo mostra a banda explorando trechos mais elétricos, o novo trabalho equilibra melhor os arranjos. Dá pra dizer que o novo disco é uma mistura dos dois anteriores, como, por exemplo, em “The World’s Best Dreamers”, que poderia constar no primeiro álbum, e em “Heartland”, que poderia constar no segundo.

Os melhores resultados, entretanto, são atingidos quando a banda mistura as ênfases no acústico e no elétrico em uma mesma música. Os destaques nesta linha são “A Kid Called Panic” e “Crossing the Rubicon”, não por acaso as faixas mais longas do disco e que variam os estilos de um jeito que impressiona, com boas performances de todo o grupo. A última, em especial, lembra o estilo do primeiro álbum da banda, mas é melhor que a média das faixas daquele disco justamente por contar com boas guitarras elétricas.

Embora no todo Lover’s End não seja tão impactante quanto os dois discos anteriores, o novo trabalho mostra a banda sueca tentando evoluir e mudar seu som, ainda atingindo bons resultados. Se mantiver este espírito e continuar mostrando talento, é possível que eles venham lançar uma obra-prima em breve. Olho nos caras.

Inté!

24 de dez. de 2010

Convite para a festa de hoje



Recebi o convite abaixo do meu amigo André, e achei a ideia muito bacana! Por isso, resolvi colocar aqui no blog.

O Rock do Xaxim deseja a todos vocês um ótimo Natal e que vocês tenham muita paz e saúde por muito tempo!

Valeu!

Melhores de 2010: Il Tempio delle Cressidre - Il Tempio delle Cressidre


Há algum tempo, quando publiquei a primeira dica do Conqueror, comentei que faltava ao blog dicas de bons álbuns lançados por bandas italianas. Além do novo disco da banda, outros dois lançamentos de lá figuram entre os melhores deste ano que está no fim.

O disco de estreia homônimo da banda Il Tempio delle Cressidre é o primeiro deles. O som é típico do rock progressivo italiano tradicional, que lembra mais especificamente o Museo Rosenbach, alternando passagens sinfônicas com outros momentos em que o hard rock rola solto, tudo isso com produção moderna. Embora não apresente novidades, as composições fluem naturalmente em ambos os estilos, com ótimas variações em uma mesma música.

Não por coincidência, o vocalista Stefano Galifi é o mesmo cantor da principal influência da banda, e vai muito bem em todas as músicas. Os outros integrantes da banda também mandam bem em seus instrumentos, com especial destaque para a tecladista Elisa Montaldo. Embora alguns poucos momentoa sejam apenas razoáveis, a maioria das faixas do disco é acima da média, com destaque para “Le Due Metà di una Notte” e “Il Centro Sottile”.

Em um ano em que não houve grandes novidades no cenário progressivo, é sempre bom descobrir bandas novas e competentes, mesmo que o som remeta ao estilo mais tradicional dos anos 70, que foi o ápice do estilo e que pode sim ser repetido com boas composições.

Até!

19 de dez. de 2010

Melhores de 2010: Unitopia - Artificial


Em maio deste ano, postei a dica do primeiro disco da banda Unitopia, More Than a Dream, lançado em 2005 (a dica pode ser acessada aqui). Após o lançamento do álbum de estreia, a banda chamou a atenção do selo InsideOut, famoso por lançar vários artistas de peso no cenário progressivo (como por exemplo a banda Transatlantic), o que os tornou mais conhecidos.

Depois de lançar em 2008 o bom álbum duplo conceitual The Garden, em que a banda dá mais ênfase ao progressivo sinfônico, a banda apresentou neste ano Artificial, seu terceiro trabalho. A volta a um álbum simples fez bem aos caras, que equilibram melhor as influências sinfônicas, de world music e de pop que o álbum anterior.

Também conceitual, as letras deste disco lidam com algumas sensações que a vida moderna nos traz quando comparada com tempos que estão num passado não muito distante, aquela típica sensação nostálgica que faz com que muitos de nós digamos a manjada frase “no meu tempo as coisas eram melhores”. Diferentemente do que se pode imaginar, o tom do disco não é depressivo e convida à reflexão, além de celebrar as conquistas modernas, principalmente relacionadas à tecnologia.

Apesar de contar com várias mudanças em sua formação desde o primeiro disco, a força criativa da banda composta pelo tecladista Sean Timms e pelo ótimo vocalista Mark Trueack continua a mesma ao longo de toda a obra. O grande destaque é a faixa “Nothing Last Forever”, em que a banda reflete a nostalgia propositalmente clonando o The Beatles e que conta com um trecho orquestrado que só não é melhor por ser muito curto.

Outra faixa de destaque é “The Great Reward”, que volta à mesma melodia inspirada nos Beatles e que progride para um final sublime, em que o ouvinte se dá conta de que os novos tempos também oferecem grandes oportunidades, e que aproveitá-las depende de cada um de nós.

Com seu terceiro bom disco, a banda Unitopia se afirma com uma das melhores do cenário progressivo atual.

Até!

18 de dez. de 2010

Dica do Xaxim: Magenta - Live at Real World (2010)


Após pensar um pouco, resolvi não incluir álbuns gravados ao vivo na relação de melhores do ano, mas isso não impede que eu comente a respeito deles, até para que as pessoas fiquem sabendo de outros bons lançamentos.

Assim, resolvi postar a dica do disco Live at Real World, da banda galesa Magenta. Já comentei algumas vezes sobre essa boa banda e sua ótima vocalista Christina Booth, que lançou um disco solo neste ano já devidamente indicado (para ver a dica, clique aqui), mas nunca tinha postado uma dica de um disco da banda (e são todos pelo menos bons).

O trabalho foi gravado no final do ano passado, no estúdio Real World, de propriedade de Peter Gabriel, e contou com um pequeno público que acompanhou a gravação. Dado que a banda faz um som sinfônico, gravar um álbum acústico ao vivo, acompanhada de alguns instrumentos sinfônicos, parecia um passo natural para a banda. E foi exatamente o que eles fizeram, disponibilizando também um DVD.

O disco duplo é bem legal e apresenta músicas de todos os quatro discos da banda. Embora algumas músicas mais agitadas não tenham atingido grandes resultados (a exceção é o trecho escolhido para “Metamorphosis”, faixa-título do último disco da banda, que ficou ótima!), nos momentos mais sinfônicos e/ou calmos os arranjos ficaram excelentes, casando muito bem os instrumentos sinfônicos com os ótimos pianos e violões. Neste sentido, destacam-se “Children of the Sun” (um resumo da longa faixa originalmente gravada no primeiro disco da banda, Revolutions), “Moving On” e “Journey’s End” (do disco Home).

Finalmente, o fato de a maior parte do disco contar com arranjos delicados dá mais espaço para que a vocalista brilhe ainda mais. Outra vez sua performance é o ponto alto do disco, como demonstra o vídeo promocional do disco (abaixo). Se você ainda não conhece a banda, esta talvez seja uma boa opção para ter o primeiro contato. E se conhece, vale à pena conferir arranjos diferentes para grandes canções.

Inté!

11 de dez. de 2010

Melhores de 2010: Anima Mundi - The Way


Não é sempre que eu me deparo com um grande disco de uma banda que eu ainda não tenha ouvido, e confesso que não tinha muitas esperanças de encontrar uma grande novidade neste ano, por dois motivos: o ano começou devagar em lançamentos de rock progressivo (esquentou um pouco no segundo semestre) e os discos que mais me agradaram são de bandas que eu já conhecia.

Até que li comentários muito favoráveis sobre a banda Anima Mundi, que vem de Cuba. Eu nunca tinha ouvido nada de lá, e nem sabia que alguém da ilha do Fidel se dispunha a gravar rock progressivo. Esta é uma das maravilhas da internet, e resolvi conferir, apesar de muitas vezes me decepcionar com o que ouço. Desta vez, não me arrependi.

The Way é o terceiro disco da banda, com letras em inglês. É progressivo com “P” maiúsculo. Composto de quatro faixas, uma delas com 26 minutos, o disco apresenta todos os elementos que os fãs do progressivo tradicional procuram: muitas variações em uma mesma faixa, progressões que culminam em trechos sublimes e/ou sinfônicos, regressões para trechos acústicos, releituras de melodias vocais, longos trechos instrumentais com arranjos complexos em que se descobrem novos sons a cada audição, e por aí vai.

Na verdade, o álbum não apresenta novidades em termos musicais. Bandas como The Flower Kings e Spock’s Beard lançaram durante a década de 90 ótimos discos no mesmo estilo com produção moderna, isso sem falar nas bandas clássicas dos anos 70, cujas influências estão presentes ao longo de todo o disco. O que impressiona em The Way é a competência da banda. Há vários discos que apresentam o estilo tradicional do progressivo, mas poucos são tão bem-sucedidos.

Todas as faixas do disco agradam, mas meus destaques vão para a primeira, “Time to Understand”, que tem um final apoteótico e emocionante, e a última, “Cosmic Man”, que tem um longo trecho final que lembra em essência a obra-prima “Starship Trooper”, do Yes. No todo, esta banda é uma de minhas maiores descobertas dos últimos tempos, e vai ser difícil que algum outro álbum desbanque The Way como o disco do ano.

Até a próxima!

10 de dez. de 2010

Yes em São Paulo - 28/11/2010


Após onze anos, os fãs de progressivo foram brindados com o retorno de uns dos maiores ícones do gênero, o Yes. Banda seminal do rock independentemente do gênero, a vinda de Steve Howe, Chris Squire e Alan White por si só significam a presença nestas terras de três quintos de uma das mais representativas formações que já deram o ar da graça neste planeta.

Com casa cheia, o show estava incialmente marcado para as 21 horas, mas sofreu atraso de uma hora e meia, creditado a problemas no voo partindo de Florianópolis, por sua vez creditado a nossa sensacional Infraero. Como consequência, o show começou com o citado atraso e com o som algo embolado em “Siberian Khatru”, faixa de abertura dos shows do Yes desde a época de sua gravação no sensacional (e seminal) Close to the Edge.

Logo na faixa de abertura, a primeira grande surpresa do show. Apesar do andamento ainda mais lento que de costume e do som embolado (por não haver passagem prévia de som), o mestre Steve Howe mandou um solo fantástico no final da música, tocando com uma energia muito mais vibrante do que das vezes anteriores em que o vi, e que se repetiu ao longo de todo o show. Nota 10 pra ele!

A segunda faixa foi “All Good People”, clássico da banda gravado no The Yes Album, que pode ser vista no vídeo abaixo.



Após poucos o som foi entrando nos eixos, mas a banda claramente sofreu de cansaço e/ou falta de entrosamento, visto que eles estavam no estúdio e retomaram os shows ao vivo para uma pequena turnê pela América do Sul, e cometeu alguns erros. Mesmo assim, alguns momentos foram marcantes, como na sempre maravilhosa “And You and I”.



De surpresas (para quem não acompanha as notícias da banda), os caras mandaram bem em “Astral Traveller”, com um solo correto do Alan White, e em “Tempus Fugit”, faixa do álbum Drama que só pode ser incluída graças à substituição do Jon Anderson, que não participou da gravação original, pelo canadense Benoit David. O novo vocalista não brilhou, mas deu conta do recado, o que é uma tarefa bastante complicada, e seu timbre é tão parecido com o do Anderson que em dados momentos eu podia jurar que era o original cantando.

Sobre Oliver Wakeman, filho do melhor e mais mais carismático tecladista do Yes, achei-o burocrático e sem carisma. Ainda pode melhorar muito, mas me parece que a banda estava melhor servida com o tecladista que veio pra cá da última vez, o russo Igor Koroshev.

Por fim, Chris Squire continua dando seu show de sempre no baixo, ele que é um dos maiores baixistas que já vi tocar. Uma mostra do que ele ainda é capaz de fazer pôde ser vista e ouvida em "Starship Trooper", que encerrou o bom show.



Aproveito para agradecer os três vídeos bem legais que incluí no post (também disponíveis em HD), que passam uma ideia melhor do que rolou nessa grande noite. Estes vídeos gravados durante o show foram gentilmente cedidos pelo amigo Luciano “Fluid Man” Carneiro, ótimo tecladista da banda Dreamers (cover do Supertramp), e que estava a poucos metros de onde eu assisti ao concerto. Valeu, Luciano!

Até a próxima! :-)

Correria


Oi, pessoal,

peço desculpas pelo sumiço, mas final de ano é uma época bastante corrida para mim. Vou tentar tirar o atraso ao longo do mês, uma vez que ainda tenho que postar os demais discos que estão entre os melhores deste ano, além de minhas impressões sobre um grande evento que aconteceu por aqui. ;-)

Abraços!

21 de nov. de 2010

Melhores de 2010: Conqueror - Madame Zelle


Em março, escrevi a dica sobre o disco 74 Giorni, da boa banda italiana Conqueror (a dica pode ser acessada aqui). Eis que pouco depois a banda lançou seu quarto disco, Madame Zelle, e mais uma vez alcançou bons resultados.

O novo álbum também é conceitual e suas músicas giram em torno da história de Mata Hari, nome artístico da dançarina exótica Margaretha Geertruida Zelle, que foi acusada de espionagem durante a I Guerra Mundial e condenada a ser fuzilada.

O tema escolhido pela banda fez com que se apresentassem algumas passagens com influências orientais (caso de “Indonesia”) e outros que passam a impressão de um filme de ação (caso de “Margaretha”). Estes estilos, novidades no repertório da banda, contribuem para que o disco não soe como seu antecessor, dado que os arranjos delicados ainda predominam.

Os principais músicos da banda continuam os mesmos, com destaque especial para a tecladista e vocalista Simona Rigano, que mostra clara evolução nos dois papéis, como por exemplo em “Eleganza Perfetta” (que conta também com ótima performance da flautista e saxofonista Sabrina Rigano). Esta faixa é um dos destaques do disco, ao lado de “Occhio dell’ Alba” e “Ad Occhi Alti”, que fecha o álbum com chave de ouro.

Depois de mais um bom disco, talvez o melhor da carreira da banda até hoje, abanda se firma como uma ótima opção para quem gosta de rock progressivo italiano, embora apresente um estilo um pouco diferente do gênero.

Até a próxima!

14 de nov. de 2010

Melhores de 2010: Argos - Circles


De vez em quando acontece de eu ouvir um disco que a princípio não me chama a atenção, e depois de um tempo eu o acho melhor. Isso aconteceu com o disco homônimo da banda alemã Argos, lançado em 2009, depois que ouvi seu sucessor, Circles, lançado neste ano.

O novo disco da banda também levou um tempo para que eu pudesse curti-lo. Os caras fazem um progressivo eclético, misturando teclados típicos dos anos 70 com influências de jazz e uma levada rítmica mais atual, que nas primeiras audições dão a sensação de que a banda não sabe bem se quer se mostrar tradicional ou moderna.

Depois de algumas audições, essa sensação desapareceu. Na verdade, o disco mostra a banda mais madura e segura do que em seu disco de estreia, com boas composições. Essa mistura de tendências, embora não seja exatamente uma novidade, é levada com competência em arranjos complexos e bem pensados.

O que torna o disco acima da média é a priorização das composições, e não do virtuosismo a qualquer custo, coisa que costuma acontecer com bandas que incorporam influências de jazz em seu som. No caso de Circles, o estilo que predomina é o progressivo e as influências de outros estilos são utilizadas com parcimônia, na dose certa para tornar as músicas mais interessantes.

Eis um álbum em que vale à pena insistir. Com o passar do tempo, novos detalhes e nuances vão surgindo, e o álbum desce cada vez melhor. Tão melhor que entrou na minha lista de melhores do ano.

31 de out. de 2010

Melhores de 2010: Karnataka - The Gathering Light


No começo do ano escrevi duas dicas sobre a banda galesa Karnataka, nas quais especulei também sobre as bandas que derivaram de seu fim e que em minha opinião não atingiram o mesmo patamar (as dicas podem ser encontradas aqui). Eis que, para minha surpresa, o baixista Ian Jones, único remanescente da banda original, resolve lançar depois de seis anos um novo disco da banda com uma formação completamente diferente.

O resultado, The Gathering Light, é um disco bem legal. Como se trata de uma formação quase que inteiramente nova, é natural que o disco apresente mudanças em relação à formação original. Mais progressivo e elétrico que os anteriores, a “nova banda” mostra por vezes um som mais antenado com as tendências atuais, casos de “Your World” (com uma boa levada pop) e “Tide to Fall”. Em outras faixas, há uma influência maior de rock sinfônico, como na instrumental “State of Grace”, além da faixa-título, que também tem algo de música celta.

Mais do que poder ouvir um bom disco de rock progressivo misturado com pop, entretanto, é que dois fatos que o cercam chamam a atenção. Primeiro, a capacidade do baixista, que não é nada de outro mundo, de reunir gente competente a seu lado. Todos os músicos se saem bem ao longo do álbum, especialmente a boa vocalista Lisa Fury, também dona de um timbre algo grave e que não fica devendo muito à grande Rachel Jones.

Segundo, o fato de que outra boa formação como essa dura pouco. Pouco depois do lançamento do disco, a vocalista e mais dois integrantes decidiram deixar a banda, sem revelar os motivos, como da outra vez. Respondendo às minhas especulações, a melhor banda que derivou do Karnataka foi o... Karnataka. Mas esta também já não existe mais, o que me leva a especular se o baixista não tem também a mania de destruir as belas coisas que ajuda a criar.

22 de out. de 2010

Dica do Xaxim: Renaissance - A Song for All Seasons (1978)


Já faz um tempo que não posto uma dica de um bom disco de uma banda conhecida que não seja tão reconhecido. Não que a banda inglesa Renaissance seja muito conhecida do público em geral, mas muita gente que curte o progressivo sinfônico conhece.

A Song for All Seasons, gravado em 1978, apresenta duas mudanças no som da banda. Em seu segundo disco lançado por uma grande gravadora, nota-se claramente a tentativa de apresentar um som mais acessível ao público em geral, tanto que “Northern Lights”, talvez a música mais conhecida do grupo, foi tema de um seriado de TV na época.

Tal tentativa tem bons resultados em algumas faixas, como na citada “Northern Lights” e em “Closer Than Yesterday”, que não diferem muito das músicas mais curtas de discos anteriores. Em outras, entretanto, o resultado não é tão bom, principalmente devido à segunda mudança no som da banda: o competente baixista Jon Camp assume com mais freqüência os vocais principais. Ele até tem uma voz correta, mas não é páreo para a magistral Annie Haslam.

Mesmo com algumas críticas, o disco é bom, por dois motivos: primeiro, porque conta com a excepcional vocalista. Eu poderia escrever um livro elogiando essa moça, mas vou resumir dizendo que nunca ouvi alguém tão afinado com tamanha amplitude vocal, o que para mim só pode ser explicado como sendo um dom.

Segundo, porque o grupo se mostra em toda sua plenitude nas duas faixas mais longas do disco, “Day of the Dreamer” e a faixa-título. Ambas não fazem feio frente às obras mais conhecidas da banda e por si só já valem o álbum. A última, em especial, é uma das melhores performances do Renaissance, com sua marca registrada que apresenta o rock sinfônico e acústico, em arranjos sublimes acompanhados de uma voz angelical.

Até a próxima!

16 de out. de 2010

Dica do Xaxim: Carol of Harvest - Carol of Harvest (1978)


Durante a década de 70, algumas bandas procuraram misturar rock e folk, com variáveis doses de rock progressivo. Poucas delas alcançaram grande sucesso, como Led Zeppelin e Jethro Tull, ou tiveram algum reconhecimento, como Renaissance e Fairport Convention.

Há várias outras, entretanto, que passaram despercebidas. É o caso da banda alemã Carol of Harvest, que lançou um único álbum de mesmo nome em 1978 e que não teve reconhecimento algum. Não se sabe direito onde foram parar os membros da banda, e esse disco em sua versão original atualmente é item de colecionador. Não à toa, porque se trata de um álbum acima da média.

Contando com a boa vocalista Beate Krause, que por vezes lembra a Annie Haslam do Renaissance, a banda apresenta um som acústico, com bons violões sempre abrilhantados pela vocalista (caso de “Treary Eyes”). Em algumas faixas, entretanto, a banda se solta e mostra um rock competente, com boas guitarras e teclados, embora com menos brilho por parte da vocalista (casos de “Put on Your Nightcap” e “Try a Little Bit”).

Carol of Harvest é um bom e desconhecido disco gravado no final da década de ouro do rock. Por sorte ele foi relançado em CD com algumas faixas ao vivo, que não constam na versão original. Apesar do som destas faixas não estar lá dos melhores, o simples fato de disponibilizar um álbum legal e raro já é digno de aplausos.

3 de out. de 2010

Melhores de 2010: David Minasian - Random Acts of Beauty


David Minasian é um músico americano conhecido por produzir DVDs de bandas de rock progressivo. Seu trabalho mais elogiado é o vídeo Coming of Age, da banda Camel (que dispensa apresentações). Neste ano, ele resolveu mostrar suas músicas e lançou Random Acts of Beauty, gravando quase todos os instrumentos exceto guitarras.

O álbum não apresenta novidades em termos musicais, mas dá pra dizer que o cara foi muito bem-sucedido. A principal influência é o citado Camel, com aquelas progressões sinfônicas lentas e constantes recheadas de ótimos solos de guitarra e teclados (o disco conta inclusive com a participação do ótimo Andrew Latimer na faixa que abre o disco, a ótima “Masquerade”). Também podem ser percebidas influências de Pink Floyd em alguns momentos.

As músicas que mais se destacam são a já citada “Masquerade”, “Blue Rain”, “Frozen in Time”, música instrumental de quase 15 minutos que alterna passagens com arranjos delicados e outras mais bombásticas, contando inclusive com algumas guitarras um pouco mais distorcidas, e “Summer’s End”, que tem melodias bem legais e que impressionam.

Aproveito para agradecer mais uma vez meu amigo André, que foi quem me indicou este bom disco que consta na minha relação de melhores de 2010. Ele também escreveu um comentário sobre o álbum no blog Alerta Geral, que ficou muito bom e que pode ser acessado aqui. Recomendo tanto o blog quanto os textos que ele publica por lá.

Até a próxima!

25 de set. de 2010

Dica do Xaxim: Boston - Boston (1976)


Muita gente torce o nariz para a banda Boston porque o grupo foi um dos primeiros expoentes do gênero chamado AOR, que prima por melodias vocais grudentas sobre um rock/pop levado ao extremo e encharcado de camadas de instrumentos. O gênero é constantemente acusado de banalizar o rock ao abusar de estruturas simples e letras melosas, e esta banda talvez seja a mais atacada neste sentido, o que é uma baita injustiça.

Pelo que entendo, o mesmo massacre acontece em menor escala, por exemplo, com outro expoente do gênero, o Kansas. Isto se justificaria pelo fato de que esta banda tinha influências mais evidentes de rock progressivo, com algumas estruturas e harmonias mais complexas em seus primeiros discos, o que é fato. Entretanto, este raciocínio me parece incompleto por dois motivos: primeiro, porque o Boston também apresentava estruturas harmônicas mais complexas, embora em menor escala; segundo, porque dentro da proposta do AOR a banda lançou o melhor disco do gênero, justamente o de estreia.

Composto de oito músicas, Boston, gravado em 1976, começa com a ótima “More Than a Feeling”. Não é por acaso que essa canção é a mais famosa do grupo: trata-se de uma balada com trechos de guitarras distorcidas (fórmula que viria a ser utilizada à exaustão por outras bandas durante muitos anos), com melodias vocais inteligentes e refrão que gruda na cabeça, acompanhada de marcação por palmas e um riff de guitarra simples, mas muito eficiente.

O disco não fica nisso. Após o início matador, segue a ótima “Peace of Mind”, que não é tão romântica, mas que ainda apresenta melodias vocais inteligentes, emprestando as polifonias típicas do Queen. Depois dela, segue a melhor música gravada pela banda: “Foreplay / Long Time” mostra referências de rock progressivo de primeira linha em sua abertura, para depois culminar no AOR clássico, com riffs elétricos e acústicos que empolgam, vocal grudento, etc. Um musicaço!

As demais faixas do disco não deixam a peteca cair, entre as quais destaco a ótima “Hitch a Ride”, que tem uma levada mais roqueira. No todo, Boston é daqueles álbuns tão marcantes e competentes que ajudaram a criar um estilo e que influenciaram muita gente. Se o que veio depois é bom ou ruim, é outra conversa.

12 de set. de 2010

Dica do Xaxim: Mike Rutherford - Smallcreep's Day (1980)


Mike Rutherford é o “patinho feio” do Genesis. Nunca teve grande destaque como baixista na fase áurea do grupo ou como também guitarrista após a saída de Steve Hackett, quando a banda enveredou por um som mais pop, para o qual muita gente torce o nariz, o que não é meu caso. Acho que mesmo nesta fase foram gravados bons discos que contam com canções excelentes.

Embora eu não seja fã apenas da fase exclusivamente progressiva da banda e mesmo curtindo algumas das composições do baixista / guitarrista (como “Your Own Special Way” e “Man of Our Times”), confesso que até há pouco tempo não procurei ouvir seu trabalho solo. Conheço os trabalhos dos outros integrantes da banda em carreira solo (todos eles com altos e baixos, em minha opinião), conheço algo da banda paralela do Rutherford, o Mike + The Mechanics, mas nunca me interessei por pesquisar mais.

Meu amigo André, conhecido de longa data de fóruns sobre o Marillion (banda da qual somos fãs), me chamou recentemente a atenção para o primeiro disco do cara, Smallcreep’s Day, gravado em 1980. O disco confirma a vertente pop do Genesis e também mistura influências progressivas com um som mais acessível de muita qualidade. Cheio de boas melodias, o disco agrada do começo ao fim.

O disco conta com bons músicos, como Noel McCalla nos vocais e Simon Phillips nas baquetas, além de Anthony Phillips, primeiro guitarrista do Genesis, desta vez mostrando seus talentos nos teclados. O álbum contém cinco músicas individuais com a vertente pop citada (incluindo algumas baladas), entre as quais destaco “Romani”, (que caberia no bom álbum Wind and Wuthering, do Genesis) e “Overnight Job”(também mais elaborada e com algumas variações).

O grande charme do disco, entretanto, é a faixa-título, dividida em sete partes. Em linha com o som mais acessível que começava a ganhar espaço na época, a estrutura típica progressiva com trechos orquestrados torna a coisa ainda melhor, em que as partes funcionam bem tanto individualmente quanto no conjunto da obra. Entre as partes, merecem destaque a abertura “Between the Tick and the Tock”, a instrumental “Out Into the Daylight” e “At the End of the Day”, que encerra a obra de forma sublime.

Smallcreep’s Day se revelou uma grata surpresa ao misturar de forma eficiente pop, rock e progressivo. É daquelas surpresas que nos fazem ter certeza de que ainda há muita coisa boa a ser ouvida. Sem saudosismo ou preconceitos.

29 de ago. de 2010

Dica do Xaxim: La Máquina de Hacer Pájaros - La Máquina de Hacer Pájaros (1976)


Charly García é um dos grandes nomes da música contemporânea argentina. Compositor de mão cheia, ele teve suas músicas gravadas por muita gente, incluindo a rainha Mercedes Sosa. O que pouca gente sabe é que em meados da década de 70 ele montou um grupo de rock progressivo sinfônico chamado La Máquina de Hacer Pájaros.

O primeiro disco, que leva o mesmo nome da banda, foi lançado em 1976, e é um baita álbum. Ele tem montes de influências de rock progressivo dos bons, conta com ótimos músicos, apresenta músicas longas e curtas com variações e polifonias vocais com aquela típica levada destas bandas como charme, incluindo aí as letras em espanhol.

Mas talvez a característica que faça com que o disco seja tão bom é a fluidez natural com que a banda transita entre vários estilos, por vezes em uma mesma música. Trata-se daqueles discos em que se ouve uma música e se identifica claramente a influência (Genesis, Yes e Steely Dan me parecem as mais evidentes), mas a música vai mudando, vão se trocando as influências, vão se adicionando estilos (tem hard rock, um pouco de funk, um pouco de jazz), enfim, essa mistura faz com que a banda tenha personalidade própria.

O disco conta com sete músicas, todas bem legais. Minhas preferidas são “Boletos, Pases y Abonos” (com estilo mais elaborado) e “Rock and Roll” (com estilo mais simples e direto, embora tenha lá suas variações, todas elas deliciosas). Se quiser conferir um discaço da época de ouro do rock que seja um pouco diferente das bandas mais famosas, recomendo.

Até a próxima!

15 de ago. de 2010

Dica do Xaxim: Bacamarte - Depois do Fim (1983)


Imagino que os fãs brasileiros de progressivo conheçam bem o Bacamarte, e por isso relutei em escrever uma dica sobre eles. Entretanto, imagino que algum leitor que passe por aqui e que goste de outras vertentes do rock (às quais tenho dedicado mais espaço) pode não conhecer este bom disco que certamente está entre os melhores lançados por bandas daqui e que merece ser ouvido.

Então vamos lá. A banda foi formada no Rio de Janeiro em 1974, liderada por Mario Neto, multi-instrumentista e principal compositor. Após várias mudanças de formação ao longo dos anos, a banda ganhou algum destaque no começo da década de 80 graças à extinta Rádio Fluminense, que culminou na gravação e lançamento de Depois do Fim, em 1983.

Apesar de gravado na década de 80, quando o progressivo estava em declínio e os representantes do gênero miravam um público que ansiava por pop, este disco remete ao rock sinfônico da década anterior. E o resultado é muito bom. Os arranjos complexos estão presentes ao longo de todas as músicas, seja em momentos mais acústicos, com brilho realçado por flauta e por acordeão, seja em momentos em que o rock se faz presente, contando com boa cozinha rítmica e bons teclados.

A banda contou ainda com dois grandes destaques: primeiro, as guitarras com timbres graves e os violões do líder da banda; segundo, apesar de algumas faixas instrumentais, os vocais em português de Jane Duboc, cantora afinadíssima que depois viria a alcançar certo sucesso em carreira solo, abrilhantam o disco quando dão as caras.

Com relação às faixas, o grande destaque do disco para mim é “Último Entardecer”, um musicaço de nove minutos que sozinha vale o disco. Ela conta com arranjos sublimes e viajantes que casam perfeitamente com a ótima voz da vocalista, alternando lindas partes acústicas com outras em que a banda se mostra em toda sua plenitude, especialmente no solo de guitarra final.

Esta faixa em particular caberia em qualquer disco do Renaissance (e o fato de contar com um grande vocal feminino não é coincidência neste caso), com a diferença de que a banda brasileira adicionou também sons elétricos.

7 de ago. de 2010

Dica do Xaxim: Traffic - John Barleycorn Must Die (1970)


Traffic é uma das bandas do chamado segundo escalão que mais me agradam. É fato que muita gente já ouviu seus maiores sucessos ou já ouviu falar em Steve Winwood ou Jim Capaldi, até mesmo em Dave Mason ou Chris Wood, mas não são muitos os que procuram conhecer a banda de origem dos caras (ou da maioria deles, no caso desta dica) ou procuram conhecer mais coisas sobre a banda, o que é uma pena, porque eles foram ótimos.

Esses ingleses de Birmingham sempre primaram por ótimas melodias vocais e musicais, daquelas inspiradas. São várias as suas músicas que atingiram grande sucesso. Mas o que mais me impressiona é que a banda teve dois períodos bem distintos e ambos bem legais. O primeiro ocorreu no final da década de 60, quando a banda apresentava um rock psicodélico influenciado por folk; o segundo ocorreu no começo da década de 70, com predomínio de longas partes instrumentais com fortes influências de jazz.

John Barleycorn Must Die, lançado em 1970, é o disco de transição entre esses dois períodos, trazendo em um só álbum o melhor de cada fase. É difícil apontar um destaque do disco, já que todas suas faixas são bem legais. As que mais gosto são “Freedom Rider”, que aponta a mudança no som da banda com uso de sax (que viria a ser bastante utilizado nos discos seguintes), “John Barleycorn”, ótima faixa folk acústica com excelente uso de flauta, e “Every Mother's Son”, talvez a última grande faixa psicodélica gravada pela banda.

Esse início de mudança de rumo da banda para mim tem a ver com a saída do bom (mas temperamental) guitarrista Dave Mason, fato que deixaria muita banda perdidinha. Mas os três remanescentes resolveram seguir em frente e gravaram um disco ainda melhor que os anteriores e que tem como único defeito ser curto.

Por tudo isso, este é um daqueles discos que não me canso de ouvir. Aliás, deveria ouvi-lo mais vezes.

Até a próxima! ;-)

24 de jul. de 2010

Dica do Xaxim: Kevin Gilbert - The Shaming of the True (2000)


A dica da semana passada me fez recordar de outro jovem e promissor artista que infelizmente morreu muito cedo e com pouco reconhecimento. Kevin Gilbert é conhecido por alguns por ter namorado a cantora Sheryl Crow, tendo inclusive ajudado a compor boa parte de seu disco de estreia (o bom Tuesday Night Music Club), e por ter colaborado na engenharia de som de artistas como Madonna e Michael Jackson.

Em seu próprio trabalho, entretanto, a praia do cara foi o rock progressivo moderno misturado com rock/pop. Dono de um enorme talento para compor melodias efetivas pra lá de agradáveis, além de bom cantor e bom multi-instrumentista, ele gravou dois discos com a banda Giraffe (*) e outro com o Toy Matinee, que nunca tiveram sucesso comercial, apesar de bons discos. Além disso, participou da mixagem dos dois primeiros do Spock’s Beard, desenvolvendo especial amizade com o baterista Nick D’Virgilio.

Em 1995, ele gravou também um disco solo, o bom Thud, e morreu em 1996, quando contava apenas 29 anos. Quatro anos mais tarde, o baterista do Spock’s Beard foi convidado a finalizar as gravações do que seria seu segundo disco solo, The Shaming of the True. Mesmo com todos os vocais do compositor (que ficaram muito bons), nota-se que o baterista empenhou-se em engrandecer o nome de seu amigo, porque o resultado é um discaço, talvez o melhor disco póstumo que já ouvi.

O álbum é conceitual e gira em torno da estória de Johnny Virgil, um jovem e talentoso músico que conhece o sucesso de uma hora pra outra, quando começa a enfrentar os problemas de quem passa por este tipo de situação (exageros, frustrações, até mesmo raiva e vergonha). Apesar da temática sombria, o disco alterna de forma magistral momentos de empolgação do personagem com outros mais raivosos e outras baladas mais introspectivas, sempre mesclando elementos de progressivo com pop de muita qualidade.

Musicalmente, as influências de Genesis, Gentle Giant (em algumas polifonias vocais) e David Bowie são nítidas, mas é importante dizer que o disco tem uma personalidade própria e a mistura é diferente das influências citadas. O disco tem vários destaques, mas cito como minhas favoritas as faixas “Parade”, “Water Under the Bridge”, “The Way Back Home” (esta, em especial, seria destaque em qualquer disco do Genesis da década de 80 em diante) e “Johnny’s Last Song”, que mostra de forma magistral o ocaso de um artista que não se arrepende de ter conhecido o sucesso, cometido exageros, largado tudo e voltado para casa.

Infelizmente, isso não aonteceu com o próprio compositor, que não conheceu tamanho sucesso sabe-se lá por que e voltou pra sua casa mais cedo do que imaginava.

(*) Informação corrigida graças ao João Affonso, fãzaço do Kevin Gilbert e quem me indicou o disco já há bastante tempo. Valeu!

20 de jul. de 2010

Um ano!



Ontem o blog completou um ano de existência e hoje chegou a 1000 visitas!

É muito mais do que eu imaginava quando resolvi criá-lo. Agradeço a todos os que passaram por aqui!

Abraços,
Sergio

18 de jul. de 2010

Dica do Xaxim: Jeff Buckley - Grace (1994)


Um grande amigo me comentou nesta semana que cada pessoa tem uma relação de discos que você ouve volta e meia, com o mesmo prazer sempre, e sabe que vai ser assim pra vida toda. Nestas relações há discos que você parece gostar mais do que a média.

Fiquei pensando nisso enquanto ouvia alguns dos discos que constam na relação deste meu amigo. Enquanto montava a minha própria lista, me lembrei de um disco que não é tão desconhecido, mas que em minha opinião merece reconhecimento muito maior que o que já tem, perfeito para constar no blog.

Grace é o único disco de Jeff Buckley, filho do famoso Tim Buckley, bom cantor do fim da década de 60 / começo da década de 70. Lamentavelmente, Jeff morreu afogado na época em que seu segundo disco estava no forno. Apesar da curta carreira, seu legado musical é enorme, por dois motivos. Primeiro, porque ele era um cantor excepcional, com grande amplitude e ótima afinação, além de ótimo intérprete. Segundo, porque seu disco é muito, mas muito bom.

É difícil classificar o estilo musical desse legado, de tão eclético. O estilo que predomina é o rock, com certeza, apesar de incursões em outros estilos, como em “Hallelujah”, brilhante regravação da música de Leonard Cohen com uma performance soberba do vocalista, e “Lilac Wine”, uma daquelas músicas melancólicas que remetem ao começo do século passado, cantada de um jeito tão legal que caberia perfeitamente na voz do Freddie Mercury. Sim, o cara era bom desse jeito.

Dentro do rock, o estilo que predomina é o alternativo, e dos bons, dando lugar de vez em quando a trechos inspirados em blues. As estruturas são padronizadas, com refrões bem definidos, riffs marcados e algo repetitivos, sempre com bons arranjos, além de algumas variações realçadas pelos sempre ótimos vocais. O que chama a atenção é como o vocalista consegue transitar tão bem entre estilos melancólicos e/ou suaves e outros mais agressivos, às vezes em uma mesma música.

O grande destaque do disco, entretanto, é o rock / pop mostrado em toda sua plenitude em “Last Goodbye”. É daquelas músicas que grudam no ouvido, com um riff bacana e um vocal emocionante, variado na medida certa, perfeito. Apesar de não fechar o disco, o título é curioso dados os acontecimentos trágicos que vieram depois. Apesar de Grace ser o único e último adeus deste artista que tinha tudo para ser brilhante, seus resultados por si só justificam tal reconhecimento.

11 de jul. de 2010

Dica do Xaxim: The Gourishankar - 2nd Hands (2007)


Não sou lá grande fã de discos que misturam progressivo com fusion. Eles tendem a me enjoar na terceira ou quarta música, seja porque há algumas músicas intermináveis, seja porque os temas meio que se repetem, seja porque na maioria dos casos a virtuose se sobrepõe à melodia.

Isso não acontece com 2nd Hands, que como o nome sugere, é o segundo disco da banda russa The Gourishankar. Primeiro, porque o disco é equilibrado e o fusion se torna apenas uma influência ao ceder espaço ao rock progressivo moderno, e dos bons. Segundo, porque ao equilibrar os estilos, há mais espaço para melodias. E terceiro, os caras não deixam de mostrar virtuosismo em seus instrumentos.

O disco abre com a instrumental “Moon7”, que conta com dez minutos de duração, uma salada de estilos que varia os temas de forma frenética. Tem trechos pesados, outros “swingados”, outros mais melódicos em que os teclados se destacam, outros mais lentos com melodias sinfônicas lindas de se ouvir. A música é uma viagem, daquelas que prendem a atenção do início ao fim.

A fórmula se repete ao longo de todo o disco, com muitas variações de estilos em uma mesma música (até um curto trecho de reggae entra na jogada) e a adição de sons eletrônicos. Apesar dos vocais de Vlad MJ Whiner serem apenas razoáveis, as melodias vocais são agradáveis e não comprometem em nada o álbum.

Poucas faixas não são boas, mas estão longe de desagradar e mantêm o pique do disco durante toda sua duração. As que eu mais gosto são a já citada “Moon7” (que pode ser conferida na íntegra neste link), “Endless Drama”, “Syx” (esta também instrumental) e "...End".

Em resumo, 2nd Hands é um bom álbum que mostra uma banda madura, competente e criativa. Vale a pena ficar de olho nesses caras.

4 de jul. de 2010

Dica do Xaxim: Christina Booth - Broken Lives & Bleeding Hearts (2010)


Como já comentei, de vez em quando topo com um bom disco pop. Neste caso específico, a audição do primeiro disco solo lançado pela Christina Booth, vocalista da banda galesa Magenta, era obrigatória.

Escrevi na dica do disco de estreia do Parzivals Eye que achei muito boa a participação da vocalista, uma vez que a considero a melhor vocalista da atualidade. Ela tem uma voz pra lá de agradável e afinadíssima tanto em tons altos quanto em baixos, além de ser boa intérprete. Por isso, aguardei ansiosamente o lançamento de Broken Lives & Bleeding Hearts.

Eu já esperava por um disco pop, com muito pouco de rock e ainda menos de progressivo. Na verdade, ela já mostrou esse lado antes no disco do Trippa, sua primeira colaboração com o parceiro Rob Reed (tecladista e principal compositor do Magenta), que também ajuda na produção e nos teclados do primeiro disco solo da vocalista.

Responsável por todas as composições, ela se mostra muito segura ao longo de todo o disco, que apresenta estruturas simples em estilos variados, que vão de baladas acústicas ao pop/rock de rádio, passando por músicas com batidas mais eletrônicas, por vezes até dançantes. Como destaques, cito a faixa de abertura, “Free”, que tem uma melodia daquelas que grudam na cabeça, “Hanging by a Thread”, que tem um swing muito legal, e a versão eletrônica de “Deep Oceans”, que encerra o disco.

Em seu disco solo, Christina Booth se afirma como uma grande intérprete. Além da bela voz, me impressiona o fato de que ela se sai muito bem em estilos tão diversos como o pop eletrônico dançante e o rock progressivo. Enfim, é uma vocalista de mão cheia que certamente merece reconhecimento muito maior que o que tem.

Até!

Nova categoria


Diferentemente do ano passado, em que postei uma série de dicas restrita aos melhores do ano, desta vez resolvi criar uma nova categoria chamada “Melhores de 2010”, e que começará a ser postada em breve.

O motivo pelo qual não tenho postado dicas de bons discos de rock progressivo lançados recentemente, infelizmente, se deve também ao fato de que não tenho ouvido muitos bons discos lançados neste ano.

De qualquer forma, resolvi criar a nova categoria para facilitar a procura e para poder postar outras dicas de bons discos, sem a necessidade de reservar uma série ininterrupta de postagens. Em outras palavras, como escrevi desde o primeiro post, não quero que este blog tenha compromissos ou regras.

Dito isso, daqui a pouco publico outra dica. ;-)

Abraços!

13 de jun. de 2010

Dica do Xaxim: Nexus - Metanoia (2001)


Tem muita banda por aí que procura fazer um som progressivo mais tradicional, o que bem ou mal mantém o gênero vivo. Entendo que estas bandas, mesmo que no geral desconhecidas, acabam fazendo com que mais pessoas gostem deste tipo de música, uma vez que tem gente que não houve os clássicos dos anos 70 por considerá-los coisa de museu.

Entretanto, não são muitas as bandas que são bem-sucedidas em fazer um som fortemente calcado nos clássicos. Há exemplos de bons grupos que o fazem com competência (e que serão indicadas por aqui), mas que quase sempre acabam soando muito parecidas com os originais. Sobram umas poucas bandas que misturam influências de várias bandas de forma bem-feita e que por isso me agradam mais.

É o caso dos argentinos do Nexus. Em seu disco Metanoia, gravado em 2001, a banda mostra um leque respeitável de influências, que vão de Pink Floyd a Genesis, passando por Emerson, Lake & Palmer e Yes. Além de não soar exatamente como as bandas citadas, a banda apresenta bons arranjos sinfônicos e outros trechos mais agitados.

O disco, com letras em espanhol, apresenta músicas com teclados proeminentes, com a adição não exagerada de efeitos eletrônicos e mesclando bem timbres mais clássicos com outros mais modernos. As guitarras seguem mais ou menos a mesma linha, também mesclando timbres e efeitos. Por fim, a cozinha rítmica é competente, especialmente o baixista Daniel Ianniruberto.

As músicas mais longas têm aquelas variações típicas dos anos 70, com trechos instrumentais bem legais. Mas o álbum também conta com a boa vocalista Mariela Gonzalez, que se destaca mais pela voz potente. Mas que não compromete em trechos polifônicos ou mais delicados.

Os destaques do disco vão para “Despertar Dentro de un Sueño” e “La Tentación del Mundo”, uma boa balada com a melhor performance da vocalista.

Até a próxima!

3 de jun. de 2010

Dica do Xaxim: Peter Frampton - Thank You Mr. Churchill (2010)


Conforme comentei há algum tempo, as Dicas do Xaxim incluirão bons discos de artistas que não são tão famosos assim. Ao ouvir o novo disco do Peter Frampton, hoje menos famoso, achei que seria uma boa opção para começar, até para mais gente ficar sabendo que ele lançou um novo trabalho.

Thank You Mr. Churchill mostra o guitarrista / vocalista retornando ao rock básico, com menor ênfase nas baladas que foram as maiores responsáveis por torná-lo famoso. A maioria das músicas apresenta bons solos de guitarra, sempre acompanhados de vocais que se não são acima da média, também não fazem feio.

Há também um ou outro momento em que ele arrisca outros estilos, como o blues em “Suit Liberté”. Mas os melhores momentos do disco são mesmo aqueles em que o rock rola solto, como em “I’m Due a You” e “Road to the Sun”.

Embora não traga novidades em estilo, trata-se de um disco honesto deste artista que é acima da média, mostrando um som maduro e que agrada a quem curte um bom rock básico.

15 de mai. de 2010

Dica do Xaxim: Unitopia - More Than a Dream (2005)


Gosto da maioria das bandas australianas que ouvi. Em comum, acho que os caras fazem um som alto astral, legal de ouvir. Sejam as mais famosas, como INXS ou AC/DC, sejam outras não tão conhecidas, como Hoodoo Gurus ou Bad Animals, ou progressivas, como o Sebastian Hardie.

É o caso da banda Unitopia, que vem gravando música de qualidade e ganhando reconhecimento a cada dia que passa. Nada mais merecido. Os dois principais compositores, Sean Timms (teclados) e Mark Trueack (vocais), são muito antenados com temas da atualiade, além de serem músicos muito competentes. O vocalista, com um timbre de voz grave que por vezes lembra o do Peter Gabriel, é um ótimo cantor.

Seu disco de estreia, More Than a Dream, lançado em 2005, é bem legal. A banda faz um som com tendências progressivas, misturando pop/rock e world music com bons resultados na maioria de suas músicas. Muito bem produzido, o álbum apresenta ótimos arranjos com um som moderno que combina muito bem as tendências citadas com um ou outro trecho mais sinfônico (orquestrado ou com metais) e outros um pouco mais distorcidos.

Os destaques ficam para as faixas mais longas, “Justify”, “Take Good Care” e “Slow Down”. As faixas mais curtas também são boas, em especial a que dá nome ao álbum. Como resultado, este disco acima da média chamou a atenção da InsideOut, gravadora conhecida no meio do rock progressivo, e a banda passou a ganhar maior reconhecimento. Mas essa será outra dica... ;-)

2 de mai. de 2010

Dica do Xaxim: Neal Morse - Neal Morse (1999)


Você que já ouviu o Spock’s Beard, em minha opinião a melhor banda de rock progressivo dos anos 90, provavelmente sabe que Neal Morse, o fantástico multi-instrumentista, vocalista e gênio criador da banda, deu uma de Peter Gabriel e resolveu abandonar o grupo em seu auge para se dedicar à carreira solo, neste caso em particular, baseada em sua fé religiosa.

O que você talvez não saiba é que Testimony, o cultuado álbum duplo lançado após sua saída da banda, não é seu primeiro disco solo. Ainda no Spock’s Beard ele gravou dois discos com estilos parecidos, que lembram apenas em alguns momentos o rock progressivo fantástico que fazia com sua banda. Os dois discos são bem legais, mas meu preferido é o primeiro deles, chamado simplesmente de Neal Morse e lançado em 1999.

Fica clara a intenção do artista, neste disco também baixista e baterista (apenas na primeira faixa), de se afastar um pouco do som progressivo fortemente calcado nas bandas sinfônicas dos anos 70 e lançar uma coleção de canções rock/pop. O grande charme do disco é que fica claro que o trabalho é descompromissado, com algumas canções que chegam a ser até bobinhas, mas sempre com ótimas melodias vocais que grudam no ouvido.

Embora eu não ache o Morse um grande cantor, a voz dele se apresenta como sempre muito agradável e carismática, o que também faz esse disco se destacar das baboseiras pasteurizadas que ouvimos por aí. O grande destaque do disco é a suíte “A Whole Nother Trip”, momento mais progressivo do disco, mas isso não é o mais importante. Mesmo com uma ou outra faixa dispensável, trata-se de um disco honesto, com uma proposta simples e sincera, ideal para se ouvir curtindo uma estrada.

25 de abr. de 2010

Dica do Xaxim: Jebo - Sinking Without You (2006)


Às vezes curto uma pausa no progressivo para ouvir um som mais básico. Desde moleque ouço as bandas clássicas de hard rock dos anos 70 e sempre pensei que aquilo era som de qualidade; quem fizesse outra coisa não tava com nada. Fato é que a gente vai ficando mais velho (e quero crer, mais maduro) e ampliando os horizontes.

Já faz algum tempo tenho procurado conhecer bandas que fazem um rock/pop honesto, mais básico, mas com personalidade. Há montes de bandas por aí que fazem esse tipo de som, mas a indústria da música pasteuriza tanto os caras em nome do sucesso comercial rápido que fica difícil encontrar bandas com personalidade, que fazem esse tipo de som porque querem fazê-lo e ponto. Uma delas é o Jebo.

Não há muita informação sobre eles por aí. Pelo que pude descobrir, o quinteto é inglês e lançou seu disco de estreia, Sinking Without You, em 2006. O álbum apresenta 11 faixas, variando entre rock/pop alto astral (que lembram os melhores momentos do Goo Goo Dolls), músicas mais sérias (que lembram o Live) além de uma ou outra balada das não melosas, sempre mostrando timbres típicos das bandas mais modernas (mas sem grandes distorções nas guitarras) e algum ou outro momento com órgão, o que dá um charme ao disco.

Todos os músicos são bons, com arranjos que distribuem os instrumentos na medida certa. Mas quem se destaca mesmo é o vocalista James Hollingsworth, que tem uma voz correta, com bom alcance e que não desafina, além de interpretar as músicas com certo carisma, o que o torna acima da média.

Sobre as músicas, minhas preferidas são a faixa título que abre o disco, “Nowhere Left to Hide”, “Lighthouse”, “Sand” e “The Waiting”.

A banda acabou de lançar seu segundo disco, mas com um novo vocalista. A conferir.

24 de abr. de 2010

Dica do Xaxim: Magic Pie - Circus of Life (2007)


Antes de retomar as dicas sobre discos menos conhecidos de bandas mais famosas ou de bons discos de bandas que não são tão famosas assim, resolvi escrever mais uma dica de uma banda escandinava.

Circus of Life, lançado em 2007, é o segundo disco da banda norueguesa Magic Pie. E é um baita disco de rock progressivo. Como é marca registrada das melhores bandas daquela região, o estilo remete a um progressivo sinfônico tradicional, com pitadas de hard rock. Essa mescla é muitas vezes bem-sucedida, e é o caso deste ótimo disco.

O álbum abre com a faixa-título, dividida em cinco partes que totalizam 45 minutos de duração. Eu tenho algumas restrições a músicas muito longas, dado que vez por outra elas perdem um pouco de objetividade, mas neste caso as partes são bem divididas, funcionando bem tanto individualmente quanto no conjunto da obra. A melhor destas partes é justamente a maior delas: a quarta, chamada “Trick of the Mind”, que apresenta ótimas variações e que sozinha dura quase 22 minutos.

As últimas duas faixas, “Pointless Masquerade” e “ Watching the Waters”, também são bem legais. A primeira lembra um pouco de Yes, mas é melhor que a grande maioria das músicas que a banda gravou em seus últimos discos. A segunda não é tão impactante, mas também não faz feio.

Até a próxima!

10 de abr. de 2010

Dicas de sites


Oi, pessoal,

quero recomendar dois bons endereços dedicados ao rock progressivo com textos em português.

O site ProgShine, cria do Diego Camargo, apresenta notícias e atualizações constantes sobre várias vertentes do rock progressivo, inclusive o nacional, além de apresentar resenhas e entrevistas, entre outras coisas. O trabalho dele é muito bacana!

Já o ProgBrasil é um trabalho coletivo e tem maior enfoque em resenhas, mas também apresenta notícias e artigos, que podem ser escritos por qualquer membro cadastrado no forum do grupo. Tem muita gente por lá que conhece muita coisa de progressivo.

O Gibran Felippe, um dos membros do forum, gentilmente disponibilizou o espaço para que algumas das dicas do blog sejam publicadas também por lá.

Os links para as duas páginas estão na seção ao lado direito. Acessem e participem!

Abraços!

4 de abr. de 2010

Saudades


Ontem minha sogra nos deixou. Ela resistiu bravamente a vários problemas de saúde, e certamente não queria ir embora.

Tudo o que tenho a dizer a ela é "obrigado". Afinal, sem ela minha esposa não estaria por aqui. A missão de seguir adiante para nós que ficamos não é fácil, mas tem de ser cumprida.

E quanto a ela não querer ir, tenho a convicção de que ela está em algum lugar se divertindo muito, assim como fez em vida.

Dona Alice, vamos sentir saudades...

2 de abr. de 2010

Dica do Xaxim: Elton John - Tumbleweed Connection (1970)


Resolvi escrever também sobre bandas famosas que não são consideradas do primeiro escalão, ou sobre bons discos menos conhecidos de artistas do primeiro escalão. Ambos os casos se encaixam perfeitamente no objetivo do blog.

Começarei pelo último caso. Muita gente conhece Elton John. Dentre estes, boa parte sabe que seus discos da década de 70 nada tinham das baladas melosas que ele passou a gravar depois. Muita gente comenta sobre seu disco mais famoso, o ótimo Goodbye Yellow Brick Road. Um número menor elogia Madman Across the Water e Captain Fantastic and the Brown Dirt Cowboy, que também são muito bons. Mas pouca gente fala sobre Tumbleweed Connection, o que é uma baita injustiça.

Para começar, este disco é anterior aos álbuns citados acima. Mas o que o torna tão bom é o fato de que sua proposta é a mais ousada de todos eles. Elton John começava a se firmar como artista diferenciado. Junto com seu parceiro Bernie Tauppin, resolveram gravar um disco inspirado em histórias do oeste americano. Acertaram em cheio!

O resultado é um ótimo disco de country rock com pitadas do som de Nova Orleans, tudo isso gravado por um inglês! Além do som típico americano, a viagem apresenta passagens maravilhosas com aquelas melodias típicas da dupla, como em “Ballad of a Well-Known Gun”, “Country Comfort”, "Son of Your Father" e “My Father’s Gun”, para ficar apenas em alguns exemplos.

Enfim, uma obra-prima que merece reconhecimento maior que o que tem!

Até a próxima!

13 de mar. de 2010

Dica do Xaxim: Conqueror - 74 Giorni (2007)


Percebi que até agora não escrevi nenhuma dica de disco do segundo maior berço do rock progressivo, a Itália. Hora de corrigir isso.

Resolvi começar por outra banda não muito conhecida. O Conqueror, vindo de Messina, foi criado pelo baterista Natale Russo. Competente nas baquetas, sua ideia foi a de criar um grupo que toca rock progressivo suave, mas não pop. Para tanto arrumou como principal parceira a vocalista e tecladista Simona Rigano, que não é excepcional, mas tem uma bonita voz.

Todos os três discos da banda são bons, mas o último, 74 Giorni, é o mais consistente deles. Contando também com Sabrina Rigano nos instrumentos de sopro (sim, ela é irmã de Simona), que agregam complexidade aos arranjos, o disco conceitual apresenta 13 faixas inspiradas na história verídica de Ambrogio Fogar e Mauro Mancini (em 1978, a dupla embarcou numa viagem para circunavegar a Antártida, mas o barco se chocou com uma baleia e os dois ficaram no mar por 74 dias antes de serem resgatados).

Além de contar com os instrumentos de sopro, o disco alterna algumas passagens mais roqueiras, embora a suavidade e a beleza dos arranjos continuem sendo as principais características da banda. 74 Giorni é um disco acima da média, daqueles que apresentam um conceito interessante e que não tem maus momentos, com um estilo que certamente pode agradar aos fãs de música em geral.

6 de mar. de 2010

Dica do Xaxim: Ebbandflow - The Mask (2007)


Provavelmente esta é a dica mais obscura que escrevo até agora. Ebbandflow é uma banda de Barcelona, uma das cidades mais legais que tive o prazer de conhecer, que está em um local com clima privilegiado e que respira cultura por todos os cantos. Por isso, não fiquei muito surpreso quando soube que esta ótima banda vem de lá.

Por que classifico esta banda como obscura? Bom, não há muita informação sobre eles por aí. Parece ser uma banda local, que faz seus shows na região. Mas é daquelas bandas muito especiais, que faz um pop/rock com ótimos arranjos que mesclam instrumentos acústicos (incluindo metais sem exageros) e elétricos, com várias influências de world music e smooth jazz e algumas pequenas doses de rock progressivo.

O resultado impressiona em The Mask, seu último trabalho. A banda apresenta música de muita qualidade que, tenho certeza, agrada à grande maioria das pessoas, independentemente de seus gostos musicais. Trata-se, portanto, de uma banda que atingiu resultados que considero excepcionais. Além das características já citadas, esta ótima banda conta com uma grande vocalista, Edna Sey, além de arranjos vocais polifônicos de muito bom gosto.

Os destaques do disco são a faixa de abertura, "Through All This Rain", que apresenta uma batida complexa e alto-astral com várias partes instrumentais variadas, além da faixa-título, dividida em três partes que totalizam 19 minutos maravilhosos.

É uma pena que um disco tão bom seja tão desconhecido. Se quiser ouvir trechos do disco, basta acessar este link

Até!

28 de fev. de 2010

Comentários


Oi, pessoal,

é muito legal ver alguns comentários que surgem vez ou outra no blog! Comentem mais, é também por isso que as dicas do Xaxim são publicadas!

Por isso, agradeço a participação do Eduardo e do Leo!

E não se acanhem em discordar do que escrevo... ;-)

Abraços!

16 de fev. de 2010

Dica do Xaxim: Jeavestone - Spices, Species and Poetry Petrol (2008)


Jeavestone é um quinteto finlandês que lançou em 2008 seu segundo disco, Spices, Species and Poetry Petrol. O título curioso já é uma dica do som que esses caras fazem, uma vez que algumas músicas também têm nomes que seguem a mesma linha, como “Quela Puente!” e “The Power of Swankle(™)”.

O disco em alguns momentos me lembra o Queen no começo da carreira ou o Led Zeppelin, mas não se restringe a isso. Há momentos com alguns riffs mais pesados, momentos mais calmos, muitas variações de estilos e timbres (com direito até a flauta em momentos folk), além de uma boa dose de senso de humor em algumas faixas.

O que mais chama a atenção é que mesmo com todas essas variações não se tem a impressão de que os caras estão atirando pra todos os lados. Pelo contrário, dá pra notar uma banda inquieta e eclética que tem muita competência e nenhum medo de experimentar.

Há uma ou outra faixa mais comum, mas que não comprometem a obra como um todo. Como destaques, cito “The Plastic Landscaper” (uma paulada na moringa), “I’d Be Your Weakness” (a citada balada, muito bonita), “Your Turn to Run” e “Innocence - Voices of the Shadows - The Relief”.

Até a próxima!

22 de jan. de 2010

Dica do Xaxim: Tilt - Million Dollar Wound (2009)


Tilt é o nome de um novo projeto inglês com caras que tocaram em diversas bandas como Simple Minds e Stiltskin. Todos os integrantes, entretanto, tocaram com o Fish, juntos ou em diferentes momentos, fato que chamou minha atenção para a banda. No ano passado, esses caras resolveram montar um projeto, chamar alguns vocalistas e guitarristas pra ajudar, e lançar um EP.

O resultado é Million Dollar Wound, composto de cinco faixas que totalizam meia hora. Pena que é tão curto. O disco tem algumas influências progressivas, mas a tônica é o rock moderno que mistura vários estilos (entra até blues na jogada), exceto por não utilizar guitarras distorcidas (o que me agrada).

A seqüência de faixas alterna momentos mais agitados com outros mais “viajantes”. O uso de vocalistas diferentes em cada música (um cara que não compromete e duas moças que mandam bem) torna a coisa ainda mais interessante.

O destaque do disco pra mim é a segunda faixa, “Long Gone”. A única crítica que faço é que algumas faixas terminam de forma abrupta, o que podia ser melhor trabalhado. De qualquer forma, seria ótimo ver os caras lançando um disco inteiro.

Se quiser conferir, é só acessar a página da banda no MySpace.

Abraços!